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A nova prece dos bárbaros

Jean-François Mattéi

A Barbárie Interior

Escutemos por um instante o canto do bárbaro satisfeito que se dirige a seu deserto interior.

“A estratégia do vazio”, “a atomização”, “a apatia frívola”, “a dessubstancialização”, “a liquefação”, a “dissolução”, a “subjetividade total sem finalidade nem sentido”, “o grau zero do social”, “o recolhimento confortável em nosso gueto íntimo”, “o narcisismo caminhando junto com relações humanas cada vez mais bárbaras e conflituosas”, “a decadência da intersubjetividade”, o ” sentimento do vazio interior”, a “cultura radicalmente individualista e que vai até o fim, suicida, no fundo”, “a ruptura da personalidade”, a “fragmentação desarmoniosa do eu”, sem esquecer a confusão das palavras bárbaras” dos comics americanos (Chnaf! Plomp! Ghuuhugrptch! Rrwak! etc), o “processo de erradicação dos modelos transcendentes”, as “violências selvagens”, o “efeito hard” que é o correlativo da “ordem cool”, “as tendências à autodestruição” de uma “era narcisista ainda mais suicidógena do que a era autoritária”, a “liquefação do desejo de aniquilamento”, “a violência hard, desencantada”…

Essas são algumas das estrofes da Nova Prece do bárbaro, não mais sobre a Acrópole, mas sobre as ruínas do que foi outrora uma civilização. Por trás desse caleidoscópio glacial de imagens autodestrutivas, ouve-se o mesmo baixo contínuo, subterrâneo, moribundo.

O Sujeito moderno, devastado, arrebentado, aniquilado, encontra-se num estado de afastamento de toda forma de organização, instituição ou pensamento. Só existe o vazio, real ou virtual, em torno do qual gira, na eternidade de um instante fugaz, a constelação destrutiva do sujeito: “deixamos de nos reconhecer na obrigação de viver para outra coisa que não nós mesmos”.

Estamos totalmente imersos na barbárie do sujeito, que bestificado na frente do espelho, só consegue balbuciar sua própria imagem.

p. 163-164.


Arquivado em:Cultura


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