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Guidismo.

Se perguntassem pra vocês qual é a origem das guias ou escoteiras, qual seria a resposta? Provavelmente boa parte de vocês diria que foi naquele Rally (com era chamado um “Jamboree”) realizado em setembro de 1909, em que Baden-Powell se encontrou com uma patrulha escoteira formada por meninas e, desde então, assumiu a responsabilidade de formatar um movimento para elas.

Há variações dessa versão que atestam que Baden-Powell era contrário à inclusão de garotas, temendo que pudessem tomar conta do movimento e fechando, portanto, os olhos a uma possibilidade de participação delas em um método escrito exclusivamente para meninos.

Apesar de que essa atitude do fundador poderia ser normal para a cultura e mentalidade masculina à época, inclusive tendo Baden-Powell escrito algo sobre “como lidar com a histeria de uma mulher” em um dos seus livros, a versão de que o B.-P. teria começado a pensar em coeducação apenas depois da intervenção daquela patrulha feminina não é bem verdadeira.

Isso pode ser comprovado pelo excelente trabalho realizado por Tim Jeal, autoridade quando o assunto é biografia de eduardianos e vitorianos.

De fato, já em 1907, em um de seus primeiros panfletos sobre o “Programa para os Escoteiros”, Baden-Powell descreveu o escotismo como uma “organização atrativa e útil para a educação de meninas”.

Na revista “The Scout” de maio de 1908 (recém-publicados os fascículos do “Escotismo para Rapazes), B.-P. faz uma pergunta retórica: as garotas podem ser escoteiras? Ele mesmo responde:

Acredito que as meninas podem obter do escotismo tanta diversão como os meninos…e demonstrar que podem ser escoteiras em muito pouco tempo.

Este pensamento também faz parte de um livro chamado “Histórias para Escoteiros” (pág. 9), publicado em 1909 e sem edição brasileira – a edição em inglês está no rodapé deste artigo. Dizia ele, também em 1908, que recebia muitas cartas de meninas em que elas perguntavam se poderiam usufruir da vida escoteira com os garotos.

Claro que sim! Sempre fico contente quando escuto que patrulhas femininas foram formadas.

A verdade é que, desde aqueles primórdios, B.-P. quis um programa idêntico para ambos os sexos. Para ele, era natural pensar que se o escotismo desenvolvia o caráter e a cidadania em garotos, também faria o mesmo com as garotas. Na sua concepção, a superproteção feminina, em muitos âmbitos, as debilitava. Sempre foi contrário a que as tratassem como “bonecas”, atitude habitual na época.

No entanto, teve que lutar contra os receios sociais de que o programa escoteiro pudesse “embrutecer as jovens senhoritas” e, por isso, decidiu adaptá-lo. A princípio, Baden-Powell queria que a base fosse o Escotismo para Rapazes – e, inclusive, chegou a descrever um uniforme específico para as garotas, de cor azul, na segunda edição do livro. Mas depois de receber a opinião de sua mãe, que acreditava que o programa poderia ser pouco adequado para as meninas, decidiu desenvolver um outro conteúdo, com uma outra denominação e em uma organização diferente. É interessante lembrar que Baden-Powell apreciava sua mãe, Henrietta Grace Baden-Powell, e muitas vezes recorreu a ela para pedir suas opiniões.

Desta maneira, nasceu o “escotismo para garotas”, no verão de 1909. O programa foi publicado em novembro, na Gazeta Diretiva. O objetivo era “educar as meninas para que fossem melhores mães e escoteiras para a próxima geração”, buscando suavizar as atividades para eliminar esse “medo” que o programa pudesse transformar as “delicadas senhoritas” em pequenos garotos, mas oferecendo algo atrativo o suficiente para chamar a atenção de meninas da periferia e contribuir com sua educação.

Reparem que, apesar de um pensamento progressista diante da cultura daquele momento, um programa desenhado para que “meninas sejam boas companheiras de seus maridos e ótimas mães” já não é tolerável, como fim, nos dias de hoje.

Como ainda não havia deixado o exército, Baden-Powell era incapaz de dedicar seu tempo à formação de uma nova organização. Por isso, sugeriu que as guias dessem seus primeiros passos em alguma das instituições de ajuda voluntária, como a Cruz Vermelha.

Mas logo abandonaria definitivamente o exército e, dispondo de mais tempo, dedicou-se a organizar as “Escoteiras” ele mesmo. A experiência com os escoteiros formando parte de outras organizações, como a Boy’s Brigade, não havia oferecido bons resultado e B.-P. não queria que as escoteiras sofressem a mesma sorte.

Assim, o fundador conseguiu que as 6.000 meninas que já formavam parte do movimento escoteiro adotassem o novo nome (Girl Guides) – a bem da verdade, o fizeram a contragosto.

B.-P. pediu para sua irmã, Agnes, que fizesse parte da nova Direção. Agnes atendeu ao pedido, o que significou um alívio para Baden-Powell, já que evitou as críticas de que ele não entendia que “as meninas não são como os meninos”. Agnes e B.-P. desenvolveram o “Manual para as meninas escoteiras” ou “Como as meninas podem ajudar a construir o Império”, em 1912.

Com o tempo, Agnes passou a ter um papel bastante secundário a favor de Olave. Mas essa é uma outra história…

Esse texto é uma adaptação do artigo publicado no excelente blog “La Roca del Consejo”.

  • Histórias para Escoteiros (em inglês)



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