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O fim


A pior coisa no fim de um relacionamento é quando não se encontra culpados. Difícil é explicar que o amor simplesmente acabou. Ou pior, ainda há amor, mas falta algo, e esse algo faz mais barulho do que o som do amor. 
Por isso estava o casal conversando sobre coisas da vida, e de repente ela diz:

- Precisamos conversar?
- Sobre o que?

- Sobre meus sentimentos...

- Diga meu amor!

- Eu não te amo mais!

Nem todos tiveram a infelicidade de ouvir essa frase, mas todos que ouviram, imediatamente perguntam:

- Por quê? O que eu fiz de errado, onde falhei?

Pergunta idiota e absolutamente desnecessária, apesar da necessidade de se tentar compreender como algo que parecia tão intenso até agora a pouco, acabou do nada. Mas é desnecessária por que quem deixa de amar, simplesmente, deixa de amar. Sem muitas filosofias por trás disso.  Claro, há situações que alguém deu razão ao fim, mas não é esse caso. É como se a pessoa acordasse não amando mais o outro.

- Eu não sei por que, mas só sei que acabou. Não sinto mais a mesma coisa por você. Não sei o que aconteceu. Hoje eu acordei não te amando mais.

- Mas isso não é possível! É meu perfume, minhas roupas, minhas manias, é a rotina? Como assim você não me ama mais?

- Tá bom. Eu te amo. Mas não como antes. É diferente. Sinto que falta alguma coisa entre nós.

“Falta alguma coisa entre nós” que tipo de resposta cretina é essa. Quando se chega nesse momento é hora de parar de perguntar. Pois se está a poucas frases de se sentir a pessoa mais impotente do mundo.

- Mais o que está faltando?

- EU NÃO SEI!

- Como não sabe?

- Simplesmente não sei.

O que fazer para solucionar um problema que na verdade não se sabe qual é. Não há solução para o “não sei”. Não há como consertar se não se sabe onde está quebrado. Não há como fazer surgir amor aonde não tem. Não há o que ser feito, apenas aceitar.

Ela se levantou e falou as frases clichês de misericórdia e piedade:

- Nosso relacionamento acabou, mas podemos ser amigos. Tenho uma grande consideração por você, espero que encontre alguém que te merece e te faça feliz.

Ouvir frases do tipo transforma qualquer pessoa de bem em um potencial homicida. “Amigos? Consideração? Encontrar alguém? Que merda é essa?”. Nesse momento da conversa inicia a fase deprimente. Ele começa a chorar.

- Não chore meu bem -. Diz ela tocando o rosto dele de forma cruelmente delicada. E continua – A culpa não é sua, é minha!

- A culpa é sua e eu que estou sofrendo. É você que está terminando comigo. A culpa é sua e eu estou sendo punido.

- Está sendo mais difícil pra você do que pra mim meu amor.

Quando se percebe que realmente acabou, que não tem mais jeito, o jeito é apelar para as promessas incumpríveis. “Eu faço o que você quiser! Eu prometo que vou mudar – apesar de não saber o que exatamente -! Eu prometo ser melhor! Mais não me deixe! eu te amo!”

Isso é lastimável!

- Desculpe meu bem, mas não dá mais. Não insista. Eu preciso ir embora!

Já de pé, ela se vira para porta e vai embora, mas não sem antes olhar seu recém ex-namorado chorando inconsolavelmente sozinho no sofá. Ela sai e fecha a porta atrás dela.

Ela vai embora, ele fica. Ela se diz culpada, ele chora. Ele a ama, ela não o ama mais.
Mais clichê do que tudo o que ela disse, é ele ir ao bar beber como se fosse o último dia da sua vida para tentar esquecer a dor ou fazê-la aumentar exponencialmente. Claro, na companhia de amigos tão bêbados quanto ele.

Um deles aconselha:

- Amigo, da próxima vez que alguém te falar “Eu não te amo mais!”,  feche os olhos, pense em tudo que viveram juntos e diga de todo coração: “Então foda-se!”, se levante e vá embora. 


Bruno Nasser



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