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Será?

Tags: rebeca jonas

Jonas já havia de todas as formas tentando chamar a atenção de Rebeca, porém, sem sucesso. Já mandou flores, cartas, chocolates. Era o primeiro dar os parabéns na data do aniversário, sempre comentava uma roupa nova, penteado novo, até a cor do esmalte das unhas de Rebeca, ele reparava e sempre comentava.

Jonas tirava notas baixas na escola, não conseguia se concentrar em muitas outras coisas. Tinha uma boa memória, mas tinha medo de esquecer-se de algum pequeno detalhe sobre Rebeca. Preferia deixar sua mente totalmente voltada para ela. 


De nada adiantava saber tudo sobre Rebeca, que sempre parecia inabalável às investidas de Jonas. 
Quase entrando em quadro de insanidade, mas não era a possibilidade de ela negar seu amor que o deixava louco, mas sim o fato de não saber se ela se importava ou não. Ele morria por dentro. 
A cada coisa nova que fazia para chamar a atenção de Rebeca, ela simplesmente parecia ignorar.

Uma vez ficou tão desesperado que foi atrás dela, a puxou pelo braço e falou com a voz meio embargada: “Pelo menos um não! Se você não me quer pelo menos tenha a decência de me dizer!”. Como sempre aconteceu, ela deu uma resposta lacunativa, se desvencilhou de Jonas e foi embora. Sem dizer que sim ou que não.

Nessa noite Jonas ficou se perguntando mil coisas, já que Rebeca não respondia nenhuma delas:
"Será que ela está pensando em mim?
Será que ela liga para as coisas que eu digo?
Será que eu sou importante para ela?
Será que ela se importa com o que eu sinto?
Será que a minha existência causa algum efeito naquela mulher que parece ser feita de gelo?
Será que se eu morrer ela vai sentir minha falta, vai chorar por mim, sentir minha falta?”

Jonas então teve uma ideia e elaborou um plano que poderia mostrar definitivamente se ela se importava com ele ou não.

No dia seguinte foi para escola, mas não entrou na sala. Foi para o telhado com seus livros e levou também um pouco de comida e uma garrafinha de água, afinal não sabia quanto tempo iria ficar lá encima. Poderia sentir fome e sede.

Passou grande parte do tempo lendo e pensando em Rebeca. As horas passavam e nada da hora de colocar o plano em pratica chegar. Jonas estava ansioso, queria saber logo a resposta que tanto procurava. Comeu toda comida, não por fome, mas por ansiedade e nervosismo.

Levantou-se e começou a andar de um lado para o outro, até que avistou Rebeca ao longe, saindo pela porta principal do prédio anexo da escola. Ele suava frio. Estava tão tenso que mal conseguia formular frases em pensamento.

Subiu no parapeito do telhado e esperou Rebeca se aproximar.

Quando ela estava bem perto ao prédio onde ele estava, Jonas se jogou sem pensar, respirar ou tomar impulso. Jogou-se como se tivesse indo salvar sua amada de um afogamento. Como se o maior tesouro da sua vida estivesse lá embaixo. E estava.
Entre o telhado e o chão Jonas apenas pensava na resposta de Rebeca.

Com um barulho seco Jonas caiu no pátio da escola e rapidamente as pessoas começaram a se juntar em torno dele. Incapaz de se mover, seu olhar tentava driblar a multidão formada de alunos, professores, pais, inspetores. Ele apenas procurava por Rebeca.


Com a visão já ficando turva, começou a silenciosamente se desesperar por não ver Rebeca no meio de todas aquelas pessoas. Uma lágrima caiu dos seus olhos e se misturou ao sangue que ganhava lentamente espaço no chão da escola.

Rebeca estava lá e, como qualquer outro curioso, tentava se aproximar do que todos estavam tentando ver. Ela não sabia que Jonas havia se jogado do telhado. Quando conseguiu vencer aquele mundo de espectadores da agonia de Jonas, ao vê-lo ficou em choque. Estática.

Jonas estava presente na terra apenas por um fio de vida, talvez pela força de vontade de saber se rebeca se importava ou não com que ele sentia por ela. Não demorou muito e conseguiu ver Rebeca se aproximar. Quase não mais respirando, soltou um leve grunhido indecifrável. Qual deve ter sido o esforço dele para soltar esse som. Olhou fixamente bem nos olhos Receba,  com um olhar arregalado esperando a resposta da pergunta que ela já sabia qual era.

Jonas estava ali, no chão do pátio da escola, lhe restando poucos instantes de vida, instantes que dedicou exclusivamente para olhar Rebeca. Ela então tomou coragem e foi em direção a ele, porém,
antes que pudesse chegar até ele para falar qualquer coisa que fosse, Jonas fechou seus olhos e não mais abriu. Jonas morreu.

Morreu sem saber se Receba se importava.

Mais uma investida de Jonas não deu certo.


Bruno Nasser


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