existe uma estranha urgencia dentro de mim.
como alguem que esta prestes a cruzar uma fronteira.
abrir uma porta lacrada a tempos,
entrando num sotão cheio de segredos.
como alguem que abre uma fenda no tempo
e acorda de um longo coma
e percebe que está vivo.
algo inquietante me atravessa
e me divide e queima
e me espalha em cinzas
aos quatro cantos.
e em extrema pressa
me sussura ao ouvido
e me estremece
dizendo que eu não perca tempo.
como se a pele fosse rasgada
e dela eu emergisse fera,afoita
desconhecida de mim mesma.
e me gritasse: vai!
e fizesse girar em outra direção
esta espiral do tempo.
e me desdobrasse em mares, céus e ventos
havia me esquecido que em mim cabia
tamanha imensidão