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a morte não tem história, só rictual.


by Emil Schildt

o homem mal o via, na neblina daquele outono triste. as vizinhas, poucas, que acompanharam a mãe, correram para a casa, a despojá-la, qual matilha de lobos.

- ela não vai levar nada para onde for e parentes não há. pode lá a rapariga pagar a casa!



não podia. mas não ficaria no orfanato do mosteiro. faltava-lhe apenas um ano para poder decidir da sua vida. decidiria já. não podia sequer imaginar-se nos corredores gelados entre mulheres de negro. rezando, por obrigação, sem sequer entender o que dizia.

e ainda que naquele momento os sonhos de jovem estivessem de luto, a consciência não a perdera ainda.

Spirospar

disse não ao convite do homem para o seguir. não se dava conta bem do que sentia. vazio? seria isso?

a raiva entrou-lhe no sangue ao ver o que restara da casa. apenas a cama pobre e o gato esquecido porque sem valor. tinham levado tudo, como corvos. não teve forças para odiar.

Briefly Connected

pegou o animal que parecia implorar que o não abandonasse. pô-lo na mochila sobre a pouca roupa que era a sua. foi ao esconderijo buscar o dinheiro que a mãe amealhara sabe-se lá como e partiu. sem rumo. era urgente sair antes da chegada das freiras. isso era, de momento, tudo quanto sabia.

foi-se por um caminho solitário até que os sonhos voltassem a fluir.

al-farrob

(cont.)



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