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MENALTON FALA SOBRE SEU NOVO ROMANCE

A três dias do lançamento de “Além do Rio Dos Sinos”, Menalton fala sobre o livro  e nos conta como foi o seu processo de criação. 

BLOG DO MENALTON: Vem aí o seu 26º livro. O que mudou, em sua escrita, desde o primeiro até hoje? A experiência torna o ato de escrever mais fácil ou o desafio aumenta a cada obra?

Acredito que eu tenha entrado numa fase de amadurecimento, principalmente no plano da expressão. Vícios que fui descobrindo e eliminando, o modo de construção frasal, tudo isso deve transparecer nos últimos livros. No meu caso, que gosto de tentar formas novas, tentar técnicas narrativas diferentes, acho que cada obra é um novo desafio. Não penso em uma progressão linear, talvez nem seja progressão, mas apenas experiências diferentes.

BLOG DO MENALTON:   Além do Rio dos Sinos tem uma relação com sua história. Foi concebido em uma viagem que você fez recentemente, junto com sua esposa Roseli, à região onde seus pais nasceram - um lugar que toda a família costumava visitar quando você era criança. O livro mostra apenas a Realidade da região ou traz também memórias de sua infância? É possível separar as duas coisas?

Não, não é possível separar. A viagem recente foi rápida e mal visitamos duas, três casas, o resto foi a impressão causada pela paisagem agreste. A história, as personagens, as atividades tudo isso foi invenção, mas toda invenção parte de uma realidade, então mistura-se  memória e imaginação e se tem o texto.

BLOG DO MENALTON:  Você diz, na sinopse que escreveu para o blog, que em suas conversas com moradores da região retratada no livro não havia literatura, "apenas vida, sangue, sofrimento, às vezes superação". Em que momento as vivências experimentadas nessa viagem e as impressões formadas nesses contatos começaram a se converter em literatura?

A literatura começou a nascer a partir do momento em que saímos do ambiente. As pessoas, os morros, as culturas que deixamos lá refugiaram-se na memória e da memória se transferiram para palavras. Nunca esquecendo, é claro, que literatura não é feita de coisas senão de palavras. O modo de construir o passado, ou a realidade passada, é um cozimento lento que muitas vezes se afasta de uma realidade física para se transformar em uma realidade discursiva.

BLOG DO MENALTON: Você disse também que o romance se passa em "uma região sem mídia, a que o ufanismo gauchesco simplesmente vira as costas. Aquilo que se costuma esconder debaixo do tapete". Ao escrever Além do Rio dos Sinos , você teve um propósito político de denunciar esse estado de coisas?

Bem, esse é um assunto um tanto polêmico, porque em primeiro lugar eu Quis Fazer Arte, ocorre é que não existe a palavra oca, não-significativa. Toda arte dispõe de um suporte material que queiramos ou não são políticos. Eu quis fazer arte, mas sou um animal político, não consigo fazer a arte pela arte, apesar de toda simpatia que alimento pelo parnasianismo, mas tenho a impressão de que teoricamente eles cometiam o erro de achar que seus poemas não tinham nada de política. Isso é uma falácia. Eu não diria que pretendi com o romance fazer uma denúncia, antes disso, eu quis mostrar uma realidadeexistente e pouco conhecida. 

BLOG DO MENALTON: Assim como nos seus outros romances, ou pelo menos na maioria deles, o enredo central gira em torno de conflitos pessoais. Em Além do Rio dos Sinos, "uma mulher busca viver em paz para sustentar, mesmo que precariamente, seus filhos". Como nasceu esse personagem? Algumas das situações vividas por essa mulher já habitavam sua memória de infância ou foram apreendidos durante a viagem?

Na verdade o tema me tenta desde muito tempo. Já tinha tentado outras vezes, mas acho que fui sempre mal sucedido, que é o tema da auto-punição. Claro que permeiam o texto outros sub-temas, mas o que mais me satisfazia era tratar de uma personagem que comete um erro e depois se pune com violência desmedida. Um dos sub-temas, apenas para exemplificar, é o contraste entre várzea e morro, isto é, os fatores geográficos como determinantes do nível socioeconômico das pessoas. Sem o determinismo naturalista, mas como uma verdade relativa. 






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