Como "Cerveró" no filme "Até Que a Sorte Nos Separe 3 "
Tive Meu Interesse Despertado para o humor como estudo e compreensão após a leitura de uma série de artigos de Artur da Távola, em 1984. Até então, embora fizesse já comédias e humor, considerava isto uma coisa normal, sem muita elaboração e teorias. Um dom natural que eu havia recebido e que desempenhava como forma de ganhar meu pão.
Foi quando li Artur da Távola que Tive Meu Interesse despertado para aprofundar-me mais n o estudo da comédia.
Artur divide o gênero em três estamentos distintos: O Humor, a Graça e a Comédia. (Título que mais tarde daria a um livro meu) . Mas não isenta o ator de trabalhar com os três gêneros num mesmo trabalho. Há momentos em que o ator usa apenas da graça, outros em que usa do humor e outros, da comédia, e há momentos em que ele usa um como trampolim para o outro, saltando, como um trapezista, e levando as emoções da plateia em seu salto.
Concordo com Artur da Távola. São três momentos distintos. O ator de comédias, em cena, ou o comediante, às vezes se desespera com a ausência da gargalhada, com o riso estridente, ininterrupto da plateia.
Já disseram que o riso é a dependência química do comediante. Ele é viciado em ouvir o riso da plateia. Se depender do comediante, a plateia não ficará um minuto sequer sem dar uma gargalhada, mesmo que para isto tenha ele que sacrificar o texto do autor, o direção e até os colegas em cena.
Aviso aos ansiosos, viciados na gargalhada do público: um momento silencioso na plateia pode estar cheio de Graça, como o sorriso da Monalisa. A plateia pode estar com este sorriso nos lábios e apreciando e engraçando-se com o espetáculo; pode estar com os dentes à mostra, num riso maior, pleno de humor, e, só depois, pode arrebentar em estrepitosa gargalhada, confirmando a comédia.
É assim que Artur dividiu em três níveis o Riso.
Estes três momentos, existem sempre nas comédias. São um em três. E são três, em um.
Este é o mistério do riso e da nossa profissão.
Escrito Por Bemvindo Sequeira
Colaboraram: Bemvindo Sequeira; entretenimento.r7.com