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Duas palavrinhas sobre diversidade.

Ontem (29/1), o perfil oficial da UEB no Facebook nos lembrou do Dia da Visibilidade Trans, apresentando dados do mapa da violência contra travestis e transsexuais.

Entre uma maioria que apoiou a publicação, também há, é claro, os apaixonados pela própria virilidade que foram ao perfil da associação levantarem suas teses conspiratórias. Desde acusações diretas de pedofilia dirigidas à instituição até palavras de ordem anticomunistas foram ditas naquele espaço.

Particularmente, quando manifestações como estas aparecem, pela minha honra e deveres para com Deus, o desejo é que vocês saibam refutá-las de maneira histórica, material e dialética. Mas, então, teríamos que conversar dos problemas estruturais inerentes ao regime político e econômico que pauta o país no último século, e deixar a “lacração” um pouco de lado.

Construindo um mundo melhor. Mesmo?

Já foi apresentado, neste blog, diversos artigos sobre cotas, sobre empoderamento da juventude, feminismo, e sobre a sensação de justiça que estas ações nos proporcionam. É que a jogada liberal, autora destas teorias (pese a atribuição à “esquerda” que os conspiracionistas gostam) é realmente infalível quando o assunto é tentar humanizar um sistema predatório que coloca qualquer soma monetária acima de qualquer classe.

Ainda que nos pareça algo progressista defender o óbvio, ou seja, que haja um pouco de paz entre adultos e Jovens naquilo que desejam ser e naquilo que desejam expressar, para acabar com o preconceito, a homofobia, a xenofobia, precisaríamos muito mais do que slogans e frases de efeito: acabar com todas as condições que geram estes males na sociedade. E isto não se faz tentando tornar palatável a sociedade atual, mas erguendo uma nova, algo que, por coincidência, o escotismo assumiu como mote ao longo de sua existência (construindo um mundo melhor). Acontece que para erguer esta sociedade, teríamos que mexer nas estruturas atuais, dentro mesmo do escotismo, e colocar abaixo a atual forma de administração, de participação, e os critérios meritocráticos que são tão caros aos escoteiros (em especial à direção).

A sensação de justiça não é justiça

Enquanto pegamos uma parcela da população e garantimos sua participação em um diminuto leque de vagas em uma universidade pública, por exemplo, milhões de jovens acabam ficando de fora do curso superior. Ou seja, com a sensação de justiça feita, nenhuma faculdade Precisa Ser aberta e nenhuma vaga precisa ser criada. Nenhum dinheiro precisa ser investido na população.

Panfleto Escoteiros – 1940

Na medida em que fazemos justiça (ou a sensação dela) com as minorias, temos aprovada uma Reforma do Ensino no país, que afeta diretamente a juventude e cerceia o compartilhamento de saberes que ela merecia. Graças à Reforma Trabalhista e à Reforma da Previdência – comemorando 40% de desemprego da juventude em alguns Estados – não apenas jovens foram afetados, mas todos aqueles adultos que doam seu tempo ao escotismo. Subempregos, precarização nas relações laborais e salários, tudo o que destrói materialmente o acesso de jovens, adultos, gays, lésbicas, transsexuais e travestis ao movimento escoteiro.

E sabem em quantas destas reformas a instituição “Escoteiros do Brasil” se pronunciou? Em nenhuma.
A desculpa é que não devemos ultrapassar esta linha imaginária do “político-partidário” na instituição, enquanto permitimos certas exuberâncias de instituições extremamente políticas (como a própria Igreja, a maçonaria, as bancadas e os cabos eleitorais) dentro do movimento escoteiro.

Todos nós entendemos que o escotismo é para todos, e que este pensamento tem bastante eco entre jovens que, de forma justa, apenas querem comemorar a diversidade com seus amigos. O que devemos separar é a efetiva construção deste escotismo dos discursos marqueteiros e pontuais que pensam na próxima eleição.



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