A região de São Paulo lançou uma resolução no dia 26/11, criando o Conselho dos Velhos Lobos, que tem poder consultivo e de apoio à região e é formado apenas por aqueles que tenham a medalha homônima (a “Velho Lobo”) e 50 anos de “bons serviços comprovados ao movimento”. O inspirador do projeto tem, é claro, a medalha e os anos estipulados, assim como seu seleto grupo de amigos (aquele pessoal serelepe do “garbo e boa ordem”).

A assinatura da resolução veio acompanhada de um “café” no Campo Escola Jaraguá, provavelmente pago pelos outros 5000 adultos da região que não alcançaram os 50 anos de “bons serviços” ao escotismo (registro em dia) e a medalha “Velho Lobo” – comenda que conta com toda a meritocracia escoteira e não tem nada a ver com usar a instituição para fazer bom juízo de si mesmo ou ser, por exemplo, formador (cargo indicado) sem ministrar um só curso.
O evento contou com a participação de 70 pessoas, entre ex-formadores, ex-presidentes do CAN, ex-presidentes da UEB, e toda a sorridente diretoria regional.

Rapidez

A resolução, o conselho e o evento comemorativo foram celebrados na mesma data. Toda essa competência de São Paulo não foi vista quando impediram que jovens se pronunciassem na assembleia regional de 2014. Também não houve nenhuma resolução quando a atual gestão ameaçou – com punições – aqueles grupos que não participassem em um evento. Pedir que haja alguma ação, por parte da diretoria regional, para impedir que mensagens de preconceito e ódio sejam propagadas por escotistas de região, a essa altura, já seria exagerar.

Criar uma resolução que estenda o poder decisório às bases, ou que apenas torne uma diretoria um pouco mais representativa…isso não pode, é perigoso.

Se levarmos esta lógica ao nível nacional, a coisa fica ainda pior. Se a Diretoria Executiva Nacional, desde o Japão, consegue lançar uma resolução para fazer uma intervenção ilegal em uma região, admitir que a UEB-SP formalize um clube do bolinha não é, na visão institucional, nenhum disparate.

ISGF

Se vocês desejarem algo um pouco mais sério do que o espetáculo circense construído pela diretoria de São Paulo, filiem-se e organizem-se em núcleos através da ISGF – The International Scout and Guide Fellowship, uma irmandade de escoteiros adultos que trabalha em parceria com a WOSM e WAGGGS.

Provavelmente vocês já devem ter ouvido falar desta irmandade, principalmente pelos diversos artigos dedicados a ela neste blog. Isso porque a direção nacional indicou seu próprio representante da ISGF no Brasil, mas depois de ganhar a bolsa Wilson da ISGF, nunca mais se soube nada dele.

Diferentemente dos requisitos excludentes do “Conselho Dos Velhos Lobos”, a ISGF requer que o interessado apenas esteja disposto a ajudar o escotismo e está aberta a todos aqueles que um dia foram escoteiros ou não puderam participar do movimento na juventude.
É. É um pouco diferente.

Desde aqui, mando um abraço aos 5200 adultos que não puderam participar do evento, mesmo tendo sua experiência de vida, de pais, de escotista e todos aqueles que, por um motivo ou outro, não puderam manter sua contribuição anual em dia.
Feliz Dia Internacional do Voluntário.