Eu não tenho mais coração.
Eu tenho um par de peitos, bunda, boceta. Tenho desejos, anseios, até medos, mas coração, não. Infelizmente (ou não) ele ficou perdido após o último rompimento. E olha que eu sempre fui do tipo que tem dificuldade em separar Amor e sexo, sabe?
Talvez seja mais uma barreira a ser quebrada pela mulher moderna, como venho falando nos últimos posts desta tag, afinal, não fomos construídas socialmente para separar uma coisa da outra. A gente tem que dar por amor, perder a virgindade por amor, e no final das contas sexo nunca parece estar muito distante daquele papo sobre a monogamia obrigatória a que estamos condicionadas a crer e querer.
Então, moderna que sou, transo sem namorar sim, transo no primeiro encontro sim, foda-se não é mesmo? Mas se a foda é boa... eu me apaixono. Eu quero mais, eu só penso na pessoa, eu quero construir castelos e ter filhos lindos e saudáveis com ela.
Talvez seja simplesmente sobre ter o coração no lugar errado (no meio das pernas, sim). Não é isso que dizem dos homens, que pensam com a cabeça de baixo? Eu penso então com meu coração pulsante, quente e molhado lá de baixo. E sinceramente, penso cada vez mais com o buraco de baixo, porque sinto que no lugar onde antes havia um coração cheio de sentimentos, hoje tem exatamente isso: um buraco, cheio de indiferença.
Não é que eu não acredite mais no amor, nem que seja uma crise pós-termino, porque eu realmente nunca me senti assim. E olha que eu tive meu coração partido várias e várias (e várias mesmo) vezes. E tenho tentado me manter equilibrada na sutil linha entre sentir essa indiferença, mesmo pela transa mais top das galáxias, e não partir o coração de ninguém.
Porque na verdade ninguém nunca se importou em partir o meu, em fazer jogos descaradamente, em declarar amor e mudar de ideia repentinamente, em simplesmente não ligar pros meus sentimentos, em mentir ou omitir relacionamentos, me condicionando a ser a odiosa outra.
Nem por isso eu desejo causar esses danos na vida de ninguém.
Existe ainda uma parte, que eu nem sei mensurar, que deseja recuperar esse coração e encontrar minha pessoa especial. Mas, enfim, existe essa outra parte. E vou te dizer, pensar com o buraco lá de baixo sem me preocupar em partir meu próprio coração, por hora vamos dizer: inexistente, tem sido um grande alívio.
Mas lembre-se, pequeno gafanhoto: toda liberdade deve vir acompanhada de uma dose de responsabilidade. Primeiramente por você, óbvio, pelo seu sentir e pela sua saúde. Mas nunca se esqueça do sentir e da saúde do próximo também.