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Substancial

São 23h06 aqui em Salvador-BA, Brasil.
Mais uma vez suspendi por conta própria os anestésicos farmacêuticos que anulam meu sentir cósmico, os mesmos que me permitem circular em sociedade, despercebida. Acreditei que era tudo uma fase, que não mais me sentiria diferente, longe da conexão material humana a qual estou amarrada.

Mais uma vez, errada.
Voltam os elogios, os transbordamentos, os “exageros”, as demasias.
Volto ao amor incondicional pelo cotidiano, as rebeldias ao incoerente condicionamento social, à astuta auto-defesa serpentina,
minha víbora me protege mas não me sustenta.
Volta a fome, aquela fome insaciável do intangível, do sutil, do sentir; sinto muito profundamente uma necessidade quase vital de tocar o sublime.
As pessoas  vêm as carapaças, só enxergam a si mesmas no reflexo da minha íris, ao final, ninguém me vê e é exaustivo sustentar e concordar com elas quando nem eu mesma consigo me definir verbalmente.
No texto anterior, através do mapa no atlas de um corpo outro senti como se tocasse a imensidão por instantes e, não mais do que instantes, fomos assustadoramente infinitos.

Volto a pensar na morte como uma velha amiga, uma cadeira de balanço na varanda que me permite respirar em minha tão confusa e vasta existência, não penso nisso como um trajeto findo, contudo, como um alívio para transbordamentos num mundo que não aceita minha sensibilidade e tenta me fazer ser Menos para me encaixar num padrão comportamental que segue lógica alguma.
A intensidade tem um preço e aqui não tento encaixá-la em um conjunto poético de palavras bonitas, preciso descansar e não me sentir pesada por ser simplesmente quem sou.
Meu infinito pede isolamento, pede cuidado, zelo.
É essencial protegê-lo do bruto toque físico, nesse movimento me escondo e os descuidados chamam de auto sabotagem, ninguém me entende, nunca. Não é mais solitude, minha existência pura e não medicada é solidão.
Não me incomoda estar só, o que me atinge é não fazer sentido para outro existir, não conseguir me comunicar e ter que aceitar essas opiniões outras que insistentemente gritam as determinações de quem sou.

EU ME SINTO
EU ME VIVO
EU ME SOU
E ABSOLUTAMENTE NINGUÉM NESSA DIMENSÃO
OU EM QUALQUER OUTRA QUE SEJA
NINGUÉM PODERÁ DIZER ACIMA DE MIM
O QUE DE FATO COMPÕE MINHA ESSÊNCIA

É frustante ver grandes amigos e amores tão absortos em suas certezas sobre o outro quando você mesma sabe o quão incerto é o próprio universo.
Respiro e concordo pelas questões burocráticas do existir e prossigo, menos brilhante, menos autentica, menos eu.
Transformo-me lentamente naquilo ao que me limitam e os deixo felizes e meus excessos contidos apodrecem minhas raízes, ao mantê-los vivos por debaixo dos panos.
Saudades imensas de algo substancial que desconheço ou simplesmente não me recordo com as sinapses atuais.
É preciso se esconder do vício na lógica e no entendimento quando o sentir transpassa a forma. 



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