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CríticaMorte: Conferência Mortal - Um Novo Tipo de Slasher (Konferensen)

Não sou de assistir filmes desse gênero, Pois geralmente são um bando de jovens adultos se matando enquanto fogem de algum psicopata mascarado superpoderoso, mas dessa vez tudo foi diferente, ou pelo menos quase diferente. 

Ao invés de jovens são adultos acabados, ao invés de um psicopata assassino ao acaso, é um assassino motivado por uma vingança deturpada, e ao invés de mortes espetaculares com aparatos mentirosos, são sucessivos assassinatos ocasionados por armadilhas simples, porém bem planejadas.


Este filme justifica a "burrice" dos personagens, e a "super força" do assassino, e ainda faz Isso numa história bem escrita, com mortes plausíveis e nada exageradas, o que ironicamente aumenta consideravelmente o terror gráfico (pois parece muito mais verdadeiro).

Junta isso com uma boa filmagem, edição e trilha sonora, e nasce a perfeição, saída da Netflix... esquisito isso, mas foi um baita acerto.

Falarei mais a respeito a seguir então...

Boa leitura.


Um Slasher Diferente

Todo slasher precisa de um grupo de personagens que transcende a lei de Murphy e age tão estupidamente diante o perigo, que parecem apenas animais indo pro abate sem a capacidade mínima de reagir. E detalhe: Animais em perigo costumam atacar, vítimas de slasher só sabem gritar e correr, fazendo tudo que não se deve fazer frente a um psicopata armado.


Só que, pra que isso faça sentido, normalmente colocam vários jovens adolescentes bonitões pra dizer "São jovens, jovens são burros" e também explorar a condição física deles pra ganhar algum lucro com nudez gratuita ou insinuações sexuais, afinal, se o filme é +18, melhor tirar proveito do público possível certo?

Eis então que vem um filme sueco pra ensinar o que é terror de verdade. Ao invés de jovens adultos, porque não colocar logo adultos mesmo? Saturados e acomodados pelo trabalho, e em condições psicológicas já tão prejudicadas, que fica fácil imagina-los agir justamente do jeito que um animal confuso agiria ao ser perseguido por um caçador sofisticado.


Ao invés de explorar o corpo, porque não fazê-lo com a alma? O filme faz questão de destrinchar os maiores pesadelos de um adulto, com colegas abusivos, chefes irritantes, e uma empresa tão injusta que faz qualquer um se sentir um lixo, mas ainda obrigado a ir pra lá todo santo dia.

Mas, e se ao invés de mostrar isso num escritório, o que também virou um clichê quando falamos de emprego e terror, colocassem o grupo em um acampamento, exatamente como fariam com jovens vítimas de um serial killer?

Tudo se Justifica

"A Conferência" (o "Mortal" nem era necessário no título, o nome original é "Konferensen") faz questão de justificar essa pequena reunião fora da empresa, como um tipo de viagem pra confraternização, mas ainda para discutir assuntos empresariais, em que um grupo de funcionários públicos estereotipados são forçados a passar alguns dias fingindo que se amam, pra se prepararem pra uma inauguração de algo que ninguém quer de verdade, mas precisam fazer pois é o trabalho.


Esse contexto é o que liga toda a trama, pois partindo da criação do Shopping no meio do nada, ocorre tanto a desconexão do grupo (que passa a discutir sobre irregularidades no projeto) quanto na conexão com o misterioso vilão, que nem é um mistério tão grande, mas se torna pelo jeito como trabalham nele.

O vilão seria uma pessoa que não gosta dos envolvidos com a ideia do Shopping, mas são tantas pessoas que tem razões pra isso que no fim, ao menos 2 são suspeitos.


Mesmo assim, esse mistério nem é o grande foco, sendo algo até bobo pra se acompanhar, visto que o que prende o espectador são os personagens e seus pequenos dilemas, batendo de frente uns com os outros enquanto o assassino se aproxima pouco a pouco.

Fica óbvio que no fim ninguém ali vai se unir pra tentar vencê-lo, pois todos se odeiam e fingem o contrário, e essa apresentação (que leva boa parte do filme) é tão necessária, que é graças a ela que acabamos compreendendo a "burrice" do grupo.


Porque morrer ao lado do colega que tu odeia? Se é mais fácil tentar a sorte fugindo sozinho. É uma chance em cinco do psicopata não te perseguir, azar do próximo! 

É irritante isso? Óbvio! O filme podia acabar já no primeiro encontro do psicopata com o grupo principal, bastava que eles usassem as armas que tanto teimam em pegar pra se defenderem do infeliz, que morreria com 1 ou 2 golpes bem direcionados. Mas, o medo, misturado com o rancor, força todos a buscarem por segurança individual, o que dá a chance do vilão escolher suas vítimas, indo atrás de quem julgar mais conveniente.

Não é "Terrir"

O filme extrapola as vezes, forçando um pouco para que alguns personagens caiam antes do que deveriam. Isso ocorre com o elenco secundário de abertura, que vai morrendo um a um antes do grupo principal ser atacado.


Legal isso aliás, já que deixa o filme com cenas de horror antes mesmo do elenco principal começar a ter contato com o perigo verdadeiro, criando ansiedade e expectativa. E o louco disso é que a expectativa é para que o grupo morra, onde literalmente torcemos pelo vilão (de tão chatos e irritantes que os caras são). 

Mas, basta o primeiro morrer, que independente do quão odiamos o personagem, nós tememos pelos demais, pois percebemos que tal crueldade é totalmente aleatória, e pode ferir qualquer um, sem se importar com moralidade ou ética trabalhista, sem ser coerente com o peso que cada personagem carrega em sua própria índole.


Aliás, por mais que pareça as vezes que ele é um "terrir" (filme de terror com comédia), ele não chega nem perto disso. Não há humor nele, apenas pessoas agindo de forma natural e em prol de seus interesses. Tudo que é retratado nele é comumente encontrado em empresas.

O funcionário puxa saco, o puxa saco do puxa saco, a funcionária relaxada, o veterano que sabe tudo, a esquisita que ninguém gosta, o calado e tímido que sempre fica no canto, a chefe mandona que finge se importar com todos mas, só liga pro próprio umbigo. Tudo isso faz parte de qualquer empresa, e meio que é a forma que criam pra nos conectar ao elenco.


Você pode achar engraçado talvez um ou outro exagero de personalidade, mas acredite, todos ali existem no mundo real, esse tipo de falas e comportamentos são mais realistas do que aqueles debates éticos vistos em tudo quanto é filme, que nunca soam verdadeiros.


Ninguém presta, mas também não é por isso que merecem ser esquartejados. E quando isso começa, o fato de todos soarem naturais, e até familiares, faz com que torçamos involuntariamente para que escapem.

Só que não dá, além do vilão ser ardiloso, e ter ferramentas de combate condizentes com seu conhecimento prévio do local em que irá caçar, o cara ainda dá a sorte de achar a melhor armadura de todas!

A Máscara é uma Armadura

O Mascote do Shopping, lhe serve de máscara por pura coincidência, e é isso que torna ele imortal. Um detalhe peculiar mas que contribui pro massacre, colocando até mesmo o antagonista da história como "cumplice" sem nem perceber. Pois sim, além de um vilão, há antagonistas.


Mas enfim, a Máscara é assustadora, e funcional, algo que geralmente não é pensado em filmes slashers. A ideia é sempre "bota uma máscara pra esconder o rosto do vilão e manter o mistério" ou então "Ele gosta de usar máscara pra assustar" mas aqui, o vilão usa mais pra caçoar, inicialmente, pois é irônico o mascote do que ele odeia ser aquele que matará seus inimigos.


Mas conforme ele usa ela, a máscara é tão grande que o protege de ferimentos que seriam mortais, como um EPI para assassinos em série. Fica fácil matar geral se o capacete impede que machuquem justamente a parte mais vulnerável de qualquer ser humano.

Ainda por cima, por ser enorme, a cabeçorra da fantasia estilo mascote de esporte, distrai ataques das vítimas, direcionando-os justamente pra ela. Quem vai mirar no corpo se tem um balão sorrindo todo cheio de sangue vindo na nossa direção?


Bem pensado, e muito coerente com todo o resto da história, por isso acaba virando um slasher perfeito. 

O Fim é Racional

O fim então, mostrando cada uma das vítimas lentamente, chega a ser poético de tão bem apresentado. E mesmo que o longa não termine com lágrimas, isso também condiz com a realidade, pois num massacre com um psicopata vingativo, que não se importa com a própria vida só quer matar o máximo que der, geralmente ele não sai vivo, nem vai preso, e nem todas as vítimas morrem. Só rola a fuga inicial, e depois eles percebem que se não lutarem, todo mundo vai morrer de qualquer jeito.


E o confronto final é rápido e cirúrgico, pois o monstro que enfrentavam não era um monstro de verdade, era só um ser humano perturbado, assim como eles, que optou por ir longe de mais.

Repito, é um filme espetacular e até bem raro, que entrega terror, horror, e faz isso com precisão.


Não é o tipo de obra a ser continuada, mas a ideia dele é fora da casinha, trazendo uma nova cara marcante pras muitas franquias de Terror Slasher. 

O Mascote Genérico de Shopping é dos bons... mas espero que acabe aqui.


E olha que por não curtir o gênero, e ter preconceito com mascarados assassinos, eu pensei em pular esse filme e o ignorei. Mas, fiquei pasmo quando assisti pois ele é diferente, e ainda assim bem brutal.

Vale a pena ver.

É isso.

See yah!



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