Get Even More Visitors To Your Blog, Upgrade To A Business Listing >>

SérieMorte: Mask Girl - Um Terror Diferenciado

Eu fugir dessa série, pois absolutamente nada nela me atraia, até que um grande amigo me recomendou dizendo com poucas palavras, e atiçou minha curiosidade.

Por ser uma série coreana, a primeira coisa que me passou pela cabeça era que seria um dorama moderninho. O tema dela praticamente deixa Isso escancarado, e pior, seria um "dorama sobre K-Pop e Idols". Nada contra, mas está longe de ser meu gênero favorito... mas eu errei.


Por isso fiquei impressionado quando vi que era um suspense, de terror social, com uma trama praticamente antológica, com vidas se entrelaçando, prejudicando, e até encerrando, numa grande teia de eventos que levava pra tragédia pura.

A história simplesmente se transforma lentamente, de algo engraçado e bobo, para algo profundo, perturbador e pesado.

Falarei mais a respeito a seguir, sem dar spoilers, eu acho.

Boa leitura.


O que é "Mask Girl"?


Pra resumir, a história é sobre vidas tocadas, marcadas e manchadas por eventos ao longo de 3 décadas, principalmente assassinatos. A série se divide em 7 episódios de 1 hora cada, sempre focando em seu próprio "protagonista" (que dá nome a cada episódio), mesmo que Tudo pareça apontar pra mesma personagem de sempre, a misteriosa "Mask Girl".


Então, em seu desenrolar ele revela todo tipo de tragédia, com inúmeros tipos de violências, do simples bullying até estupro e homicídio, mas nunca de forma gratuita.

O ponto alto da série é justamente este, ela tem nudez, tem mortes, tem cenas fortes, e deixa claro isso com a tarja de +18, porém ela faz tudo isso com cuidado, bastante sutileza, e responsabilidade no que mostrar e no quando mostrar.


Ela não apela pra cenas impactantes pra arrancar sustos, nem pra explorar o corpo de seus personagens, muito pelo contrário, tudo que mostra são em contextos pra assustar, causar desconforto e ainda nos botar quase que na mesma situação, não como expetadores tão somente, mas como pessoas que sentem na pele um tiquinho do que tá rolando.

E tem algo mais perturbador do que se sentir na pele de alguém sofrendo abusos? Ou pior ainda, sentir e entender o lado até mesmo do abusador?!


Não que a série tente passar um pano pras atrocidades mostradas, muito longe disso, aliás é exatamente o contrário: Ela nos mostra todos os lados, todas as perspectivas, nos ensinando que nem tudo é só preto e branco, mas também deixando claro que toda ação gera reação, e tudo na vida vem e vai sem se importar se hoje você foi bonzinho, e ontem destruiu a vida de alguém.


O Cruel está no Real


Cada personagem, até mesmo os secundários e coadjuvantes de canto, tem história, e mesmo que nem tudo seja contado e mostrado, bastam pequenas insinuações para que captemos a mensagem. Isso enriquece a trama, direta e indiretamente, carregando ela com mistérios, e sem dizer pra onde tudo tá caminhando.


Pensando assim, acabamos fixando a atenção em cada personagem, tentando decifrar seu destino, mas nunca conseguindo pois a obra sabe nos orientar pro caminho que quer, e não se prende a ninguém.

Muitas vezes ela bota pistas falsas, ou revela situações risórias, as vezes faz harmonia entre cenas pra fingir que está caminhando pra uma epopeia, quando então ela puxa o tapete com força e nos joga no chão, mergulhando-nos em puro horror em cada grito, cada lágrima, e até cada sorriso mostrado.


O que quero dizer com tudo isso? Bem, o que assistimos são vidas, nada mais nem menos que isso. São histórias sim, narradas, encenadas, retratadas por perspectivas as vezes tendenciosas, em prol de seu respectivo protagonista, mas não deixam de ser vidas, com altas e baixas, erros e acertos, agrados e desagrados, virtudes e defeitos.


A Série Brinca com Emoções


O terrível de tudo isso é quando ficamos cercados por tantas histórias, que não sabemos mais pra quem torcer, se é que devemos torcer pra alguém. Todo mundo parece vilão, mas também todo mundo tem seus motivos, e a gente apenas não quer acreditar que tudo virou uma bola de neve tão grande, mas ainda torcemos por resoluções claras e boas, que nunca chegam.


Não que o desfecho da série seja ruim, mais uma vez eu nego a afirmativa pois foi meio equivocada, n ocaso quero dizer que, nada é como queremos que seja.

Isso pois, assim como a vida, as escolhas alheias também interferem em nossas escolhas. Nosso conhecimento sobre o que nos cerca, nossas ideias antecipadas pela ansiedade, nossos erros de julgamento, a preocupação ou até o preconceito pelo que não entendemos, e até mesmo o trauma pelo passado, tudo isso se mescla entre as pessoas, gerando consequências imprevisíveis, e muitas vezes cruéis.


E ainda há momentos bons, em que somos recompensados brevemente pelo sofrimento contínuo que assistimos, mas até isso é breve, tão breve que nos choca rapidamente com a realidade de que, nada é tão ruim, que não possa piorar.

Mas a vida é assim, em momentos sorrimos, e valorizamos nossas pequenas vitórias, para passar dias, noites, meses, anos, décadas sofrendo, o que apenas torna aqueles bons momentos, ainda mais valiosos e notáveis.


Eu não diria que "Mask Girl" é uma obra "inteligente", apenas que é sensível, e tem plena consciência disso. Ela usa esse teor social contar sua história sem criar elos com seus personagens. Ela não aponta vilões nem heróis, apenas pessoas, que em conflito uns com os outros e até com seus próprios demônios, se direcionam pra suas próprias catarses, ou apenas seus derradeiros infernos.


A Boa Ambientação das Épocas


Algo que devo dizer é que essa série soube abordar temas sociais de diferentes épocas, com muita precisão.


Nos anos 90, puxa pro lado das E-Girls, no que seria a época da internet engatinhando, com fóruns surgindo, comunidades de fãs aprendendo a se conhecer, e a exposição do pessoal via webcam. Hoje isso está em ainda mais vigência, mas naquele tempo era algo ainda mais vulnerável, pouco compreendido, e perigosíssimo (não que ainda não seja mas, você entendeu).


Mas não se limita a isso, pois em cada época algo ganha destaque, como redes sociais, computadores e seu uso (bom ou ruim), os grupos influenciadores como os k-pop, os noticiários tendenciosos, etc.


As Histórias de Mask Girl Resumidas


Kim Mo-mi


A protagonista do primeiro episódio é a "Mask Girl", mas não só isso. O bullying que ela sofre por sua aparência facial (o que é algo provocado principalmente pela sociedade que ela vivia na época, mas vale até os tempos de hoje, mesmo que não seja tão explícito pra muitos), e a razão pra ela usar a famigerada Máscara que dá título à obra, é pra mostrar o seu escape da realidade, o seu alívio, a sua segurança, mas também nos mostrar que até isso é uma fraqueza pessoal gritante, um chamado de ajuda, um alerta.


Ju Oh-nam


O protagonista do segundo episódio já mostra o outro lado da moeda, o lado do stalker, o lado dos perseguidores sexuais, o lado perigoso da internet por assim dizer. Ao mesmo tempo que trabalha na materialização dos pensamentos mais profundos de tal personagem, na tentativa de fazer ser entendido, não que isso o justifique, mas ao menos passe a compreensão de suas razões para ser como é. A solidão, a fraqueza emocional, o trauma acumulado, a falta de bom senso e ética por uma má educação, tudo levando-o para suas piores decisões.


Kim Kyung-ja


A protagonista do terceiro episódio escancara a perspectiva equivocada de uma mãe, uma mãe que ama, uma mãe que protege, que dá tudo pelo filho, faz tudo pelo filho, mesmo sem jamais tê-lo conhecido de verdade. Enquanto ele próprio se afasta por seus próprios demônios, ela está lá lutando por ele, provendo por ele, pois sua vida gira em torno dele. E essa dependência emocional se compromete com suas decisões ofuscadas pelas dele, e então a faz herdar a dor do próprio filho, e se cegar completamente aos pequenos prazeres que passariam a surgir. Chega a ser a parte mais cruel de toda a obra, pois ela ignora a verdade, pra se focar em suas crenças.


Kim Chun-ae


A protagonista do quarto episódio é aquela que serve pra mesclar todas as ideias, em uma. Revelar uma inocente e ingênua que só queria o bem, pra então disseca-la com todos os erros possíveis expostos, sem nem mesmo liga-la aos eventos até então mostrados, com verdades e até mentiras ilustradas, pra então nos dar um pouco de esperança, e arranca-la na mesma hora sem ter um pingo de piedade. É uma das partes mais perversas da série, e onde também ela se conclui, pois há seu desfecho aparente, pelo menos em sua época.

Kim Mi-mo


A protagonista do quinto episódio é o resgate da história, nos dizendo que tudo gera consequência, e nada é esquecido pela vida. É tão profundo que sem precisar contar muito, nós já nos apegamos a ela por saber que ela carrega um fardo só por existir. O louco disso tudo é que o salto de época é gritante, mas tudo apenas combina e estica a história, pros tempos modernos, mas ainda carregando a mesma bagagem, justamente como se nada tivesse terminado.


Kim Mo-mi


A protagonista do sexto episódio "se repete" e ao mesmo tempo não. É absurdo perceber o quanto ela mudou, não fisicamente (apenas) mas moralmente e intelectualmente, ainda mais por ter tornado sua "máscara" parte de si. É um momento que inclusive nos arranca mais uma parcela de esperança, torcendo por alguém que não deveríamos torcer, ou será que deveríamos? Depois de tanto conhecer, seria nossa função julgar ou apenas acompanhar em silêncio, ignorando aquela alegria compartilhada, ou o temor decorrente do prenúncio do fim?


Mo-mi e Mi-mo


E assim, temos todos os protagonistas unidos em uma mesma história, pelo menos aqueles que restaram. Mas isso não se limita ao elenco principal, pois como citei, cada pequeno coadjuvante tem sua história a ser contada. A garota mentirosa e sua família, a avó arrependida, os policiais, as presidiárias, os bandidos, todo mundo, e tudo está ali nos detalhes. O fim... bem, é só triste e feliz, tudo depende da vida que seguimos, e daquele que mais apoiamos.


Um Fim Seco, Irrigado com Nossas Lágrimas


Se escolhermos enxergar tudo como uma grande história repleta de núcleos, eu diria que a conclusão é positiva. Mas, se quisermos abraçar uma das antologias (o que certamente faremos), o fim é o mais terrível possível, não importa qual história escolhemos.

E bem, acho que isso é tudo que posso dizer sem dar spoilers.

Mas, no geral, é uma série longa pra 7 horas, mas que honra cada minuto consumido. Ela é bem dirigida, bem atuada e muito organizada. 

Falando em atuações, há uma troca proposital de atores, não só contemplar a ideia de envelhecimento, mas para salientar alguns pontos narrativos relacionados as suas "evoluções e transformações". E até nisso eles focaram bem os detalhes. Claro que, as vezes os personagens não se parecem muito, e causa um pouco de estranheza pra identifica-los, mas não demora muito até nos acostumarmos, e aceitarmos que tudo muda.

É isso.

Espero que tenha gostado do texto.

Eu curti a série, e foi uma surpresa que devo agradecer.

See yah!




This post first appeared on DivulganteMorte, please read the originial post: here

Share the post

SérieMorte: Mask Girl - Um Terror Diferenciado

×

Subscribe to Divulgantemorte

Get updates delivered right to your inbox!

Thank you for your subscription

×