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CríticaMorte: A Freira 2 (The Nun 2) - Uma Continuação Desnecessária

"A Freira 2" é um péssimo terror, que se disfarça com efeitos especiais e práticos de qualidade, pra contar uma história meia boca, sem lógica e sem importância alguma, e no pior ritmo possível.

Parece uma maldição que tomou os filmes de terror sobre demônios, e aqui isso avança pra um nível completamente desnaturado, sem foco e perdido em tudo que tenta mostrar.


É um filme sobre a entidade já saturada da Freira Diabólica, perseguindo os mesmos personagens do primeiro longa, mesmo que nenhum deles tenha uma ligação com ela (mas forçando a ligação). Além disso, o filme desconstrói o enredo perfeitamente amarrado entre "A Freira" e o "Invocação do Mal", onde a imagem da Freira apareceu pela primeira vez, agora destituindo seu significado e focando no maior erro que a franquia criou pra si: Super Poderes.

Então, falarei mais a respeito, e boa leitura.


Onde Tudo Começou...


Com o sucesso de Invocação do Mal e as aventuras do casal Warren (menos no terceiro filme, aquilo é vergonhoso) a ideia de criar spin-offs dominou a franquia, que deu vida ao Annabelle e depois à Freira, dois longas que fizeram sucesso também, e ganharam luz verde para continuações.


O problema é que eles nasceram da ideia de explicar certas entidades, que futuramente seriam enfrentadas ou fariam pontas na jornada dos Warren, então nunca tiveram tanta profundidade por assim dizer. Mesmo assim, seus filmes fizeram bem ao apresentar os terrores sobrenaturais de entidades diabólicas imprevisíveis, mas contidas em suas histórias de 1 filme apenas.

Estende-las é um equívoco, perfeitamente representado em "A Freira 2", pois ele conta uma história sem sentido, pra expandir uma existência que não precisava, e para explicar "pontas soltas" na franquia principal, mesmo que nada disso seja sequer pedido pelo público. 


O filme começa bem, com uma ideia de que não se esqueceu do tamanho do potencial e poder de sua criatura, já botando ela pra matar rapidamente, sem dó nem piedade, e com o ápice de seus poderes, nos fazendo pensar "Caramba, mas já tá assim?", e nos preparando pra algo frenético e implacável, que jamais ocorre.


A Fórmula Cansou


Pois apesar de começar frenético, ele vai ficando lento e mais lento, enrolando pra mostrar pouco, e mostrando só o mais do mesmo, com pouco susto, pouco terror, sem consequências e pior, repetindo fórmulas.


Se a era dos Jumpscary morreu nos filmes, por se tornar repetitiva de mais, agora é a vez da "Pareidolia" perder a força, pelo excesso de uso da técnica.

Enquanto nos "Invocação do Mal" e no próprio "A Freira" a ideia de brincar com silhuetas no escuro pra nos apavorar era triunfante, agora isso já ficou chato, e eles usam tanto a mesma técnica, que só não faz mais sentido.


Tem uma cena, tão forçada, que me fez rir ao invés de me amedrontar: Uma menina ta fugindo da figura satânica da Freira, e ai ela encara a freira na frente dela, quando a luz acende, e a imagem toma a forma de mofo e rachaduras na parede, que se parecem com ela, mas não são.


A técnica se repete incansavelmente de formas diferentes, como quando a Freira boazinha olha pra um monte de revistas, e depois de encara-las por horas, elas tomam a forma da silhueta da Freira Diabólica.


E vai com sombra dela atrás das pessoas, com ela aparecendo no só pela forma atrás de algo, e assim fica até enjoar.


Um Demônio Confuso


E isso ocorre com uma criatura que no início do filme, levita alguém e taca fogo, depois de evaporar água benta, e invadir uma casa sagrada de Deus, já mostrando que nada é capaz de detê-la de tão forte que tá.


Mas que depois apenas esquece o tanto de poder que tem e decide se esconder pra dar sustinho em crianças.

E eu sei, parte do terror dos demônios é a necessidade deles causarem medo, nas vítimas e consequentemente nos espectadores, pra depois ir se personificando cada vez mais alimentado pelo medo, até chegar no ápice.


Talvez, na falha tentativa de subverter essa transformação, o filme apenas cavou seu próprio buraco, com uma ideia ridícula de apresentar o mal poderoso, pra enfraquece-lo gradativamente, e depois fortalece-lo com ajuda de um "Item Sagrado" sem pé nem cabeça, só pra dizer que agora sim, ele era o todo poderoso maligno.


Fazem até a gafe de dividir a criatura em 3, pra assim sustentar as subtramas descartáveis que tinham, e entupir o filme com ideias alheias pra tentar gerar mais algum "spin-off" talvez. Pois sinceramente, não entendi até agora pra que teve o arco das crianças fugindo.


A Trama se Divide sem Motivo


É bem aleatório, a Freira que virou exorcista sem razão (já explico, mas é risível), vai lá caçar a Freira do Mal e salvar seu amigo, quando do nada, uma coadjuvante que a acompanha gratuitamente, se encontra com um grupo de crianças pra fugir de um Carneiro Humano do Demônio, que levita geral com a mente!


Tudo isso enquanto a Freira heroína luta contra a Freira do Mal, sem espaço para distrações, e sem razão pro segundo demônio entrar em cena.


Nem fica claro aliás, se havia outro demônio (na verdade nem fica claro se são demônios) e o filme se bagunça tanto em seu enredo, que a gente apenas aceita como uma justificativa, pra por tensão a mais, em algo que já não tem o que contar.


Pois, o que há na história da Freira agora? Tudo que havia de legal já foi contado, e esticar isso é burrice, mesmice, e francamente, exaustivo.


O Primeiro "A Freira" Sabe o que Quer


Eu nunca escrevi sobre o primeiro filme da Freira, pois não era meu hábito na época, mas me lembro muito bem de como achei ele legal, mesmo sendo um derivado de filmes que eu não era muito fã.

A ideia do "A Freira" não era só mostrar o demônio que tomou forma de Freira, mas explicar a razão dele ser assim, e ele faz tão bem isso, inserindo a entidade em um convento possesso, que a ideia é transmitida com perfeição.


Mas o filme original não se limita a isso, pois ao lado do Padre Exorcista que foi enviado ao Convento Maligno, havia um guia turístico, e uma Jovem Freira, a qual toma o protagonismo não por ser poderosa, nem por ser essencial, mas por conta de ter conexão com o mal do próprio convento.


Pois a jovem Freira tinha dúvidas quanto sua fé, quanto sua decisão, e ainda por cima, o constante flerte indireto com o Francês, a fazia pender entre o lado da santidade, e o lado mundano, o que também nos faz pensar nisso, e analisar em tempo real, o quanto ela ser santa e pura, era tanto uma arma contra o mal que ela estava prestes a enfrentar, quanto uma ferramenta contra si mesma.


O desejo e as dúvidas que ela sentia, mesclados aos males do convento constantemente representando fragilidade espiritual, só reforçavam sua fé, ao invés de denegri-la, o que ao meu ver era perfeito para mostrar a realidade das Freiras, em contraste com aquele terror que dava nome ao filme.


No final, ainda pra dar aquele ar de terror, o longa acabava com uma das vítimas, o Francês, salvando a vida da Freira, mas entregando sua alma sem querer, e levando a entidade pra fora do convento, seguindo assim pra sua plantação de tomates e morrendo 20 anos depois em um ritual de exorcismo, executado com a ajuda do casal Warren, fazendo assim ponta na história deles.


Filme amarrado, encerrado, e perfeito pois cumpriu sua função e ainda deu tensão, terror, e uma ótima história, com a entidade da Freira chegando até Lorraine através do Francês, em um de seus rituais, e pronto, tudo explicado.



O Segundo "A Freira" Se Perde


Então vem a continuação, que traz a Freira Jovem de volta, ainda questionando sua fé (mesmo que não pareça, ela o faz) depois de ter sido ignorada por seus feitos pela igreja, e jogada pra trabalhar ao lado de suas semelhantes como se não fosse nada especial, apenas mais uma.


Fazem questão de contar a história do Convento Amaldiçoado, e como o Padre virou Bispo, e a Freira foi internada por enlouquecer, distorcendo completamente seu significado, e nos mostrando que a Igreja fez pouco caso dela.


Algo que contradiz uma cena inteira logo depois, em que a mesma Freira ignorada, é convocada pelo Vaticano pra caçar um demônio, que vem massacrando geral. Chega a ser ridículo como pintam a Igreja de um jeito bobo, com o Padre comendo feito porco, enquanto ordena a Freira a caçar, sozinha, um demônio com dezenas de matanças na ficha.


Neste ponto o filme me perdeu por inteiro. A justificativa pra mandar ela na missão era que, o Padre do primeiro filme morreu de Cólera, ou seja, nem tentaram dar uma morte impactante pra ele, e só citam sua saída, e nem usam pra fortalecer o mal que ela enfrentaria... qual é! Podiam dizer que o demônio o matou ou sei lá, mas isso iria contra o novo enredo da criatura, por isso só tiraram ele com falas rápidas.


E ela mesmo sem querer a Missão, aceita, indo SOZINHA pra caçar a criatura. Gente, o bicho ta matando um monte de Padres e Freiras, das formas mais cruéis e sobrenaturais imagináveis, e a Igreja manda uma Freira Jovem, sozinha, e sem qualquer informação, pra caça-lo? Suspensão da Descrença foi longe aqui.


Os Poderes Salvam o Dia


O tenso é que isso realmente funciona, a Freira mostra ter poderes paranormais por ser descendente de uma santa, que o demônio coincidentemente TAMBÉM É. E assim eles unem as duas histórias, e os dois personagens, sem ter aquela fluidez da primeira história, e encaixando um terceiro na trama, só pra fingir que foi tudo pensado e construído assim de propósito.


Sem saber, o Francês estava com um encosto, e levando a entidade maligna pra todo lugar que ia. Só que a entidade estava atrás dos Olhos Sagrados de uma Santa, que era seu ancestral, tudo pra se fortalecer ainda mais.


Lembrando que ele já conseguia LEVITAR PESSOAS E QUEIMA-LAS VIVAS! É tipo, muito poder pra um demônio livre e ambulante, que nem é percebido por seu hospedeiro.


Reciclagem de Elenco e Ideias


O Francês está vivendo de boa, flertando com uma nova mulher, se dando bem na vida, e feliz! Ele trabalha como faz tudo num internato de meninas, e antes disso passou por igrejas e conventos onde o demônio o puxou, sem ele perceber.


Coincidentemente, o local em que ele está agora é o destino final, mas o demônio encostado nele, por mais poderoso que esteja, não dá sinais de vida até a Freira Jovem se aproximar. Só quando ela começa a chegar perto, ele começa a agir, assustando as pessoas e matando (só em último caso), mas sem nem tentar pegar aquilo que tanto queria.

O item que ele desejava, tava escondido no chão, e ele sentindo sua presença e tal, não tenta nem escavar... é bem besta isso.


Pois a Freira Jovem tem que chegar cavar por ele, pegar o item, passa-lo pra uma criança aleatória e depois de muito sufoco e um monte de cenas desconexas, tudo se encerrar com o demônio quase sendo exorcizado por dois olhos de uma santa morta, segurados por uma Freira.


E no fim, ele mesmo pega os olhos, adere eles, e fica todo poderoso e imbatível! Só pra ser exorcizado com uma oração que transforma Vinho em Sangue de Cristo, e pronto, ele vira poeira.

Enquanto lá no primeiro filme eles chegam a apelar pra uma gota do Sangue de Cristo pra tentar vencer, aqui é só vinho mesmo, afinal, a fé é capaz de transformar tudo, em alusão a Oração da Comunhão Cristã.



Um Fim Sem Objetivos


E bem, o filme se finaliza sem baixas (no máximo uma menina toma uma chifrada num ombro e ta tudo bem), e até o cara possuído sai vivo, e FELIZ.


É tão artificial o jeito como mostram a conclusão, e triste também, pois demonstra falta de tato na construção de seu próprio enredo, algo feito pra continuar uma coisa que nunca pediu por continuação.

Não podiam matar o francês, pois ele é um personagem mostrado nos filmes dos Warren (tecnicamente né) e agora a Freira é protagonista, pois compartilha da linhagem sanguínea da Lorraine Warren, ambas descendente da Santa Luzia, a padroeira dos cegos.


Falta agora botar Annabelle na jogada também, como sei lá, personificação da alma do cara que matou a Santa, e agora caça seus herdeiros pelo mundo, na forma de uma boneca.

O jeito como encontraram pra conectar as histórias, foi criar um enredo microscópico, que diz que tudo está destinado a se encontrar, pois tudo faz parte de uma mesma coisa. 


Fraco, triste, e lamentável... 

Enfim, nem perca tempo vendo o filme, se for fazê-lo, te recomendo ver o primeiro, ele sim presta.

É isso.

See yah.



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