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AdaptaçãoMorte: Castlevania - Nocturne - As Diferenças entre Jogos e Série/Anime

Não foi a primeira vez que a Netflix adaptou uma das sagas de Castlevania, mas foi a primeira vez que me vi obrigado a comentar a respeito.


Essa "adaptação" de um dos jogos da franquia é uma absurda releitura que consegue transformar, agregar e desenvolver conceitos que haviam no jogo, mas não foram tão explorados assim, além de trazer coisas novas e tão bem mescladas que fazem parecer parte do original, quando estão bem distante disso.

Essa é talvez a pior adaptação que já assisti, mas a melhor história inédita inspirada em um jogo que já pude testemunhar. Ou seja, é surpreendentemente incrível!

Falarei tudo a respeito e, ao longo do artigo deixarei links para os posts que falam melhor de Castlevania. Também darei alguns spoilers mas, nada tão sério nem detalhado. Meu foco é comparar e explicar o anime com os jogos.

Boa leitura.


Mais Uma Nova História para Richter Belmont


"Castlevania - Nocturne" (Castlevania: Noturno) não é inspirado em "Castlevania - Rondo of Blood", mas assim como muitos outros jogos tipo "Castlevania - Dracula X" ou "The Dracula X Chronicles", ele usa a história base de Richter Belmont (o 10° jogo no oriente) ou ao menos alguns de seus personagens, para desenvolver uma história própria.


Pra quem não sabe, Dracula X e Rondo of Blood são basicamente os mesmos jogos, em plataformas diferentes, que tem Richter Belmont como protagonista, mas suas histórias destoam tão significativamente, além de serem tão diferentes em muitos detalhes, que no fim acabam sendo como duas "realidades alternativas" de um mesmo conceito.

O mesmo se repete em "Nocturne", que seria um tipo de história antes dos eventos de Rondo of Blood ou Dracula X, só que não. Isso pois muito é mudado em prol de uma trama mais inédita, e tem tanta coisa nova que a gente pensa "isso não tem nada a ver com os jogos" ao mesmo tempo que pensamos "caramba, é igual ao jogo"... isso pois muitos elementos remetem ao já visto nos consoles, mas em uma narrativa totalmente inédita.


Richter tem mais personalidade, tem sua origem explicada, tem trejeitos característicos de um jovem rebelde mas, responsável, e ainda por cima tem uma baita de uma família. 

Esse conceito familiar histórico já foi abordado antes, um destaque dou para "Castlevania: Mirror of Fate" que faz uma releitura da história geral da franquia, dentro da série "Lords of Shadow", e mostra um pouco mais de elos familiares diversos, apesar de também ser uma releitura da série principal e mudar muita coisa...


Metade do elenco que o acompanha é uma releitura muito melhor trabalhada, do que os mesmos personagens vistos nos games, e a outra metade são criaturas, ideias e pessoas novas, incluindo vilões, que incorporam a ideia de Castlevania, mas nunca estiveram em Castlevania.


Castlevania sem Castlevania


O título ocidental da franquia sempre é esse, pois as aventuras costumam rolar no grandioso castelo do Conde Drácula, o maior vampiro de todos e inimigo dos Belmont. Só que nessa história, ele é esquecido. 


Drácula é citado brevemente e raramente, como algo perdido e só mais um de muitos males que assolaram a terra. O vilão da vez, é uma condessa e vampira que se auto intitula deusa, e tem poderes avassaladores, além de ser muito mais forte que o Drácula (pelo menos ela acha).

O anime passa bem a ideia de que Richter tem como oponente ela, aliás, não só ela, mas outro vampiro poderosíssimo, que matou sua mãe na frente dele, e este seria seu nêmeses. 


Cada personagem tem seu próprio arco e vilão, e uma história profunda e tão rica em detalhes que o anime vai muito além de uma mera história sobre o Castelo do Drácula, e conta algo sobre "O Mundo do Drácula".

Vale lembrar que a franquia no oriente tem outro nome, ou melhor, outros nomes. Mas eu explico isso no artigo sobre Castlevania - Rondo of Blood.


A Animação


A arte usada é meio americanizada, e tem um estilo que em frames, engana como se fosse um 2.5D, com bordas bem delineadas, uma arte fluída, sem tantos detalhes mínimos mas com uma anatomia bem executada. Mas na hora da ação, é tudo bem caótico, quebrado, e um pouco difícil de acompanhar.


Não que seja feio, mas também não é dos melhores animes já feitos. Sua arte vai mais pelo caminho do vislumbre idealístico, onde a gente pensa "nossa, não sei o que ta rolando, mas achei lindo".

E, é cheia de violência gráfica, mas nada tão perturbador ao ponto de nos fazer vomitar. Vampiros tem cabeças arrancadas, sangue jorra pra todo lado, pessoas vão morrendo aqui e ali, mas apesar de tudo ser explícito, não chega a ser tão gráfico assim.


Não tem vísceras saindo, nem torturas longas, é tudo na base do corte rápido e com vermelho escorrendo, e as expressões de medo pra representar a dor. 


Tem Nudez e Muito Mais!


Aparecem personagens peladões, mas é aquela "nudez censurada" sem mostrar nada de mais, graças aos ângulos da câmera. 


Além disso, não creio que é por ser uma obra "Netflix" mas, idealização de gênero bate o ponto aqui, mas não chega a ser forçado, nem mesmo "explícito", pois os relacionamentos são condizentes com as personalidades e importantes pra construção dos personagens. 


E quem são os Personagens?


Apesar do anime ter apenas 8 episódios de menos de 30 minutos cada (é bem rápido de assistir), sua história compensa muito ser assistida e, não quero conta-la em detalhes. Mas, não posso falar dele sem explicar pelo menos por alto o quanto os personagens mudaram.

Vale dizer que eles "mudaram", mas foi para melhor. Todos mantiveram o que tinham de positivo, e ganharam uma releitura muito mais profunda no que confere desenvolvimento. 


Richter Belmont



Começando é claro pela estrela do show, que é quase como um coadjuvante no todo, pois só passa a brilhar no final e olhe lá... ele é um Belmont, de um clã de caçadores de vampiros e criaturas da noite, que nunca teve um treinamento completo.


Sua mãe morreu quando ele era ainda muito jovem, e o vampiro que a matou ainda o deixou escapar para viver com a tia, na França, em plena época da Revolução.


A mãe de Richter é Julia Belmont, uma guerreira poderosa, que usa o famoso chicote da família, e magias de vários tipos (por ter parte da linhagem de uma bruxa ancestral, mostrada na outra animação diga-se de passagem), mas Richter perdeu o dom da magia depois do trauma de vê-la morrer, herdando apenas o chicote.


Mas, a série/anime faz questão de contar como ele vai recuperando sua força, e vontade de lutar, conforme se depara com ameaças cada vez mais fortes, e conforme sua nova família e amigos sofrem.


O ponto alto da série é quando ele ativa seus poderes, em uma claríssima referência aos seus especiais dos jogos, mas que fica muito mais épico graças a música que toca (justamente a primeira música do seu jogo), e toda a carga emocional que acompanha.


Richter tem uma aptidão sem igual com o chicote e mesmo sem as magias, ele já era um baita de um caçador de Vampiros. Mas, ele não tinha tanto contato com eles, o que já difere de sua natureza nos jogos. Lá, ele era um caçador aposentado por assim dizer, que só volta a caçar Vampiros pra salvar a namorada... que aliás, mudou muito viu.


Ps.: Parece coisa mano, mas na dublagem chamam ele de "Richiter" com  destaque no "chi". Cara, eu chamava ele de "RICHARD"! E depois de aprender a chamar de "Richer", descubro que chamava ele errado até assim. Voltarei a chama-lo de "Ricardão".


Annette


De uma mulher branca com cabelos roxos, o amor da vida de Richter virou uma mulher negra, escrava, "dobradora da terra" e ainda por cima macumbeira.

O curioso é que, nada disso foi posto gratuitamente, e a cultura do Candomblé ganha um baita destaque em Castlevania, com um anime retratando a Escravidão, a magia ritualística derivada dos Orixás, e uma visão um pouco exagerada e fantástica, mas ainda assim retratada dessa religião africana.


Ainda por cima, no contexto de "Nocturne", o estudo dessa religião em contraste ao cristianismo e outras mais, só alimenta a profundidade da trama, e eu fiquei admirado com o que vi.


Annette tem o poder de manipular Ferro e Terra por conta de sua ancestralidade com Ogum, seu orixá. Ela também é capaz de invocar Papa Legba, um espírito sempre invocado antes de grandes rituais, que a ajuda a focar seus poderes.


As referências ritualísticas e tradicionais do Candomblé são gritantes, mas também há muito da Escravidão mostrado, como a revolução dos escravos, a luta pela emancipação, o combate contra Senhores de terra (alguns retratados como vampiros), e por ai vai.


Por ser tão versátil e poderosa, Annette ganha lugar como co-protagonista, e apesar de não mostrar romance com Richter ainda, há momentos de aproximação entre os dois.


Nos jogos, Annette é só o par romântico de Richter que ele precisa resgatar de Drácula... e nunca chega a ser jogável (se fosse, seria épico usar os poderes que ela mostra aqui), tendo pouquíssimo desenvolvimento e sendo mais uma simples "princesa a ser resgatada". 


Aliás, Maria, que lá é muito mais significativa mas também é só uma donzela qualquer pra ser resgatada, recebe muito mais destaque aqui.

Outra coisa, no "Drácula X", Annette é irmã de Maria, enquanto em "Rondo of Blood" elas nem se conheciam. Tudo sempre varia muito nas histórias de Richter.


Daí agora ela foi direto pra Umbanda.


Maria


A pequena garota invocadora de bichinhos, que é um dos melhores personagens de se controlar no jogo, aqui cresceu um pouco mais, mas ainda é tão incrível quanto.


Maria é uma evocadora, prima de Richter, que vive com a mãe e ele na França. Só que, ela é também uma líder revolucionária que luta pela liberdade de todos, justamente pra retratar a revolução francesa, tendo como alvo os ricaços e aristocratas, que porventura também são vampiros. Ela também luta contra os privilégios do clero, mais especificamente contra a igreja cristã.


Apesar de ser uma ativista, o anime não ignora seu aspecto arcano e também cita que a bruxaria é algo mal visto (falando até das famosas fogueiras), mas ela esconde suas habilidades, destinando elas apenas para os combates ao lado de seu primo, contra as criaturas do mal.


Ela é tão rica em habilidades quanto sua versão nos jogos, e aliás, vale lembrar que no jogo de Richter é possível controlar Maria como um recurso extra de gameplay, com ela sendo muito mais forte e versátil que Richter (e bem mais divertida).


Ela pode invocar pássaros, tigres, tartarugas, mas aqui eles todos fazem parte dela, parte da alma dela, e há todo uma passagem pra explicar o quanto eles são mais que meras invocações animais.


E pra variar, sua trama não se resume a ser suporte de Richter, com sua mãe e pai tendo grande relação com a história geral. Porém, Maria é ainda uma criança (apesar de estar muito mais velha que sua versão dos jogos), por isso ainda tem a clássica fraqueza emocional.


Tera


A mãe de Maria se chama Tera, mas pouco se parece com a Tera (na verdade em nada se parece, mas da pra entender no que se basearam pra cria-la). Ela é russa e fugiu de sua terra natal para a França, depois que sua irmã foi capturada e transformada em vampira (posteriormente morta por ela) pela grande vilã da história.


No jogo, ela era uma Freira de cabelos verdes achada num cemitério, já aqui, é a tia de Richter, uma feiticeira poderosa que lança rajadas de diferentes elementos dos dedos.


Além de ser a mãe cuidadosa, riquíssima em personalidade e com um passado bem misterioso, ela também é uma baita guerreira, sempre lutando ao lado da filha, que apesar de também ser um tipo de bruxa, usa poderes diferentes dos dela.


Esse vínculo familiar foi uma escolha sábia, pois expande o universo de Castlevania a algo além de "Belmonts vs Drácula". E Tera sendo a tia toda poderosa de Richter, mostra que há muitos outros no ramo da caçada por ai.


Também há um desfecho terrível pra Tera, mostrando que ninguém está a salvo na trama, o que também vale pros personagens no jogo original. Lá, haviam desfechos diferentes pra eles, dependendo das ações do jogador (e cada jogo tinha suas próprias consequências). Geralmente Annette era quem sofria com isso, mas nessa realidade, o leque de possibilidades é muito maior.


Contudo, a liberdade criativa foi longe em Tera, e parte dela foi transposta em seu "amado", o Bispo/Padre, que acaba sendo a parte religiosa da freira.


Personagens Originais


Juste Belmont, o Avô de Richter


Ele aparece do nada, e juro que quando o vi pensei "Oche, o Alucard de barba?" mas, não era ele. Este era Juste Belmont, avô de Richter e pai de Julia, que não parece ter se importado com a morte dela.


Ele cita que era o maior bruxo da família (constatando que Trevor e Cipher terminaram juntos) mas que abandonou o caminho do chicote, ainda caçando, mas por dinheiro.


Ele também demonstra total perda da fé na luta contra as criaturas da noite, e ainda diz que se afastou de seu neto propositalmente. Mas... é estranho ele aparecer assim.


Parece que ele surgirá depois com mais força de vontade, uma vez que foi através da decepção e desilusão dele que Richter decidiu voltar a acreditar em si, mas isso tudo fica por ai mesmo, afinal a história nem acaba.




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