Get Even More Visitors To Your Blog, Upgrade To A Business Listing >>

AnáliseMorte: Bramble - The Mountain King - Tudo Sobre o Jogo e Seu Significado

Eis um jogo indie que aguardei ansioso pra jogar, e quando joguei parei de trauma, até tomar coragem e retomar para finalizar de vez.


Bramble é um jogo de fantasia, aventura e terror, repleto de temas pesadíssimos e um jeito lindo de mostra-los, se consolidando como uma obra prima.

Contarei tudo a respeito, sem poupar spoilers!

Aliás se prepara, que botei a alma neste artigo.

Boa leitura.

Este é um jogo de fantasia, onde um garoto e sua irmã descobrem no quintal de casa um tremendo mundo mágico repleto de Gnomos, Fadas, Criaturinhas Encantadas, assim como também descobrem um terrível universo cheio de Trolls, Bruxas, Zumbis, Fantasmas e monstros horripilantes e mortais.


Esse é o contexto em que Bramble rola, com nós no controle do pequeno Olle, em busca de sua irmã perdida na Floresta, após ambos desobedecerem a mãe e saírem de casa quando não deviam.

Ele é um jogo indie, feito pela empresa sueca Dimfrost Studio, que até então só tem dois títulos no mercado (o outro que possui é "A Writer And His Daughter", jogo de VR). Foi lançado para PC, Switch, PS4/5 e Xbox One/Series. A equipe é pequena por assim dizer, mas a paixão imbuída neste game é surreal, e faz dele praticamente um Triple A em qualidade.


O incrível deste jogo está em seu visual lindo, com paisagens mágicas belíssimas, e as criaturas agradáveis que surgem. A trilha sonora e sons da floresta e dos bichinhos também é muito imersiva, e só melhora e experiência com suas composições próprias pra cada cenário.

Aliás, a música dita o jogo. Ela foi composta por Dan Wakefield, Martin Wave e tem participação da cantora sueca BJOERN em uma das músicas (que tem voz junto aos instrumentais, alias amei as musicas dela, e não conhecia). 


São mais de 70 músicas originais que são tocadas a cada passagem do jogo, ditando seu compasso, e guiando nossos ouvidos junto ao deleite visual. Além disso, os nomes das músicas fazem parte do roteiro do jogo, explicando o que cada evento significa.

Porém, quando tudo se torna terror a reviravolta é igualmente pesada e marcante, com situações bizarras e perturbadoras, cheias de violência visual, sonora e psicológica (o que se agrava por causa dos belos momentos prévios). É bem difícil de encarar, e é preciso ter estômago pra várias das passagens que ocorrem.


Não é um jogo fácil de encarar, pois ele tem vários gatilhos emocionais e também não pega nada leve quando o assunto é chocar ou incomodar, sem contar que ele engana facilmente, começando de um jeitinho fofinho e adorável, até dar mó murro no nosso estômago com cenas bem intensas.

E aliás, ele se inspira no Folclore escandinavo/nórdico, com muitas criaturas místicas boas ou ruins sendo mostradas, e mesmo sem ter seus nomes citados, eu fiz questão de pesquisar bem a respeito pra entende-las, e saber explica-las. No fim, também compreendi que a grande inspiração do jogo é a própria arte, principalmente de um pintor do século XX chamado John Bauer.

Jogabilidade


O jogo é simples, nós controlamos um garotinho bastante vulnerável, que precisa procurar a irmã enquanto passeia pela floresta, se escondendo de monstros, e passando por obstáculos.


A Câmera acompanha o personagem, mas ela é fixa nos cantos, sempre mostrando o cenário e enquadrando a criança por perspectivas diferentes. 

Isso é interessante pois as vezes, a câmera se posiciona como se fosse um dos monstros nos observando escondidos, e isso contribui muito pra atmosfera macabra de perseguição.


As vezes ela também fica posicionada de um jeito que impede que vejamos as criaturas ao longe, e nos deixa ainda mais vulneráveis do que estaríamos se ao menos pudéssemos ver os inimigos.

Dessa forma, temos de pular plataformas, nos pendurar, e superar armadilhas, sempre sem sermos vistos ou capturados.


Ainda podemos interagir com pontos de luz branca nos objetos e documentos, para coletar ou vasculhar em busca de pistas e chaves. 


Há alguns puzzles também, usando movimentos as vezes, e o ápice é quando rolam Quick Time Events para superar algum objetivo, sem em puzzle ou em batalha.

Os inimigos são de vários tipos, alguns submersos em pântanos e lamaçais, outros bem aparentes e rápidos, porém cegos, e tem inimigos gigantescos que podem nos matar com um único tapa.


Na verdade, tudo mata com um único toque, e o estilo furtivo é uma das formas de se escapar de tudo, porém não é a única. Ele não tem barra de vida nem nada assim, e o jogo se salva automaticamente, voltando sempre do último ponto seguro (em chefes, ele retorna da etapa mais recente do combate, o que facilita muito).

Rolam combates as vezes, diretos ou indiretos, onde ganhamos a habilidade de jogar pedrinhas.


Daí é só mirar e atirar (nos pontos em destaque), e a munição pode variar de pedrinhas simples, até uma Bolinha de Luz Brilhante que o personagem obtém depois de um tempo.

Essa luz também serve como iluminação em locais bem escuros, podendo revelar caminhos ocultos na água, e afastar algumas criaturas sombrias.


Ela também vira uma espada, mas não serve para combate direto. Essa espada só serve em um chefe, e para uma ação bem específica, sendo que todo o combate se resume a esquivar dos ataques alheios e tacar pedras ou a luz no ponto fraco dos inimigos.


Assim o protagonista só precisa ir andando mesmo, passeando pelos tormentos do dia e da noite, as vezes brincando, e quase sempre sofrendo de pavor, até recuperar sua irmã. 


História


Por ser um jogo curtíssimo, da pra contar sua história e falar de tudo ao mesmo tempo. O protagonista meio que perambula por Contos de Fadas, estilo irmãos Grimm, só que nórdicos. Então sempre tem alguma criatura diferente, boa ou não (na maioria das vezes não), e um livrinho que ele pode achar e ler.


Não é sempre obrigatório a leitura, e a mãe dele que narra os contos (na maioria das vezes), facilitando a compreensão pois isso vem junto de ilustrações.

E também, os contos não parecem se conectar, com uma ou outra sutileza em comum, mas com histórias próprias de fantasia puxada pro terror, sempre se inspirando em alguma figura sobrenatural do folclore nórdico.


Os livros explicam a origem das criaturas vistas, mas a história do garoto apenas se cruza com a deles, forçando ele a escapar das ameaças.

Tudo é separado em capítulos, mas eu acho mais legal contar a história do meu jeito...


Desobedecendo a Mãe


O primeiro conto é o da mocinha que saiu de casa a noite, pra brincar na floresta, contra as ordens da mãe. Por causa disso, ela acabou sendo capturada por espinheiros e um monstro da floresta, e nunca mais foi vista.

Daí, o protagonista acorda em seu quarto, compartilhado com a irmã mais velha chamada Lillemor, e descobre que ela saiu de casa durante a noite. Rapidamente ele sai também, pra procurar por ela, se lembrando das palavras da mãe (e claramente a desobedecendo).


No caminho, sem nada de assustador exceto a própria floresta, ele acaba caindo num buraco, e encontra uma esfera de luz numa estátua de uma garota, pegando ela e carregando ela consigo.


Não demora até ele encontrar a irmã, cantando no topo de um morro com ruínas antigas, que ele escala por algumas escadas, e até aí tava tudo certo.


Porém eles começam a brincar com a Esfera Brilhante, que flutuava quando eles arremessavam. Passam a jogar com ela (o que serve de tutorial), até que ela acaba indo pra muito longe. 


A irmã consegue pegar a esfera...


Mas quando os dois se abraçam felizes, na beira do precipício, tudo desmorona e os dois caem pra morte certa.



Terra dos Gnomos - 
A Lenda dos Gnomos, Rumpnissar, Rei Sapo e Fadas


Mas eles não morrem. Ao invés disso os dois magicamente reduzem de tamanho, e vão parar num mundo pequenino cheio de criaturas fantásticas.


A floresta fica gigantesca, os animais também, e eles passeiam enquanto se divertem e exploram a feliz floresta toda iluminada.


No caminho se deparam com um monte de Gnomos, fofinhos que só, que fazem barulhinhos de bebês e riem o tempo todo. Eles brincam com eles, de esconde esconde, e todos se tornam amigos.


Curiosamente, a narração da mãe (que surge em muitos momentos, sendo a única pessoa que fala o jogo todo), informa que os Gnomos de início temiam os forasteiros, mas logo se acostumam com eles, o que seria uma surpresa pois tudo que se aproximava deles tentava devora-los.


Isso era um baita sinal de que as coisas não terminariam bem, mas as crianças continuam brincando e entrando mais e mais na floresta. Eles conhecem o Rei Sapo, brincam um pouco com ele...


Conhecem os bebês flores (Rumpnissar), e também brincam com eles. 


Até que chega um momento onde a mocinha vê fadas, e as segue saindo de perto do irmão, quem se distrai com um poço.


Ele perde a noção do tempo e só se dá conta que a irmã sumiu, quando anoitece. Daí ele procura por ela, agora na assustadora floresta noturna, guiado pelas fadas é claro.


E ele a encontra, bem a tempo de vê-la ser capturada por um Troll gigante, que a enfia num saco e tenta capturar o garoto, que cai de um barranco e se salva... mas sua irmã não tem a mesma sorte.


Bem, os Gnomos são seres bem pequenos com chapéus pontudos, que ficam pela floresta em casinhas minúsculas, com fazendinhas e jardins. Eles são construtores engenhosos e versáteis, além de defenderem as florestas e animais. 

O tamanho varia dependendo de quem está contando a história, mas sempre são retratados como seres menores que os humanos, mas de aparência humanoide. No jogo o que vemos são pequenas comunidades tão minúsculas que só podem ser vistas quando os personagens reduzem de tamanho, onde há sempre um líder barbudo (pelo que parece é apenas um, que reaparece várias vezes) e seus filhinhos. 

"But how do I get into the mountain the gnome boy asked"- John Bauer

Lembra muito os Smufs. Mas eles não são as únicas criaturas minúsculas a aparecer. Aliás, há um colecionável no jogo, onde precisamos pegar Estatuetas que simbolizam as muitas criaturas encontradas ao longo da história. Elas não mudam nada na história, só ficam no quarto das crianças no fim, na estante. Mas o curioso é que quem faz essas estatuetas é o Gnomo Barbudo. Dá pra ver ele fazendo um dos próprios Gnomos no começo do jogo.


O jogo os chama de Gnomos, sendo uma das poucas criaturas nomeadas diretamente (muitos são chamados pelo nome das músicas que toca quando aparecem) e provavelmente são inspirados nos quadros de John Bauer (falarei muito dele ainda).

Aliás, os "Rumpnissar" são apenas bebês com frutos na cabeça, criados em hortas (sei lá, lembrei muito da lenda dos Bebês nascidos do Repolho, mas não achei nada sobre eles em detalhes).


O curioso neles é que, tecnicamente são alimentos, e não crianças de verdade. Os Gnomos colhem eles (são suas plantações) e, da até pra ver uma carroça de colheitas frescas. Assim, pode-se dizer que apesar de fofinhos, são presas dos Gnomos (cruel né?).


Mas também plantas humanoides. Mais pra frente na história aparecem alguns como "Dentes de Leão" vivos. Ou seja, talvez eram apenas as plantas (que são vivas) só que antropormóficas.


O "Rei Sapo" é uma referência rápida aqueles contos dos irmãos Grimm (ou seja, seria parte do folclore alemão), do Príncipe Sapo que quando beijado revelava ser um príncipe de verdade. Rola até o beijo aqui (ele lambe a garota) mas não ocorre qualquer transformação. Não achei equivalentes na mitologia nórdica, mas igualmente ele não é um personagem de destaque.


E no caso das Fadas, elas estão presentes em contos europeus diversos e são tão comuns, que o termo comum para histórias de fantasia é "Contos de Fadas". Elas também existem na mitologia nórdica, e são bem diferentes do que é mostrado no jogo.

Ao invés de pequenas criaturas reluzentes, originalmente as "fadas" eram chamadas de Älvor, que pode ser traduzido tanto para Elfos quanto para Fadas, tudo varia com relação ao contexto (ou seja, Elfos e Fadas são praticamente a mesma coisa). 

 "At that moment she was changed by magic to a wonderful littl" - Joun Bauer

Elas seriam criaturas mágicas invisíveis, que dançam e cantam pela floresta, deixando rastros de névoa e luz por onde passam. Segui-las seria um erro, pois elas não gostam, e podem fazer seus observadores adoecerem


Ironicamente as duas vezes em que são percebidas, são quando são incomodadas. A primeira vez em um poleiro bem pequeno, onde da pra ver uma bem de perto, mas ela se esconde rapidamente por se sentir incomodada.


E depois durante a separação dos garotos, onde uma delas é seguida. Por mais que parecesse algo inofensivo, é provável que as fadas tenham guiado as crianças pro encontro do Troll, de propósito.



This post first appeared on DivulganteMorte, please read the originial post: here

Share the post

AnáliseMorte: Bramble - The Mountain King - Tudo Sobre o Jogo e Seu Significado

×

Subscribe to Divulgantemorte

Get updates delivered right to your inbox!

Thank you for your subscription

×