Get Even More Visitors To Your Blog, Upgrade To A Business Listing >>

AnimeMorte: Zom 100 - Bucket List of Dead - Minha vida num anime!

Um Anime semanal... NA NETFLIX? Nem sabia que tinha isso.

O pior é que nem foi isso que mais me surpreendeu nesse anime, mas sim o fato dele cair como uma luva na minha vida atual. Acho uma boa oportunidade pra falar de como eu sou um zumbi, ou fui... 

Falarei mais do anime, e de mim mesmo, a seguir.

Boa leitura.

Zom 100 ou "100 Coisas a Fazer" é um anime de Terror e Terror Social (por assim dizer), que retrata o cotidiano de um jovem, em pleno apocalipse zumbi, podendo viver pela primeira vez livre.

Ele está apenas com o primeiro episódio lançado atualmente, e provavelmente terá um novo capítulo toda semana, o que é muito incomum na plataforma em questão, pois por padrão, a Netflix costuma lançar materiais "completos", com temporadas inteiras para maratonarmos, e não é como outras plataformas que trabalham no modelo semanal.

Mas nem posso reclamar, pois é uma grata surpresa ter algo novo pra acompanhar, agora que tô desempregado.

O anime é super bem feito, mas não tem como objetivo assustar. O foco dele é nos fazer pensar, sobre nossas próprias vidas e sobre quem somos, e já no primeiro episódio ele deixa bem clara sua grande proposta... mas é claro que o acompanharei com prazer.

Semelhanças...

Assisti ele com um sorriso, pois enxerguei muitas semelhanças entre minha vida e o que o anime conta. Mas, não foi algo literal... nem teria como ser, as coisas que passei não são exatamente iguais (ainda espero um apocalipse), mas consigo compreender o que o protagonista sentiu, antes mesmo dele explicar.

A história retrata um jovem entusiasmado entrando no emprego dos seus sonhos, repleto de sonhos e objetivos, e descobrindo na marra que nada é um mar de rosas, e toda sua vida é sugada pelo emprego. Seus colegas formam uma família, mas uma família que vai e vem a qualquer momento e pior, Tudo o que eles deixam cai em suas costas quando partem, e o que fazem nunca é compartilhado com ele.

Seu chefe é um amor de pessoa, que pouco liga pra ele ou para seus colegas, e só sabe gritar, repreender, insultar e exigir, sem jamais nem propor algo decente em troca.

O tempo consumido no Trabalho é tanto, que não sobra nada para viver, ou pelo menos pensar em viver. Tudo gira em torno de trabalhar, produzir, receber e pagar contas. Dormir é um benefício raro que poucos conseguem usufruir e os que conseguem, abrem mão disso pra poder fazer outras coisas como beber, se alimentar, ou tentar se divertir.

Desse jeito o que toma a mente do jovem é apenas o suicídio. Um jeito de abandonar tudo sem que ninguém reclame depois, afinal caso ele abra mão de suas responsabilidades, outros carregarão seu fardo e ele será o vilão.


Mas um dia o mundo acaba, todos morrem e viram zumbis, e ele finalmente não precisa mais trabalhar, podendo concentrar o que resta da sua vida em viver.

Cara, pra ser justo nem sei onde estou falando do anime ou de mim mesmo aqui... pois tudo foi tão recente...

O Meu caso...

Ingressei no serviço público da minha cidade como concursado, mas antes disso eu tinha um cargo de confiança político, em acordo com meus pais. Na época eu estava depressivo, trancafiado em meu quarto e sonhando com o fim... e a solução daqueles que se importavam foi me botar pra trabalhar e me fazer pensar. Eu só teria de focar no trabalho em que estava, e a parte política (que era necessária pra esse tipo de cargo) ficava nas mãos dos meus pais. Foi um acordo justo...

O louco é que funcionou! Trabalhei em uma escola, a mesma em que meus irmãos estudavam, e o tempo lá foi bem divertido. Depois trabalhei em secretarias, também em escolas, e conheci uma garota por quem me apaixonei... mas sabe como é, era aquele tipo de paixão motivada por aparências e convivência. Meu mundo resumia a servir aos outros, e todas as pessoas que eu conhecia eu botava numa listinha de "Quem irei ajudar pra continuar sendo útil".

Eu ainda era funcionário de Cargo de Confiança, e nesses casos, rolam cortes constantes a cada novo período eleitoral (mó politicagem), e obviamente eu que nem fazia o "serviço de comissionado" e nem puxava saco de político, fui a primeira cabeça a voar. O louco que na época meu maior objetivo era ajudar aquela minha colega, a todo custo. Mas fui cortado, mandado embora com uma mão na frente e outra atrás.

Contudo, eu já sabia dos cortes e pra não deixar minha paixão na mão, antes deles ocorrerem prestei o primeiro concurso público que achei, um cargo bobo de Agente Municipal (o menor do ramo) e passei com louvor nas provas (duas vezes pra variar). Assumi o cargo e a primeira coisa que fiz foi implorar pro Secretário uma chance de voltar lá pra escola em que eu trabalhava antes (tudo tinha ocorrido com 1 mês de diferença) e... obviamente que rejeitaram meu pedido. Me mandaram pra uma portaria, pra trabalhar como controlador de acesso, apertando um botão e monitorando carros.

Depressão, meus olhos se encheram disso uma vez mais. Aquilo era ridículo, eu tinha tanto a oferecer e precisava tanto ajudar minha colega, e no fim eu tava lá apertando botões. Felizmente nesse meio tempo busquei outras coisas pra fazer, e comecei a dedicar o tempo ocioso à jogar, escrever e desenhar. Claro que isso começou a incomodar o pessoal, e aos poucos começaram a me cobrar por isso.

Não bastava estar ali, e fazer o básico pra tudo funcionar... eles queriam minha alma! Era pra ficar de olhos atentos 24 horas, jamais desviar pois caso algo ocorresse, a culpa era minha por não prestar atenção e ficar ocupado escrevendo ou jogando no celular. Justo, e isso só me fez querer desistir, e começar a atrasar, faltar, apenas dormir e desejar nunca mais acordar.

Isso resultou em uma transferência pro setor dos "loucos", um canto escondido da prefeitura onde o pessoal cuidava de arquivos, documentos e pastas de funcionários. Apesar do título popular, aquilo foi minha salvação, pois lá conheci aquela que chamo de irmã.

Minha nova chefe era simpática, e interessante, queria me ensinar tudo o quanto antes, mas também queria saber quem eu era, o que eu almejava ali. Nos tornamos amigos bem rápido, e pra variar, a primeira coisa que ela me disse foi "Logo vou sair, não aguento mais isso". O motivo era simples, o local era repleto de demandas, e ela estava muito sobrecarregada, a anos.

Eu então vi nela uma nova chance pra existir, um novo objetivo, eu precisaria ajuda-la, e prometi "Enquanto eu estiver aqui, farei tudo pra carregar o fardo contigo". E assim o fiz! Por anos me dediquei a ajuda-la, aprendi todas as funções que ela conhecia, e me dediquei ao máximo pra nunca decepcionar. Ainda pecava com assiduidade, atrasando com frequência (muito pelo fato de levar 1h20 minutos de ônibus da minha casa até o trabalho), mas eu fui bem...

Mas um dia ela saiu. Ela achou uma oportunidade melhor para crescer, e apenas saiu. Na ausência dela, me foi sugerido assumir, por ela mesma! Ela disse que eu deveria me preparar e treinar e caso eu desejasse, eu poderia, talvez, quem sabe, ser o novo na chefia daquele lugar. No começo eu nem pensei na ideia, achei loucura, mas depois parei pra refletir e pensei "Por que não?"

Lamentavelmente aquilo era um erro. Eu era um zé ninguém aos olhos dos superiores, e outros foram promovidos no meu lugar. Por mais que eu tentasse conversar, faziam questão de me ignorar, fugir de mim, me olhar feio, e até ameaçar. A situação foi tão absurda, que eu voltei a pensar em me matar.

Ironicamente eu nunca estive mais vivo do que nessa época. Minha irmã me fez buscar outros objetivos, conheci outra pessoa que apenas me estimulou muito a crescer como ser humano, era alguém do meu passado que voltou do nada, e se tornou um grande aliado, e com o tempo, eu fui encontrando gosto pela vida, gosto por escrever, desenhar, jogar, e passei a desejar algo por mim mesmo, e não pelos outros.

Mas sempre que eu acordava, a primeira coisa que vinha na minha mente era "Tenho de ir pro trabalho". Aquele trabalho onde eu fazia tudo pra ser o melhor pra empresa, era cada vez mais desgastante e desmotivador. E tudo foi piorando...

Além de me tratarem como nada, ainda começaram a abusar de mim. Depois que minha superior saiu, o trabalho dela veio em massa pra mim. Todos pediam para que eu realizasse as mesmas funções dela, com sorrisos e piadinhas, mas sem jamais nem sugerir um aumento. 

Então pedi por Licença Premio (um benefício adquirido após 5 anos de trabalho), e me foi rejeitada. Detalhe: Eu queria em pecúnia, que era troca por dinheiro e não folga, afinal eu precisava muito de grana... mas a resposta foi "Você só poderá tirar daqui a dois anos".

Mas então, um colega meu pediu o mesmo benefício, e foi concedido na hora, sem nem haver conversa sobre quem o substituiria. Adivinha?! O trabalho dele foi jogado na minha mesa, e eu era o único que sabia fazer.

Peguei mais essa função, e por dias corri atrás do secretario, insistindo em uma reunião para colocar os "pingos nos is", explicando que eu estava em desvio de função, sobrecarregado, e desmotivado, e tudo que queria era um aumento ou reconhecimento. A solução dele foi fazer uma reunião com todos da equipe, onde fui exposto, e deixei claro pra todos que eu queria sim o cargo de supervisão, eu queria crescer, mesmo sendo apenas um agente municipal.

O resultado disso foi me ignorar, chamaram outros pro setor, deram o cargo pra eles, pessoas como secretaria e amiga do chefão, e um cara que receberia adicionais só de assumir o local... mas sabe o mais irônico? O serviço continuava nas minhas costas. Queriam que eu ensinasse os outros a fazer o que eu fazia, fazendo. Ou seja, eu permaneceria trabalhando, pra outros receberem em meu lugar, e depois eu seria descartado, simples assim.

Nunca me senti tão infeliz, mas quando chegava em casa, eu voltava a viver, pois via meus pais, meus irmãos, meu sobrinho incrível, meus amigos, e meu site. Podia assistir coisas, escrever, jogar, desenhar... e foi quando eu finalmente quis viver.

Notei que, para o trabalho eu concedia da minha vida cerca de 12 horas ao dia. Eram 9 horas corridas de trabalho (o almoço nunca contou, eu raramente saia e quando o fazia era com minha chefe, mas agora ela nem tava lá, então eu ficava na mesa, e quando surgia trabalho eu fazia), e 3 horas de viagem de ônibus. Isso quando eu tinha sorte, pois o trânsito na volta pra casa era intenso de mais.

Isso significava que eu tinha 12 horas pra dividir entre dormir e ter algum tipo de lazer. Mas, meu cansaço e exaustão, além do stress acumulado por ouvir reclamações o dia todo, me fazia sempre decidir pela cama.

Meus únicos dias livres eram os do fim de semana, e os feriados... e já não eram mais o bastante pra suprir todas as minhas ideias e desejos. Eu queria muito apenas viver.

Um dia então, me ofereceram remuneração pelo que eu já fazia... fora do trabalho. Nada de mais, era um valor simbólico mediante a acordos provisórios para escrever, mas isso me foi como uma luz no fim do túnel. Seria minha chance, de largar tudo e apostar na minha própria vida.

De um dia pro outro, chamei a família pra conversar, e com o apoio de todos, fui direto pro trabalho, enchi os pulmões e disse com orgulho: Quero Demissão!

E dessa forma me vi livre de tudo, sem meu salário mínimo e minha cesta básica, perdi direito ao dinheiro da licença premio que jamais me concederam, e saí com uma mão na frente e outra atrás (perdi até meu décimo terceiro). Os caras ainda jogaram atrasos, faltas, jornada incompleta, um monte de reduções em impostos, e minha rescisão foi tão minúscula que não servia nem pra pagar a internet.

Então no fim, encontrei a liberdade, e a chance de seguir adiante, mas meu mundo virou um pequeno apocalipse de fato. Não sei como será amanhã, não tenho certeza se estarei vivo, nem sei se vou conseguir alcançar o que sonho. Não sei como pagar as dívidas, não sei como me sustentar, nem quero ser estorvo pra ninguém, mas estou aqui, pela primeira vez, brigando pra permanecer vivendo!

Ver esse anime me fez renovar aquela sensação de orgulho, pois notei que, passei pelas mesmas coisas que um personagem fictício! 

E detalhe, sabe a Lista do título? No final do episódio o personagem faz uma lista com o que seriam seus "100 desejos". Então, minha chefe antes de sair me fez fazer um tipo de "lista de oração" em que eu colocava meus objetivos nos próximos 6 meses, e orava por eles. Era algo bem religioso, mas eu topei e, isso me abriu os olhos. Me fez pensar que eu podia sonhar, podia desejar coisas, e lutar por elas.

Na lista estava lançar meu mangá, estava monetizar meu blog, estava vender meus desenhos... e eu consegui fazer tudo isso!

Eu consegui lançar meu mangá, de forma amadora e tal, mas ele continua ali, publicado na Amazon (clique aqui se não acredita!!), e tive ainda ajuda da minha melhor amiga pra lançar.

Eu mesmo comprei uma edição, e sinto orgulho de mais em tê-lo ali na estante. Caramba, eu que nunca tinha sonhado antes, agora pude realizar um desses sonhos.

Meu site deu lucros, pouco, mas deu. Alguma coisa tirei dele, e isso só me motivou a escrever mais e mais!

E desenhos? Muita gente comprou! Provavelmente ninguém mais comprará afinal muitos eram contatos que eu tinha na prefeitura, mas em todo caso, estou satisfeito em ver que eu tinha conseguido o que planejei!

E eu fiz uma nova lista, tenho novos sonhos, e desejo ir mais longe ainda.

Não tenho certeza de nada, mas estou lutando por isso.

E, bem, continuarei assistindo ao anime. Garanto que em próximos textos focarei mais na história dele, e não na minha.

É isso!

See yah.



This post first appeared on DivulganteMorte, please read the originial post: here

Share the post

AnimeMorte: Zom 100 - Bucket List of Dead - Minha vida num anime!

×

Subscribe to Divulgantemorte

Get updates delivered right to your inbox!

Thank you for your subscription

×