Eis um found footage de mal gosto, pessimamente executado, com atuações risíveis e pra variar uma história nojenta e desagradável, que se vende como real, mas nem tenta soar assim.
Não veja, pois é um filme ruim.
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O filme inteiro é uma tremenda enrolação, com duas jovens adolescentes o tempo todo discutindo coisas de conotação sexual, e participando de eventos duvidosos, filmadas por webcams de notebooks convenientemente configuradas pra registrar tudo quanto é coisa, sem que ninguém saiba.
E, se não bastasse, o filme apela pra cenas de abuso infantil (as atrizes na época tinham mais de 20 anos, mas interpretavam adolescentes de 13 a 15 anos), não explícitas (graças a deus) porém presentes e constantemente insinuadas.
Ainda por cima, ele não encerra sua história, sendo na verdade um grande ode à brutalidade gratuita, que busca chocar com cenas longas e intermináveis de pessoas implorando pela vida sem qualquer chance de sobreviver.
Dá até pra resumir o filme de forma que você não precisaria assistir pra conhecer tudo o que ele tem a oferecer:
Duas adolescentes, uma pervertida e metida no mundo sexual por sofrer abusos desde os 9 anos, e uma inocente, de boa índole, que calhou se ser sua melhor amiga, acabam entrando em contato com um cara anônimo na internet e, depois de 4 conversas via webcam (onde ele não usa câmera por desculpas fajutas), acabam sequestradas e mortas num bunker. A primeira sequestrada é a pervertida, que acaba sendo abusada e deixada dentro de um barril trancado, onde ela apodrece. A outra, é capturada por entrar em contato com ele depois de se preocupar com a amiga, e é levada pro Mesmo lugar, também abusada (perde a virgindade com o estuprador) e é posta no mesmo barril, com a melhor amiga (Megan, que da o nome ao filme), e é enterrada viva nesse mesmo barril, enquanto implora por sua vida. Fim de filme.
A história, em termos de terror, é trágica mas, é o que se esperaria. Porém a forma como ela é contada beira o deboche, pois mesmo se passando por "Fatos Reais", nada é convincente ou plausível.
Isso vem logo desde o começo do filme, com a justificativa das imagens que acompanhamos. O próprio diz que são coletâneas de arquivos que foram confiscados dos computadores dos envolvidos, câmeras de segurança, e até câmeras de mão (pois no tempo que ele retrata - 2007 - os celulares ainda não era tão desenvolvidos), no entanto, além de serem todas convenientemente boas de mais, estão sempre registrando momentos chave pra que a trama ande, e não soam em nada naturais.
Sem contar que, desde quando webcams gravam conversas virtuais automaticamente? Até mesmo chamadas no que parece um Skype da época, tudo era salvo? O filme nem mesmo tenta explicar ou dar uma resposta plausível pra essa justificativa, onde as adolescentes mal utilizam seus computadores, no máximo pra gastar alguns momentos conversando online.
Uma delas, a Megan, é inclusive uma festeira nata, popular entre todos, que mal tem tempo pra ficar num PC. É ilógico esperar que ela gravaria suas conversas, e ainda mais ilógico acreditar que webcams o fazem automaticamente.
Não obstante, o longa também tem as piores atuações que já pude testemunhar. As duas protagonistas até conseguem convencer, dentro do aceitável e se não esperarmos muito, agora os demais personagens... tudo soa artificial e decorado.
Tem uma atriz inclusive, que parece que foi paga para atuar mal, pois em todas as cenas em que ela aparece, ela está segurando o riso.
O inusitado disso é que, todas as cenas em que ela aparece são de teor triste, em depoimentos pra polícia ou televisão, sobre coisas ruins, perdas, eventos ruins.
Enquanto as duas atrizes que sempre a acompanham entram em suas personagens, e passam a ideia de estarem chateadas, ela fica no meio rindo, ou melhor, tentando não rir.
Tem até uma parte no filme em que ela está na cena, mas parece que o diretor (se é que teve diretor essa joça) pediu pra ela ficar longe da câmera, afinal não tinha falas mesmo, e mesmo assim da pra notar ela rindo!
Ou ela odiava muito a Megan, ao ponto de estar comemorando por dentro o desaparecimento dela, ou ela simplesmente era bem ruim na atuação... pois mesmo sem falas, conseguiu estragar várias cenas.
Apesar do filme respeitar o gênero não incluindo efeitos especiais ou trilhas sonoras, ele ainda consegue desperdiçar o estilo de filmagem perdida, apenas entregando momentos de pura conveniência de roteiro.
Por exemplo, nas partes finais (supostos 22 minutos sem cortes do fim trágico da segunda mocinha), há pelo menos 4 cortes escancarados, disfarçados como "falhas da câmera" ou melhor, explicados como momentos em que o assassino desligou a câmera e religou.
Não só isso, ainda há uma constante necessidade de focar o barril onde no final é revelado que Megan estava o tempo todo, o que, não é surpreendente, é apenas forçado, ou se torna forçado, pois parece que o filme quis dizer "Atente-se a esse barril, você vai ficar chocado".
Em enredo, a história é mais furada que queijo suíço tapado com peneira em pesadelo de tripofóbico.
Em dada parte, o caso do desaparecimento de Megan vira noticiário, ganha um programa de TV dedicado, e até mesmo um site para denúncias (que jamais ocorrem). Sério, a suposta emissora que estaria cobrindo a notícia, abre um Site, dedicado ao desaparecimento de Megan (FindMegan), ao invés de usar o próprio site do programa em si, ou da polícia, ou da emissora!
Mas, além de ninguém parecer dar a mínima pro tal site, a única pessoa que leva pistas do sumiço da amiga (a garota inocente) tem sua imagem exposta na televisão (sendo menor de idade!) e ainda por cima é deixada em risco com um suposto sequestrador (que ela mesma denunciou) em sua cola, sem escolta policial, sem orientações, e ainda podendo sair sozinha de casa com sua câmera, sem ninguém se importar! O nome e endereço dela tinham acabado de ser divulgados pela mídia, pelo amor de deus!
Os caras conseguem empurrar até mesmo uma reconstituição do crime, que antes de ser mostrada, tem seus bastidores com os atores (que interpretariam a vítima e sequestrador) depondo a respeito... pra em seguida mostrar uma das coisas mais vergonhosas que um filme de terror podia fazer.
A reconstituição é falsa num nível muito escroto, com trilha sonora, efeitos especiais, drama exagerado, e ainda por cima sem absolutamente nada à comunicar. Ela apenas repete uma cena, mostrada 4 vezes seguidas, de Megan sendo puxada por um homem na frente de um estacionamento, algo registrado por uma péssima câmera de segurança.
Não há investigação posterior, ninguém foi atrás de carros, ou de testemunhas. Não há relatos citados, nem nada parecido, mesmo com um monte de jornalistas "cobrindo". Irônico que apenas 1 emissora tem suas cenas compartilhadas, sendo que há vários supostos noticiários a respeito.
Pra variar, no desfecho, a câmera da garota inocente é achada dentro de uma lata de lixo num parque, e posteriormente assistimos os 22 minutos finais do que ela gravou. Estranhamente, o assassino que utilizou a câmera, pra registrar especificamente momentos em que entraria em contato com a mocinha e a torturaria, psicologicamente, e fisicamente, mas tomando muito cuidado pra não mostrar nada de mais, como seu próprio rosto (isso até faz sentido).
A questão é que, não nos é revelado o que ocorreu após a descoberta da câmera. O local onde ela é enterrada viva é filmado, mas não é mostrado em filme o que as autoridades fizeram depois de pegar essa informação. Também não há noticiário algum, nem mesmo notinha de rodapé ou pós-crédito citando os eventos que se seguiram.
Isso deixa tudo em aberto, o que é desagradável de acompanhar, pois fica parecendo que o filme não acabou. Ainda por cima ele bota uma gravação das duas amigas conversando sobre o futuro que teriam, o que levanta a pergunta: O que raios ele quis comunicar?
O filme começou como um pseudo mockumentario, mal feito, mas ainda assim seguindo os padrões de um documentário, pra no fim virar um Filme Achado de um Serial Killer da Internet, e é isso.
Ele não se sai bem em nenhum dos dois modelos, pois não convence, nem informa, ele apenas mostra coisas pra chocar (e nem mostra nada explícito), e fica por isso mesmo.
Deprimente.
Pior que esse filme é velho. Ele é de 2011, mas por alguma razão em tempos recentes vi várias referências à ele pela internet e pensei "Ué, porque eu não conheço esse found footage?". Pois bem, eis a resposta: É um filme podre.
Nem perca tempo assistindo, e se tá curioso, o máximo que tem de terror nisso é a atuação mesmo... e a mina de 14 anos (ela fez aniversário no meio do filme) sendo enterrada viva, depois de estuprada, enquanto implora e tenta barganhar pela vida, se declarando pro serial killer.
Filme desagradável... aliás, é cada lixo que to achando viu. Desculpe por escrever sobre isso... mas não quero esquecer que é algo que não devo ver novamente.
