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1 João – A Bíblia Livro Por Livro

■ Conteúdo: um tratado que oferece segurança a alguns cristãos específicos, encorajando-os a serem leais à fé e prática cristãs — em resposta a alguns Falsos Profetas que deixaram a comunidade

■ Autor: o mesmo autor que escreveu 2 e 3João, que ali adota a designação de “o presbítero”; uma sólida tradição histórica considera tratar-se do apóstolo João

■ Data: desconhecida; provavelmente perto do final do primeiro século cristão (final da década de 80; início da década de 90)

■ Receptores: uma comunidade cristã (ou comunidades cristãs) bem conhecida do autor (a quem ele chama de “filhinhos” e “amigos”; os falsos profetas saíram “dentre nós”, 2.19); tradicionalmente considera-se que sua localização tenha sido em Efeso ou nos seus arredores

■ Ocasião: a apostasia dos falsos profetas e seus seguidores, que colocaram em questão a ortodoxia — tanto na fé quanto na prática — daqueles que permaneceram leais àquilo que remonta ao “princípio”

■ Ênfases: Jesus, que veio em carne, é o Filho de Deus; Jesus mostrou o amor de Deus por nós por meio de sua encarnação e crucificação; os verdadeiros cristãos amam uns aos outros assim como Deus

os amou em Cristo; os filhos de Deus não pecam habitualmente, mas quando pecam, recebem o perdão; os cristãos podem ter plena confiança no Deus que os ama; porque cremos em Cristo, agora temos a vida eterna

VISÃO GERAL DE 1JOÃO

Você pode experimentar certo grau de ambivalência ao ler ljoão. Por um lado, o estilo da carta é bastante simples, com um vocabulário bastante básico e restrito (tanto assim que esse costuma ser o primeiro livro que os estudantes de grego aprendem a ler). Ele também conta com um bom número de momentos memoráveis — e outros profundos. Por outro lado, pode ser realmente difícil seguir a linha de pensamento de João. Não só é difícil às vezes enxergar de que maneira as suas idéias se ligam umas às outras, mas certos temas, obviamente significativos, são repetidos várias vezes ao longo do livro.

Ainda que, como a maioria das cartas de Paulo, o objetivo de ljoão seja a persuasão, esse escrito não vem a nós na forma de carta (observe que não há saudação inicial nem final). O mais provável é que isso ocorra porque João está escrevendo a comunidades sobre as quais ele tem supervisão direta. O que ele escreve inclui ensinar “o que desde o princípio ouvistes” (2.24) sobre o “Verbo da vida”, que “é desde o princípio” (1.1; cf. 2.13).

As principais questões de ljoão são três: a encarnação; o amor pelos irmãos, especialmente aqueles em necessidade; e a relação entre o pecado e ser filhos de Deus. Os dois primeiros são os mais prementes, e são expressos juntos em 3.23: “Ora, seu mandamento é este: que creiamos no nome de seu Filho Jesus Cristo e amemos uns aos outros”.

Alude-se à encarnação em 1.1-14 e 2.20-25, e então se trata dela especificamente em 4.1-6 e 5.1-12. O significado salvífico da morte de Cristo — a expressão máxima do amor de Deus por nós — é ligado diretamente à convicção pessoal de que ele “veio em corpo”.

O autor trata de maneira preliminar da questão de os cristãos amarem uns aos outros em 2.7-11, e então mais especificamente em

3.11-24 e 4.7-21. A ligação óbvia entre esses dois temas é que o amor de Deus por nós, amor que também devemos demonstrar uns pelos

outros, é plenamente revelado na encarnação, quando o Filho de Deus morreu por nós (cf. 2.5,6; 3.16; 4.8-12).

O tema do pecado é ligado à questão de quem são os verdadeiros filhos de Deus. O autor trata da questão em 1.5—2.2; ela é retomada em 2.28—3.10, bem como na conclusão do livro em 5.13-21. Os verdadeiros filhos de Deus não continuam vivendo no pecado, mas também não são perfeitos e sem pecado; o que importa é se a obediência deles é exprimida no amor pelos irmãos. Os verdadeiros filhos de Deus já receberam a vida eterna (= entraram na vida de Deus, e dessa forma já experimentam a vida da era vindoura).

ORIENTAÇÕES PARA A LEITURA DE 1JOÃO

Enquanto você lê ljoão, observe especialmente o que o autor diz sobre os falsos profetas, já que eles têm importância fundamental nesse livro. Observe que eles deixaram a comunidade recentemente (2.19), mas apenas depois de tentar desencaminhar toda a igreja (2.26; 3.7; 4.1). Esses profetas aparentemente consideravam que seu ensino vinha do Espírito (cf. 4.1), motivo pelo qual João realça que a própria unção do Espírito que os cristãos têm é suficiente para eles (2.20,27; 3.24). Aliás, em um extraordinário jogo de palavras com a palavra “ungir” (ichrisma), ele chama os falsos profetas de “anticristos” (anti-christos = “contra o Ungido”). Muito se especulou sobre a identidade desses falsos profetas, ou sobre que heresia eles representam, mas não há, no final das contas, como saber essas coisas ao certo. O que sabemos é que eles negam a encarnação, não demonstram amor pelos necessitados e (talvez) defendem que eles próprios são sem pecado.

O que é incrível nesse pequeno tratado é o quanto João consegue dizer, e dizer tão profundamente, usando um vocabulário notavelmente restrito. Mas é a própria repetição de palavras, além do uso de fortes contrastes, que é tão eficiente. Seu vocabulário especial conta toda a história (número de ocorrências na versão bíblica em inglês empregada no original): permanecer/continuar {24x) na verdade (9x) significa crer em (9x) ou confessar (5x) o Filho (22x), de quem o Pai (14x) e o Espírito (8x) dão testemunho (12v); significa ainda ser nascido de Deus (10 x), de modo a andar (5x) na luz (6x), ouvir (14x) e conhecer

a (40%) Deus, guardar (7x) o mandamento (14%) de amar (46x) aos irmãos (15%), e assim ter vida (13%), que é desde o princípio (8%), e finalmente vencer (6%) o mundo. Tudo isso está em contraste com a mentira (7%), o engano (4%), negar a Cristo (3%), ter um falso espírito (4%), sendo portanto anticristo (4%), o que significa andar na escuridão (6%), odiar (5%) o próprio irmão mas amar o mundo (23%), estando assim em pecado (27%), e o pecado leva à morte (6%).

Tendo uma noção de todos esses elementos para a leitura de ljoão, pode ser útil pensar no livro mais como uma composição musical do que uma típica argumentação paulina. Um prelúdio sinaliza o tema inicial; os dois temas principais são então tocados, ou ao menos se alude a eles, e a estes se seguem um interlúdio e então outro prelúdio — tratando agora do grande tema dos falsos profetas e de sua negação da encarnação. Com todos os principais temas agora no lugar, João retra-balha mais duas vezes cada um deles, acrescentando a eles e esclarecendo-os enquanto desenvolve um vigoroso crescendo até o final do livro.

UMA CAMINHADA POR 1JOÃO

□ 1.1-4 Prelúdio: O primeiro tema é tocado

A vida é nossa por meio do Verbo [Palavra] da vida, Verbo que o autor (já enfatizando a realidade da encarnação) e outros “vimos com nossos olhos […] e nossas mãos apalparam”.

□ 1.5—2.2 Segundo tema: Sobre o pecado e perdão

Observe as duas questões enfatizadas aqui — andar na luz (e portanto na verdade) significa estar na comunhão cristã por meio da purificação contínua do pecado efetuada por Cristo, e aqueles que alegam não pecar não andam na luz.

□ 2.3-11 Terceiro tema: Sobre o amor e o ódio

Agora três questões são enfatizadas: (1) andar na verdade (luz) significa ser obediente aos mandamentos de Cristo; (2) seu mandamento é o antigo — que amemos uns outros; (3) não amar é odiar, e portanto andar na escuridão (e, por implicação, viver no pecado, mesmo que se negue esse fato).

□ 2.12-14 Interlúdio: Algumas razões para escrever

Observe que todas as razões fornecidas para escrever têm o propósito de dar aos leitores a certeza de que eles são os verdadeiros filhos de Deus: seus pecados estão perdoados; eles conhecem a Cristo e ao Pai; eles são fortes e venceram o maligno.

□ 2.15-17 Prelúdio à advertência: Não amem o mundo

O amor diz respeito aos irmãos, não às coisas do mundo. Observe que esse segundo prelúdio prepara o terreno não apenas para a advertência que se segue, mas prenuncia 4.1-6, em que os “falsos profetas” são claramente situados no mundo.

□ 2.18-27 A advertência: Sobre negar o Filho

(primeiro tema novamente)

Aqui você encontra a principal razão de João para escrever. Na sua partida, os enganadores obviamente sacudiram aqueles que permanecem leais. Junto com a ênfase na encarnação, tudo que você encontra aqui foi escrito para garantir aos primeiros leitores que eles têm a verdadeira unção do Espírito (mas João não pretende dizer que as pessoas com o Espírito não precisem de ensino!).

□ 2.28—3.10 O segundo tema repetido: Sobre o

pecado e ser filhos de Deus

A medida que esse tema é elaborado, você pode obter uma melhor compreensão de 1.5-2.2. O que está em questão é o relacionamento entre o pecado e ser filhos de Deus. João começa garantindo-lhes que eles são filhos de Deus, antes de tratar da questão do pecado. Visto que essa questão vem imediatamente após o tema da deserção dos falsos profetas, parece muito provável que estes estejam ensinando que os verdadeiros filhos de Deus não têm pecado.

□ 3.11-24 O terceiro tema repetido: Sobre o

ódio e o amor

Novamente, não é por acaso que a discussão sobre o pecado (ou sua ausência) seja seguida da evidência mais verdadeira de que somos filhos de Deus: o amar uns aos outros como Cristo nos amou; ao passo

que aqueles que se dizem “sem pecado” na verdade vivem no pior tipo de pecado, pois não amar os irmãos equivale a odiá-los. Observe especialmente como os versículos 16-18 refletem a essência do evangelho ao mesmo tempo que também ecoam a essência da Lei (Ex 22.21-27).

□ 4.1-6 O primeiro tema repetido: Sobre negar

a encarnação

Voltamos agora ao primeiro tema. Aqui, em particular, o autor expõe o principal ensino dos falsos profetas. A evidência clara de que eles não falam pelo Espírito é a sua negação da encarnação de Cristo; esse é o “espírito” do anticristo.

□ 4.7-21 O terceiro tema concluído, e ligado

ao primeiro

Ao voltar ao tema do amar uns aos outros, João agora o liga diretamente ao amor de Deus por nós como manifestado na encarnação de Cristo; sua morte efetuou a expiação de Deus por nós. Combinada com 5.6-8, essa passagem sugere bem fortemente que ao negar a encarnação, os falsos profetas também estão negando a importância salvífica da cruz.

□ 5.1-12 O primeiro tema concluído, e agora ligado

ao terceiro e ao segundo

Os verdadeiros filhos de Deus são aqueles que creem que Jesus é o Messias (incluindo sua encarnação e expiação). São também aqueles que amam os demais “filhos de Deus”. Os versículos 6-8 nos dão as melhores sugestões quanto à heresia em si: os falsos mestres aparentemente creem que algo significativo aconteceu com Cristo em seu batismo (por isso ele veio “pela água”), mas que sua morte não foi algo em que Deus estava envolvido (João, portanto, insiste em que ele veio pela água e pelo sangue). O verdadeiro Espírito dá testemunho tanto da encarnação de Cristo como de sua expiação. Aqueles que creem nisso têm a vida eterna.

□ 5.13-21 O final: O segundo tema ligado ao primeiro

Após algumas palavras de confiança baseadas em sua fé no que foi dito até agora, João volta ao tema com que tudo começou — a questão dopecado e de quem são os verdadeiros filhos de Deus, que desse modo têm a vida eterna. Eles precisam fugir da idolatria — um último ataque aos falsos profetas.
Após ler ljoão dessa forma, você agora também pode apreciar melhor as ênfases especiais de João no relato da história de Cristo no seu Evangelho; isso também ajudará a esclarecer sua leitura de 2João. O alicerce de toda a história bíblica, sem o qual ela desmorona, é o amor de Deus sendo manifestado em seu ato de entrar no nosso mundo de carne e sangue e morrer por nós para nos redimir.



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