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Visão panorâmica do espiritismo

dicionarista Aurélio define o Kardecismo assim: “… Doutrina religiosa de Allan Kardec, pensador espírita francês…”. Trata-se, pois, de uma das ramificações do Espiritismo. Essa confissão religiosa veio a lume em 18 de abril de 1857. Prega a mediunidade, a caridade como tábua de salvação, a reencarnação, etc. Esta é considerada necessária à evolução dos espíritos. Estes, através das vicissitudes da vida e das boas obras, podem expiar suas culpas, reparar seu passado e acumular méritos até se tornarem perfeitos. Não tão perfeitos quanto Deus, mas terão a perfeição que a criatura comporta. Alcançar a salvação é, na linguagem espírita, atingir essa inevitável perfeição. Sim, inevitável perfeição, pois o Kardecismo prega que ninguém será condenado eternamente, considerando que, mais cedo ou mais tarde, todos os espíritos avançarão rumo à perfeição e alcançá-la-ão indubitavelmente. A modelo Raica Oliveira (ex-namorada do jogador de futebol Ronaldinho [fenômeno]), referindo-se ao Kardecismo, do qual é adepta, disse: “Do que mais gosto em minha religião é que sempre temos uma segunda chance” (revista Época, nº 42413, de 03/07/2006, pagina 66. Grifo nosso). Sempre uma segunda chance?! Ora, o que sucede à segunda, é a terceira, que, por sua vez, precede a quarta. Logo, essa expressão não é nada filosófica.

Segundo Kardec, a doutrina por ele estruturada “unia os conhecimentos científico, filosófico e religioso” (Ibidem, página 71).

O Kardecismo se considera genuinamente cristão, bem como a terceira revelação de Deus à Humanidade. Pregam os Kardecistas que o Antigo Testamento é a primeira revelação de Deus à humanidade, e o Novo Testamento, a segunda. Nesta obra empreendo demonstrar que essas reivindicações e alegações kardequianas não resistem a um confronto com o bom senso. Sim, empreendo provar como dois mais dois são quatro, que essa confissão religiosa, muito longe de ser a alegada terceira revelação de Deus, não honra o título de cristã que, injustamente lhe foi conferido.

Há muitas ramificações espíritas; e nenhuma delas é, obviamente, igual às demais. Logo, é injusto não reconhecer as distinções e diferenças que há entre o Kardecismo e o Candomblé, entre o Candomblé e a Umbanda, entre a Umbanda e o Vodu, entre o Vodu e o espiritismo europeu, etc. Senão, veja estes exemplos:

1.1.1. O Kardecismo e os cultos afro-brasileiros

Os afro-baianos, isto é, os adeptos do Candomblé (e também os umbandistas) crêem em muitos deuses (ou divindades), chamados orixás. Veja as classificações de alguns desses deuses:

A) Xangô: Este é um dos orixás mais poderosos;

B) Orixalá ou simplesmente Oxalá: O grande Orixá que, geralmente, devido ao sincretismo do paganismo africano (que os escravos importados da África trouxeram para o Brasil) com as doutrinas da Igreja Católica, é confundido com Jesus Cristo;

C) Exu: Esse orixá, segundo o Novo Dicionário Aurélio, “representa as potências contrárias ao homem”, isto é, os adeptos dos cultos afro-brasileiros sabem que ele é mau. Ademais, já ouvi alguns ex-adeptos do Candomblé dizerem que, quando candomblecistas, elogiavam a esse Orixá mais por temê-lo, do que por acreditarem na sua bondade. E realmente, o dicionarista Aurélio afirma que Exu é “… assimilado … ao Demônio … porém cultuado … porque o temem” (Grifo meu). Ora, quem estuda o Kardecismo, sabe que o mesmo não admite essas crenças. Logo, aqui está uma nítida distinção entre os cultos afro-brasileiros e o Kardecismo.

É dificílimo definir as crenças dos adeptos dos cultos afro-brasileiros, visto que, via de regra, eles, por serem mais práticos do que teóricos, não têm um corpo de doutrinas definido. Até sobre Exu há controvérsias entre eles. Por exemplo, entre os candomblecistas (que também cultuam a Exu) não é raro encontrarmos os que dizem que Exu não é um dos orixás, mas apenas seus (dos orixás) serviçais, e que não pode ser incorporado. Os umbandistas, porém, dizem que incorporam Exu. Quem está sendo enganado?

É de domínio publico que nos cultos afro-brasileiros os médiuns são chamados de cavalo. Na magnífica obra Dicionário de Religiões, Crenças e Ocultismo, da Editora Vida, edição de 2000, somos informados à página 82, sob o verbete cavalo, que na Quimbanda os que incorporam os orixás são chamados de burros. Por tudo isso, perguntei certo dia a um adepto da Umbanda sobre o porquê de os espíritos rotulá-los de cavalo. E ele me respondeu: “Eu jamais tivera minha curiosidade despertada quanto a essa questão; e, portanto, não procurei me inteirar sobre isso, por cujo motivo ignoro a razão de ser desse título, mas certamente deve haver uma explicação lógica e convincente”.

Um senhor, adepto da Umbanda, me disse que no seu Terreiro, Exu só faz o bem. Perguntei-lhe então se o Exu que se manifesta no seu Terreiro de Umbanda é o mesmo que faz atrocidades em outros centros espíritas. Ele, respondendo positivamente a esta pergunta, asseverou-me que há um só Exu. Ora, disse-lhe eu, sendo assim, o seu Exu tem dupla personalidade, ou, como se costuma dizer, ele tem duas caras. Aí ele se emudeceu. Contudo, convém notar que o dito umbandista não me pareceu profundo conhecedor do assunto, pois, segundo me consta, a Umbanda admite que há muitos exus. Só para citar um exemplo, no Dicionário de Religiões, Crenças e Ocultismo, op. cit., da Editora Vida, edição de 2000, consta que “…na Umbanda os exus são … vistos como espíritos em estado de evolução…” (página 157). Como o leitor pode ver, neste caso se admite a pluralidade dos exus.

Além dos nomes_ refiro-me aos nomes das instituições espíritas_ acima mencionados (Candomblé e Umbanda), mais comuns no Rio de Janeiro, os cultos afro-brasileiros são conhecidos em outras regiões do Brasil por outros nomes: Catimbó, Pajelança, Pemba, etc. (Este último, dependendo do contexto, pode se referir apenas ao giz que se usa para riscar os pontos, isto é, os desenhos rituais efetuados à porta dos terreiros de Umbanda, como evocação aos espíritos).  Nestes casos, as diferenças não residem apenas nos nomes, mas também em irrelevantes variantes.

Das muitas maneiras de o leitor se certificar da autenticidade das afirmações constantes deste subtópico, uma é (e talvez a mais objetiva) consultar um bom dicionário, como, por exemplo, o Dicionário Aurélio; para, deste modo, se inteirar dos significados dos seguintes vocábulos: Orixá, Xangô, Orixalá, Oxalá, Candomblé, Quimbanda e Exu;

1.1.2. O espiritualismo versus Kardecismo

Nem todas as instituições religiosas que praticam a mediunidade, são reencarnacionistas. Quanto a isso, algumas instituições espíritas, por não serem fundamentalistas, não se posicionam doutrinariamente, deixando seus adeptos bem à vontade. Outras, porém, pronunciam contra. Disse o Frei Battistini: “… os espíritas da Alemanha, Holanda, Inglaterra, Estados Unidos, quase em bloco negam a reencarnação…”

“Um famoso espírita, conhecido no mundo todo”, [num] “congresso internacional…sobre espiritismo, disse: ‘posso dizer que a reencarnação tal como tem sido exposta até agora não passa de teoria boba para crianças de escola primária’ (A. Dragon)”  (A Igreja do Deus Vivo, 33ª edição, 2001, Editora Vozes, Petrópolis /RJ, página 35);

A esse movimento, alguns estudiosos preferem chamar de“Espiritualismo”. Neste caso, este vocábulo designa um movimento religioso datado do século XIX, oriundo dos EUA, segundo o qual o espírito não renasce num corpo físico, como o ensina os reencarnacionistas (kardecistas, legionários da boa vontade, umbandistas, etc.), e sim, num corpo espiritual.

1.1.3. O Racionalismo Cristão e o Kardecismo

Embora o Racionalismo Cristão tenha muitos pontos em comum com o Kardecismo e com os cultos afro-brasileiros, essa seita, embora também seja espírita, diverge tanto destes como daquele quanto ao que ensina sobre Deus. Veja estes exemplos: Os kardecistas crêem que Deus existe e oram a Ele; os adeptos dos cultos afro-brasileiros são politeístas, pois reverenciam muitas divindades (deuses), a saber, os orixás; mas o Racionalismo Cristão prega que cultuar a Deus é uma atitude tola e ridícula. Confessam textualmente que não adoram a nenhum Deus (“Racionalismo Cristão”. Centro Redentor, 30ª edição, 1976, páginas 53, 55, 63 e 75. Citado em “Série Apologética”, Volume IV, ICP_Instituto Cristão de Pesquisas _, edição de 2002, páginas 134 e 137);

1.1.4. A LBV e o Kardecismo

A LBV_ Legião da Boa Vontade _, fundada oficialmente em 1950 pelo senhor Alziro Zarur, se julga a quarta revelação de Deus (Jesus_ A Saga de Alziro Zarur III); e, quanto às supostas três primeiras revelações, não destoa do Kardecismo, no que diz respeito à seqüência e quantidade dessas revelações. E aqui, a LBV e o Kardecismo colidem frontalmente. É que, sendo que a tal de terceira revelação é (segundo o Kardecismo) o prometido Consolador, e este veio para ficar com a Igreja “para sempre”, como nos assegura Jesus (Jo 14:16), não há lugar para a tal de quarta revelação. Contudo, considerando que os legionários também vêem o Kardecismo como a terceira revelação de Deus, já era de se esperar que essas duas seitas convirjam em vários pontos doutrinários. E, de fato, de ambos se pode dizer que:

A) São reencarnacionistas;

B) Negam que a Bíblia é a Palavra de Deus;

C) São unitarianos e, portanto, rejeitam a Doutrina da Trindade, isto é, não crêem que o Pai, o Filho e o Espírito Santo sejam três Pessoas distintas, igualmente divinas, embora constituindo um só Deus, não admitindo a triunidade de Deus em hipótese alguma;

D) Não reconhecem a eficácia do sangue de Jesus na purificação de pecados;

E) Não vêem o diabo como um anjo decaído e irrecuperável (a LBV prega que o diabo é nosso irmão e que precisamos amá-lo e orar por ele [para se certificar da veracidade desta denúncia, leia o “Poema do Irmão Satanás”, constante de um dos livros da LBV intitulado “Mensagem de Jesus Para os Sobreviventes”, páginas 29-31]), etc. Sim, os legionários da boa vontade têm muitos pontos em comum com os kardecistas, mas não podemos confundir os kardecistas com eles, pois não o são. Basta-nos saber que os adeptos dessa seita (refiro-me à LBV) crêem que estão na quarta revelação de Deus, para enxergarmos que não são kardecistas. Outra relevante diferença entre os kardecistas e os legionários da boa vontade é que aqueles crêem que o Consolador que Jesus nos prometeu é o Kardecismo, enquanto estes pregam que o Consolador é o senhor José de Paiva Neto, atual sucessor de Alziro Zarur na presidência dessa seita (Cf.: José de Paiva Neto, Saga de Alziro Zarur, 10ª edição, página 88).

Os quatro exemplos acima expostos, embora sejam (considerando a grande diversidade de correntes dentro do Espiritismo) uma pequena demonstração, certamente deixam claro que embora todos os verdadeiros cristãos saibamos que nenhuma das confissões espíritas goza da sanção do Rei dos reis, não deixam dúvida de que revela falta de conhecimento confundir os kardecistas com os macumbeiros e demais espíritas. Como eu já disse, nenhuma das seitas espíritas pode ser confundida com as demais, pois cada uma, de per si, difere das outras, apesar de, em termos espirituais, serem tudo farinha do mesmo saco. Logo, não obstante os tão conhecidos termos “Baixo Espiritismo” e “Alto Espiritismo” serem apenas classificações humanas, são, contudo, necessários para fins de estudo, pois fazem saltar à vista que não é tudo igual, como geralmente pensam muitos dos que ainda não se deram ao trabalho de pesquisar as religiões e suas respectivas seitas.

1.2. É justo criticar o kardecismo?

Tenho pelo menos quatro razões para responder positivamente a esta pergunta:

A) A crítica construtiva é uma demonstração de amor, o que, por si só justifica a sua procedência e lhe dá o direito de, pelo menos, ser apreciada;

B) Todos os cristãos autênticos têm o dever de lutar com todas as suas forças em prol da salvação de todo aquele que desconhece o poder do sangue de Jesus (Rm 1.14).

C) Neste livro, nem sempre uso o vocábulo “crítica” na sua moderna, popular e picante definição de “retaliação” ou “malhação da vida alheia”. Antes o uso também na sua conceituação etimológica. Como bem observou a Drª em Filosofia, Marilena Chaui, “Em geral julgamos que a palavra ‘crítica’ significa ser do contra, dizer que tudo vai mal, que tudo está errado, que tudo é feio ou desagradável. Crítica é mau humor, coisa de gente chata ou pretensiosa que acha que sabe mais que os outros. Mas não é isso que essa palavra quer dizer.

      A palavra ‘crítica’ vem do grego e possui três sentidos principais: 1) capacidade para julgar, discernir e decidir corretamente; 2) exame racional de todas as coisas sem preconceito e sem pré-julgamento; 3) atividade de examinar e avaliar detalhadamente uma idéia, um valor, um costume, um comportamento, uma obra artística ou científica“… (Convite à Filosofia, Editora Ática. 13ª edição, 1ª impressão, São Paulo /SP, página 18, 2003).

D) O próprio Allan Kardec reconheceu o direito de expressão que deve ser assegurado ao indivíduo, porquanto ele também criticava àqueles de quem ele discordava; e com a agravante de às vezes criticar preconceituosamente, isto é, sem conhecimento de causa, qualificando-se, pois, como indigno de crédito, já que ele não era um crítico no sentido etimológico desta palavra. Ele era, pois, um crítico entre aspas. Um crítico gratuito. Sim, leitor, verdadeiramente Kardec também criticava àqueles de quem ele discordava; Vejamos, pois, abaixo, as citações das provas documentais de que realmente as coisas são assim:

a) Críticas à Igreja Católica:

  • Primeira crítica:“A Igreja tem caminhado sempre erradamente, não levando em conta os progressos da ciência” (O Céu e o Inferno, Federação Espírita Brasileira: 38ª edição, capítulo 9, nº 9, página 123);
  • Segunda crítica:“…Deus a julgou e a reconheceu inapta… a Doutrina Espírita causará dor viva ao papado…” (Obras Póstumas, Federação Espírita Brasileira: 26ª edição, páginas 310 e 311);

b) Crítica ao apóstolo Paulo:

      “Todos os escritos posteriores, sem exclusão dos de S. Paulo, são apenas… opiniões pessoais, muitas vezes contraditórias…” (Obras Póstumas, Federação Espírita Brasileira: 26ª edição, páginas 121-122. Grifo meu).

c) Crítica aos materialistas

      “…o materialismo…” [é] “um incentivo para o mal…” (O Evangelho Segundo o Espiritismo. Federação Espírita Brasileira: 109ª edição, Páginas 47 e 48).

d) Crítica aos evangélicos

Allan Kardec refuta os evangélicos, por não rezarmos pelos mortos, tachando-nos de ignorantes, nestes termos: “Certas pessoas não admitem a prece pelos mortos… Há neste modo de pensar uma ignorância da lei divina…”. (A Prece Segundo o Evangelho. Federação Espírita Brasileira: 44ª edição, páginas 58-59).

1.3. Altruísmo e não revanche

A) Altruísmo para com os kardecistas:

Como o leitor certamente sabe, a palavra “altruísmo” significa “amor e dedicação ao próximo”. Bem, o fato de Allan Kardec nos criticar nos confere o direito à réplica; porém, não o faço por revanche, e sim, porque julgo que fazê-lo é altruístico. Não posso reter comigo a luz que me veio do Céu. Não posso algemar a Mensagem da Cruz (Rm 1.14).

Certo kardecista, ouvindo-me dialogar com um católico sobre a inconsistência do Catolicismo, educadamente me pediu licença para participar da nossa conversa, o que não lhe foi negado. Aí ele me sugeriu a respeitar todas as crenças e a parar de criticar a religião alheia. Disse-me ele: “Religião não se discute, pastor Joel”. Então lhe falei, exibindo provas, que “o fundador de sua ‘religião’ não pensava assim; e que, portanto, você não será um bom kardecista enquanto não seguir o exemplo de seu mentor espiritual, o qual criticava todas as idéias religiosas que lhe pareciam erradas, bem como aceitava ouvir as réplicas e tréplicas de seus interlocutores. Kardec criticou a Igreja Católica, tachou os evangélicos de ignorantes, acusou os materialistas de estarem promovendo o mal, etc. O livro de sua autoria intitulado O Que é o Espiritismo, narra detalhadamente um acirrado debate entre ele e um padre católico romano. Não é, pois, com Kardec que você aprendeu tamanha covardia […]”. Então o referido “Kardecista” silenciou-se, pois viu que ele não é nem mesmo um bom herege. Estou orando por ele, para que o Senhor lhe abra os olhos do entendimento, salvando-o dos engodos kardequianos.

Não há uma só seita que não critique todas as demais, mas os adeptos de todas elas, quando confrontados, se melindram e se sentem perseguidos; e, com raríssimas exceções, os kardecistas não têm sido diferentes;

B) Altruísmo para com todos os espíritas:

Estas linhas pretendem ser ainda uma demonstração de amor não só aos kardecistas, mas também aos adeptos das demais ramificações do Espiritismo: Umbanda, Candomblé, Racionalismo Cristão, Legião da Boa Vontade, etc., já que todas essas confissões religiosas não reconhecem a eficácia do sangue de Jesus;

C) Altruísmo para com os católicos. Os católicos têm o seguinte envolvimento com o Espiritismo:

a) Tanto aqui no Brasil, como em toda a América Latina e outros países do mundo, não é pequeno o número de católicos simpatizantes do Espiritismo, nas suas mais diversas modalidades. E a Igreja Católica é culpada disso, como veremos nos três subtópicos a seguir:

b) Há pouco uma jovem senhora, adepta do Catolicismo, estudante de Teologia católica, membro da ordem Jesuíta, falou-me das aparições de santa Rita e outros santos. Então eu lhe disse que isso é Espiritismo, não Cristianismo;

c) Rezar a Maria e aos demais “santos”, nada mais é que invocar os mortos, bem como tentar contatá-los; e, como todos os que lêem a Bíblia sabem, pedir aos espíritos dos mortos que roguem por nós, não é prática cristã. Não há, em toda a Bíblia, um único exemplo desse proceder. Por que Noé nunca rezou ao espírito de Abel? Por que Moisés nunca rezou ao espírito de Noé? Por que Isaías, Jeremias, Daniel, Zacarias, etc., nunca pediram a Moisés, ou a Josué, ou a Noé, ou a Enoque… “rogai por nós?” Por que os apóstolos e outros cristãos primitivos (do século I) não rezavam a João Batista, a Malaquias, a Abacuque, etc.? Por que Cristo não nos ensinou a rezar aos servos de Deus que já partiram deste mundo? Lembre-se: Ele (Jesus) nos ensinou a orar direto a Deus (Mt. 6: 9-13). O cristão é filho de Deus e, portanto, tem, como todos os filhos, livre acesso ao Pai.

d) A Igreja Católica prega oficialmente que os mortos podem se comunicar com os vivos e vice-versa. Ora, repito, isso é Espiritismo. E, se o leitor duvida, lhe desafio a ler o livro intitulado “Glórias de Maria”, da autoria de Santo  Afonso de Ligório, Doutor da “Igreja”, editado pela Editora Santuário (editora católica), 14ª edição de 2002, páginas 42-43 e 211. À página 13 do livro em questão consta que o mesmo foi aprovado pela Igreja Católica, após cuidadoso exame: “… a Igreja… aprovou-lhe os escritos depois de percorrê-los cuidadosamente”.

e) Todo bom católico é, pois, um bom espírita, já que a sua “Igreja” promove práticas espíritas. Ou canonizar (isto é, elevar à categoria de Santo) um homem que pregava a mediunidade, elevá-lo a Doutor da “Igreja”, aprovar seu livro, traduzi-lo para diversos idiomas, prefaciá-lo com sobejos elogios, recomendá-lo e publicá-lo não é comprometedor? Existe cumplicidade maior do que essa?

1.4. De olho nas incoerências

Como o prezado leitor já sabe, O Espiritismo Kardecista e Suas Incoerências é o título deste livro. Isto, segundo me parece, deixa claro que a principal coisa que pretendo expor nestas linhas é que o Kardecismo é incoerente, isto é, contraditório. E por que empreendo expor que o Kardecismo é incoerente? As respostas são:

A) A fonte deste empreendimento é o amor;

B) Os objetivos deste empreendimento são:

a) Provar aos kardecistas que o kardecismo não merece crédito, para, deste modo, preparar o terreno para a exposição do Evangelho que os libertará;

b) Ver os kardecistas no Céu.

Ora, embora eu não trate neste livro só das incoerências do Kardecismo, mas também de outros erros (dessa confissão religiosa) igualmente sintomáticos, certamente me bastaria provar a veracidade de que o Kardecismo é contraditório, para ficar claro a qualquer pessoa de bom senso que essa “religião” não merece crédito. Onde não há contradição, temos que examinar para sabermos se há ou não erros; mas a incoerência dispensa maior exame. Uma instituição auto contraditória, expõe-se a si mesma ao ridículo, não necessitando, portanto, que alguém se dê ao trabalho de fazê-lo.

Para que alguém possa se considerar adepto de uma religião, são imprescindíveis os seguintes passos:

  • Essa religião precisa existir. Claro, como ser adepto de uma religião inexistente?
  • Conhecer as doutrinas dessa religião;
  • Concordar com as doutrinas dessa religião;
  • Abraçar as doutrinas dessa religião.

Eu não posso dizer que sou muçulmano. O Islamismo existe e conheço as suas doutrinas, mas discordando das mesmas, refuto-as. Eu não creio em Alá (o falso deus dos muçulmanos), duvido do Alcorão e rejeito Maomé como profeta do verdadeiro Deus. Mas eu assumo que não sou muçulmano. Os muçulmanos podem discordar de mim, mas não podem me tachar de incoerente. Tal não é, porém, a sorte dos kardecistas, visto que dos quatro requisitos acima, o Kardecismo só preenche os dois primeiros. Sim, deveras o Cristianismo existe e os kardecistas realmente têm considerável conhecimento das doutrinas da fé cristã. Porém, os kardecistas não concordam com o corpo de doutrinas do Cristianismo e, por conseguinte, o rejeitam e combatem-no. Ora, como pode uma pessoa discordar das doutrinas de uma religião e, portanto, rebatê-las veementemente e ainda assim se considerar membro da mesma? Ser Kardecista equivale a dizer o seguinte: Sou cristão, mas discordo e desdenho o Cristianismo. O Cristianismo é uma religião ridícula e absurda, por cujo motivo o rejeito e repilo, embora eu também seja cristão.

Neste livro não discuto se o Cristianismo é ou não verdadeiro. Antes empreendo tão-somente salientar que os kardecistas precisam se posicionar. “Ser ou não ser: eis a questão”. Mas, como eles não o fazem, salta aos olhos que o Kardecismo é um sistema fraudulento.

E é verdade que o Kardecismo, incoerentemente, rejeita os pilares do Cristianismo?  Em outras palavras: É verdade que o Kardecismo, embora se propague cristão, rejeita e refuta o Cristianismo? A resposta é “sim”. E vou provar isso como dois mais dois são quatro. Para tanto, nada mais terei que fazer além de provar que o Kardecismo nega as seguintes doutrinas do Cristianismo:

  • A veracidade da Bíblia como sendo 100% a Palavra de Deus;
  • A triunidade de Deus;
  • A Divindade de Jesus;
  • A personalidade e Divindade do Espírito Santo;
  • A unicidade de nossa existência neste mundo (ou seja, o fato de pregarmos que não há reencarnação);
  • A eficácia do sangue de Jesus na purificação de pecado;
  • A ressurreição dos mortos;
  • A segunda vinda de Jesus;
  • O arrebatamento da Igreja;
  • O Juízo Final;
  • A existência do diabo e dos demônios segundo a Bíblia;
  • O tormento eterno no Inferno para o diabo, os demônios e os homens que se perderem;
  • A negação da mediunidade e, por conseguinte, a proibição de consulta aos mortos;
  • Batismo;
  • A Santa Ceia do Senhor;
  • Que todos descendemos de um tronco único: Adão e Eva, etc.

Obviamente assiste aos kardecistas o direito de negarem todas estas doutrinas; mas eles podem ao mesmo tempo rejeitar estes ensinamentos e, ainda assim, se considerarem cristãos? Será que esse tipo de “cristão” não é comparável a um dicionário sem letras, à Matemática sem números, a um céu sem estrelas, e a um rio sem águas? Será que estou mesmo equivocado, quando concluo que um kardecista cristão é tão anômalo quanto ladrões que não roubam, assassinos que não matam e mentirosos verdadeiros?  Será que os Kardecistas não têm mesmo que escolher entre negar as doutrinas cristãs e assumirem que não são cristãos, ou se propagarem cristãos, mas aceitar estas doutrinas?

Sei que os kardecistas, respondendo negativamente a estas perguntas, dirão que este meu argumento não é consistente, “porque” (falo com minhas palavras) “as doutrinas tidas por cristãs, das quais o Kardecismo diverge, não constituem o Cristianismo original pregado por Jesus, e sim, meras interpolações e deturpações cometidas pelos apóstolos (Mateus, Pedro, Paulo, João) e demais hagiógrafos neotestamentários (Marcos, Lucas, Tiago), bem como por muitos outros através dos séculos”. (Em defesa deste argumento é possível que apelem para as diferenças entre os manuscritos). Assim, o Espiritismo codificado por Kardec é, não só a restauração do verdadeiro Cristianismo” (e, diga-se de passagem, um “cristianismo” tão refinado que nem os apóstolos conheceram coisa igual), “mas também a revelação que estava por vir, conforme prometera o Cristo em Jo. 16:12, promessa esta que se cumpre a partir de 1857, quando do lançamento dos livros de Allan Kardec.

Bem, os kardecistas questionam, como demonstrei acima, a veracidade da Bíblia. Entrar no mérito desta questão não é o alvo deste livro, pois por ora pretendo apenas desmascarar o Kardecismo para, deste modo, levar suas vítimas a buscar a verdade em Deus e no Seu Livro _ a Bíblia. Por isto limito-me a formular aos kardecistas as seguintes contundentes interrogações: Os kardecistas podem provar as alegadas adulterações que teriam sido cometidas pelos apóstolos e outros aventureiros através dos séculos? Onde, como e quando ocorreram tais interpolações? Será que tudo não passa de grosseira especulação? Porventura os achados arqueológicos não deixam evidentes que as inegáveis provas dos erros cometidos pelos copistas são falhas banais que, portanto, não ferem a integridade do Texto? Será que os kardecistas não sabem que crer na Bíblia não implica em crer na infalibilidade dos copistas e tradutores das Escrituras, mas sim, e tão-somente, crer na Inspiração Verbal e Plena dos originais?

(Sugiro a todos os que suspeitam da autenticidade da Bíblia a lerem o livro intitulado As Grandes Defesas do Cristianismo, de Jefferson Magno da Costa, editado pela CPAD_ Casa Publicadora das Assembléias de Deus, _, geralmente à venda nas livrarias evangélicas).

Não confunda kardecismo com kardecista. Este autor desdenha o kardecismo, não os kardecistas. Estes carecem de nosso amor, e não de nosso desdém e ódio.

O presente livro, apesar de não analisar todos os segmentos do Espiritismo (Umbanda, Candomblé, LBV, Racionalismo Cristão, Vodu, etc.), pode levar luz a todos os espíritas, já que a Bíblia é rejeitada por todas as confissões espíritas. Ademais, nossos irmãos em Cristo farão bem em lê-lo, pois o mesmo é mais uma arma a ser usada na guerra contra Satanás.

O Kardecismo prega, como se pode ver na página 100 de A Gênese, capítulo V, número 12, 37ª edição, da Federação Espírita Brasileira, que “os planetas são mundos semelhantes à Terra e, sem dúvida, habitados…”. Os kardecistas aguardam, pois, evoluírem para, deste modo, se habilitarem a ocupar mundos melhores do que este no qual vivemos. Urge, portanto, que lhes preguemos o verdadeiro Evangelho que os libertará dessas ilusões, mostrando-lhes que é pelo sangue de Cristo (e só pelo sangue de Cristo) que podemos ingressar desde já numa vida melhor (a nova vida em Cristo), bem como vislumbrar um futuro deveras brilhante.



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