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[Crítica] “Malcolm & Marie” é uma montanha-russa emocional de um relacionamento instável

Resumido em poucas palavras, de forma bem grosseira, Malcolm & Marie é uma extensa “DR” de 106 minutos. Escrito e dirigido por Sam Levinson (“Euphoria”, “País da Violência”), o longa é o que podemos chamar de “filme para atores” com a ambientação restrita a uma única locação, com foco exclusivamente nos diálogos entre os protagonistas ˗ sendo assim totalmente dependente de boas interpretações para o sucesso do mesmo, e isso é algo que não falta. John David Washington (“Infiltrado na Klan”, “Tenet”) e Zendaya (“Homem-Aranha: Longe de Casa”, “Euphoria”), que dão vida aos personagens do título, esbanjam talento em uma espécie de ping pong, cena atrás de cena.

Não existe muita contextualização ou preparação da história, mas logo nos primeiros minutos sabemos do que se trata o filme: um cineasta acaba de voltar para casa com sua namorada, após a estreia de seu filme, enquanto espera ansiosamente pela publicação das críticas (oi, metalinguagem!).

A partir dessa premissa, a conversa gira em torno dessa expectativa, da identidade do cineasta e suas projeções, incluindo sua revolta com algumas interações com críticos durante a première de seu filme naquela mesma noite. Mas é quando os diálogos começam a entrar no âmbito pessoal que o clima se torna realmente problemático. O casal começa a discutir a relação em aspectos que começam em questões simples, mas vão tomando proporções bem catastróficas conforme a interação se desenrola.

MALCOLM & MARIE (E-D): JOHN DAVID WASHINGTON como MALCOLM, ZENDAYA como MARIE. DOMINIC MILLER/NETFLIX © 2021

Malcolm & Marie é problemático, denso e incômodo. As atuações são tão boas que é impossível não sentir raiva, angústia e tristeza junto aos personagens. É preciso dizer que o sucesso de um filme como esse também depende ˗ e muito ˗ de um roteiro bem escrito, com diálogos que sejam contundentes o suficiente para prender a atenção do espectador. Além disso, a escolha da fotografia em preto e branco consegue pôr ainda mais destaque nos protagonistas, ainda que o cenário seja muitas vezes tão importante como um personagem como os próprios atores.

Definitivamente é um filme que tem o potencial de causar alguns gatilhos ou no mínimo um grande desconforto. Não é fácil de digerir e muitas vezes pode causar aflição no espectador. O que te mantém no filme são as brilhantes atuações dos protagonistas.

Embora hajam momentos de conciliação entre uma discussão e outra, isso é meramente um momento de breve respiro e, de certo modo, uma ponte para o próximo argumento. Entre Marie e Malcolm, é difícil saber quem está certo ou errado, pois não existem ofensas gratuitas. Mesmo quando um personagem assume a posição de ofensor, ainda que beirando a crueldade, notamos que ele também está em dor. Todos saem feridos. A lavagem de roupa suja pendula entre um personagem e outro, muitas vezes nos fazendo questionar a saúde daquela relação. Os personagens parecem reais e nem um pouco teatrais, ainda que as performances sejam de tirar o fôlego.

O roteiro e a direção de Levinson foram um soco no estômago muito bem dado, estregues contundentemente por atuações memoráveis de dois atores que se mostram extremamente competentes. Tecnicamente, o longa tem também uma ótima fotografia, montagem e edição de som. Malcolm & Marie talvez não seja uma obra que será lembrada por muitos e muitos anos, mas com certeza é bem relevante no momento. O longa chegou à Netflix no dia 5 de fevereiro e sem dúvidas é uma das melhores produções disponíveis no catálogo hoje.



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