O Fim da Inocência

O filme, baseado no Best-Seller ‘O Fim da Inocência’, de Francisco Salgueiro, conta-nos a história de Inês, uma adolescente portuguesa, que tinha aparentemente a vida perfeita.

No seio de uma família da classe média-alta, a jovem frequenta um dos melhores colégios do país e convive com filhos de embaixadores, ou com importantes cargos administrativos. Aos 14 anos, e sentindo-se muito atrasada relativamente às experiências pelas quais as suas amigas já passaram, decide ter a sua primeira experiência sexual, recorrendo a um site de encontros, com a inocência de ter uma experiência maravilhosa: no dia do seu aniversário.

No entanto, esse dia acabaria por marcar o início da tragédia que viria a ser aquele verão. A verdade é que Inês (protagonizada por Oksana Tkach), acompanhada pelos seus supostos ‘melhores amigos‘, acaba por experienciar todo o tipo de drogas e participar em arriscados jogos sexuais, utilizando a internet de forma quase compulsiva, e frequentando a vida noturna de Lisboa, até se tornar um vício.

A verdade é que ao longo da história, a protagonista recusa ousar falar de tudo o que a atormenta com os amigos, apesar de ser pouco o que até à altura não fez com eles.

Este é um filme ao qual ficamos presos do início ao fim, apesar de ser pelos piores motivos. A verdade é que imaginar que esta é uma história verídica, que aconteceu há cerca de 7 anos a um gruo de jovens de Cascais, e que continua a acontecer, choca pais e filhos. Na verdade acho que é esse o seu maior propósito. Todos nós já presenciamos alguém que bebeu demais, que já experimentou drogas ou que sofreu mesmo algum tipo de abuso sexual, mas esta é a história de alguém que viveu tudo isso, quase em modo ‘non-stop‘, o que nos faz questionar a nós, espetadores, como é que é possível os pais e os amigos não se aperceberem de nada, não fazerem nada para evitar determinadas situações. Mas aconteceu. E continua a acontecer, mais do que seria desejável.

Uma coisa é certa, o filme marca, perturba e agita as consciências. Dos mais novos, que conseguem rever-se em algumas das situações, seja por experiência, ou por observação. Dos pais, que muitos continuam a achar que o facto de darem ‘tudo’ aos filhos, é suficiente para os salvar deste tipo de ambientes.

Este que é mais um documentário que outra coisa, e ganha essencialmente pelo alerta feito à sociedade, porque a história em si, parece desenrolar-se um pouco “colada a cuspo“, onde tudo acontece em apenas três meses de férias de verão. O filme conta também com excelentes interpretações de Rodrigo Paganelli, Joana Barradas, Francisco Fernandez, Raquel Franco e Joana Aguiar.

Adaptado do romance homónimo de Francisco Salgueiro, “O Fim da Inocência” era para ser feito por Nicolau Breyner, mas acabou por ser realizado por Joaquim Leitão, e é o filme português mais visto do ano, com 48.276 espectadores desde a estreia, a 30 de novembro. Num ano sem sucessos de bilheteira para o cinema nacional, bastaram duas semanas nas salas para que a história de adolescentes a viver uma perigosa vida dupla ascendesse ao topo da lista.

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