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DEBATER SÓ O QUE ESTÁ NA BERRA

Tem estado na “berra” a discussão da nossa História, das navegações protagonizadas pelos portugueses e de tudo o que aconteceu até ao 25 de Abril de 1974.

É consensual que o História que aprendemos na escola foi sempre influenciada pelo poder político, que aumentou e glorificou o que quis, e demonizou aquilo que de algum modo podia afrontar a narrativa e a linha política que se pretendia impor. Isso foi e ainda é verdade, mas é sempre mais fácil e cómodo falar do passado.

Hoje tive a oportunidade de ler um extenso artigo sobre “O desconforto com as pinturas da sala de visitas da Assembleia”, no jornal Público, e senti que os pruridos da deputada Joacine estão um pouco deslocados, pois centraliza tudo em atacar gerações de portugueses que desde o século XII foram construindo e dirigindo uma nação, vivendo de acordo com os usos e costumes do mundo em que se inseriam, com defeitos e virtudes que são um apanágio do ser humano, só porque a deputada pretende fazer um julgamento dos seus actos à luz dos tempos em que vivemos.

Não sou contra que se coloquem legendas naquelas pinturas, o que aliás se devia fazer com todas as obras de arte, mas continuo a achar que é redutor levantar esse problema apenas para as obras de algum modo ligadas às descobertas e ao tempo da ditadura, como se só sobre essas pudessem existir coisas que devíamos dar a conhecer a todos.

Como agnóstico que sou, confesso que nunca me passou pela cabeça vir exigir ao Estado português que as pinturas e outras obras de arte de cariz religioso viessem a ser obrigadas a colocar legendas em tudo, de modo a ficar claro como a religião católica se comportou desde o início da sua constituição. Talvez pudessem contar as barbaridades praticadas desde Constantino, passando pela expansão marítima, pela Inquisição, e indo até aos casos de pedofilia dos nossos tempos.

A senhora deputada desconhece que na História há sempre duas visões sobre os acontecimentos em que houve confrontos entre povos, a dos vencedores e a dos vencidos, e não se pode impor a todos que tenham a mesma visão, porque certamente uns conseguiram algo que queriam e outros não, pelo menos nessa ocasião.

Para mim fica a ideia de que a deputada é portuguesa de nacionalidade mas continua agarrada ao passado e não consegue livrar-se dele, e quanto a isso nada se poderá fazer, porque é o futuro que queremos melhor, não o passado, que esse é imutável.

Francisco Rizi retratando um auto de fé na Plaza Mayor, Madrid, em 1680

Execução da poetisa protestante Anne Askew em 1546, em Londres, após tortura no potro.



 



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