Assim que D'us pronunciou "Anochi", a Criação silenciou. Os pássaros não gorjeavam ou voavam nos céus; os bois não mugiam; os anjos não cantavam louvores; o oceano não se agitava. O universo inteiro estava quieto, enquanto a voz de D'us soava. Isto serviu como irrefutável demonstração de que não existe nenhum poder além Dele.

Cada um dos Dez Mandamentos foi dirigido aos judeus na linguagem singular e não no plural. Assim, nenhum judeu poderia desculpar-se, dizendo: "É suficiente que os outros cumpram a Torá." Cada judeu deve sentir que é sua obrigação pessoal guardar a Torá de D'us, uma vez que lhe foi diretamente dirigida.

Os Dez Mandamentos contém um total de 620 letras, simbolizando assim que os Dez Mandamentos são a essência da Torá. Pois esta contém 613 mitsvot, e os Sábios instituíram sete mitsvot adicionais, perfazendo um total de 620 mitsvot.

Além de escutarem os Dez Mandamentos básicos, os judeus também previram as miríades de detalhes envolvidos, todos os Midrashim referentes a cada Mandamento, cada lei e detalhes neles contidos.

"Anochi"

Os Dez Mandamentos que D'us transmitiu aos judeus começam com a palavra "Anochí" - "Eu sou". '' A palavra "Anochí", que lembra a palavra egípcia "Anochí", também significa "eu". D'us dirigiu-se a Seus filhos na língua egípcia, que lhes era familiar. Ao que isto pode ser comparado? A um rei cujo filho foi sequestrado quando pequeno e cresceu entre suas captores.

Quando o rei finalmente consegue recuperar o filho, primeiro se dirige a ele na língua à qual estava acostumado, com a qual crescera e entendia.

D'us também falou primeiro a Seus filhos, os judeus, em egípcio, dizendo: "Vocês contemplam hoje a Minha glória; portanto, nunca mais serão capazes de adorar ídolos estranhos. Não é possível a um homem ver seu D'us face a face, em toda Sua glória e poder, e depois inclinar-se diante de uma figura feita pelo homem. Vocês testemunharam todos os milagres grandiosos que operei para vocês no Êxodo do Egito e na divisão do mar. Vocês mesmos o atravessaram por terra seca, enquanto os egípcios se afogaram no mesmo lugar. Não sou como os reis humanos, cujos súditos retiram de seu caminho todos os obstáculos e estendem tapetes grossos à sua frente. Não sou como reis humanos, cujos súditos iluminam o caminho e enfeitam a casa para honrar sua chegada.

"Sou o Rei dos Reis, Que faz tudo isto para vocês, Meus próprios filhos. Na Criação, formei o mundo e iluminei, criando o sol, a lua e as estrelas. Cobri a superfície da terra com um tapete de grama e com alimentos em abundância. Enchi a terra de hortaliças e flores belas e fragrantes, tudo em sua honra. Tenham isto sempre em mente e saibam que não há ninguém como Eu entre todos os reis do mundo. A Minha bondade não cessará jamais."

O Primeiro Mandamento: Acreditar na Existência de D'us, e em Sua Providência

"Eu Sou D'us, teu D'us, Que vos tirou da terra do Egito, da casa de Faraó, onde fostes escravos."

"Eu Sou tanto 'D'us', um D'us misericordioso para os que Me obedecem; como também 'Elokecha', um D'us punitivo para os que se recusam a Me ouvir."

A obrigação imposta pelo Primeiro Mandamento é de acreditar na existência de um Criador Onipotente; saber que Ele exerce Providência contínua sobre o universo, que Ele é a Força que dita todas as leis naturais. Ele sustenta e provê para todas as criaturas, da mais diminuta à maior.

Esta mitsvá não se limita a algum momento ou tempo específico (como a maioria das mitsvot); outrossim, a consciência da existência e poder de D'us deve constantemente preocupar o judeu.

D'us fez com que esse fosse o primeiro de todos os mandamentos porque devemos reconhecer a D'us para poder observar Seus mandamentos.

Por que D'us escolheu descrever a Si Mesmo como o "D'us que tirou os filhos de Israel do Egito"?

Bandidos surpreenderam uma nobre senhora em seu passeio, e estavam prestes a raptá-la. O rei soube do ocorrido e interveio. Se não tivesse enviado suas tropas imediatamente para resgatá-la, o pior poderia ter acontecido. Quando, mais tarde, propôs-lhe casamento, ela perguntou-lhe: "Que presente você me oferece?"

O rei respondeu: "O próprio fato de que te salvei dos raptores não é suficiente para que teu coração penda em minha direção?"

Similarmente, D'us apresentou-se ao povo no Monte Sinai como o D'us que os redimiu, recordando-lhes assim sua obrigação especial para com Ele. (Ele não utilizou a descrição "D'us, Mestre do Universo," pois o termo geral, em si mesmo, não obrigaria os judeus a guardar a Torá.)

O Segundo Mandamento: Não Adorar Ídolos

"Não terás outros deuses!"

Muitas pessoas acreditam que D'us é o D'us mais poderoso, o que significa que crêem também em outros poderes fora de D'us. Alguns também rezam aos anjos. Outros veneram pessoas que consideram santas, ou o sol e a lua, ou os planetas.

Quando os Sábios estiveram em Roma, filósofos gentios perguntaram-lhes: "Se D'us não quer ídolos, por que Ele não os elimina?"

"Se os idólatras adorassem apenas objetos inúteis, seu ponto seria válido," responderam os Sábios. "Contudo, também adoram o sol, a lua, as estrelas. Acaso deveria Ele dizimar o universo por causa dos tolos?"

D'us ordenou: "Não podeis servir a ninguém, exceto a Mim!"

Este Mandamento implica que é proibido acreditar em qualquer poder além de D'us, adorar ídolos ou inclinar-se para eles. Nossos Sábios proibiram inclinar-se perante ídolos, mesmo sem ter intenção de adorá-los. Tampouco é permitido possuir um ídolo, mesmo sem adorá-lo. Este Mandamento inclui a proibição de fazer estátuas de um ser humano ou qualquer criatura ou objeto do universo.

O termo "outros deuses" não implica, D'us não o permita, que há outros deuses além de D'us. A Torá se refere a ídolos como "deuses", pois este termo é utilizado pelos idólatras (apesar de, na realidade, serem imagens impotentes).

A palavra "outros" não se refere à comparação entre D'us e os ídolos, mas aos ídolos entre si. Uma vez que os idólatras mudam constantemente suas divindades, rejeitando as velhas e voltando-se a outras em seu lugar, o termo "outros" deuses significa deuses que são constantemente trocados por outros por seus adoradores.

O Terceiro Mandamento: Não Pronunciar o Nome de D'us em Vão

É proibido utilizar de maneira incorreta o Nome de D'us, mencionando-O junto com um juramento desnecessário ou falso.

Eis um exemplo de falso juramento. Alguém que comeu pão ontem jura: "Juro em Nome de D'us que não comi pão ontem."

Um exemplo de juramento desnecessário é: "Juro em Nome de D'us que o sol está agora no céu." Embora este juramento seja verdadeiro, é proibido, se não há razão para fazê-lo.

Também não devemos invocar o Nome de D'us sem um propósito determinado. Algumas pessoas estão acostumadas a exclamar; "Meu D'us!", ou a empregar o nome de D'us em um contexto igualmente irreflexivo. Devemos evitar isto.

D'us disse: "Não utilize erroneamente Meu Santo Nome. Lembre-se de que Avraham apelou a este mesmo Nome e foi salvo da fornalha ardente. Moshê clamou por ele, e o Mar Vermelho abriu-se em doze partes; Yehoshua clamou por ele, e foi ajudado; Yoná chamou por Ele no interior do peixe e foi salvo. O Nome de D'us é invocado pelos doentes e enfermos, e são curados; pelos de coração contrito, e são consolados. Guardem-se de serem descuidados ao mencionar o Nome de D'us, pois aquele que pronuncia Seu Nome em vão não ficará impune!"

O Quarto Mandamento: Observar o Shabat

Este Mandamento inclui a proibição de realizar trabalhos proibidos no Shabat.

Além disso, devemos distinguir o Shabat, fazendo uma bênção quando o Shabat se inicia, e quando termina. Cumprimos isto recitando o kidush e a havdalá. Shabat deve ser marcado com alimentos saborosos especiais, e vestindo-se trajes especiais.

Mesmo ao longo de toda a semana, a pessoa deve preparar-se para o Shabat, arrumando a casa, limpando-a cuidadosamente, comprando iguarias e coisas semelhantes em honra do Shabat, pois este é o dia que Ele escolheu, santificou e considerou a "jóia de todos os dias".

Uma pessoa é reembolsada por todas as despesas que faz em honra ao Shabat. Apesar da renda de cada um ser determinada em Rosh Hashaná para o ano todo, as quantias gastas em honra ao Shabat, Yom Tov, Rosh Chôdesh, e para a educação e estudo de Torá dos seus filhos não estão incluídas neste orçamento fixo. Se a pessoa gasta mais, D'us lhe retribuirá com mais; se economiza, D'us lhe retribuirá menos, de acordo com os gastos.

O dia de Shabat deve ser um momento para atividades espirituais, Torá e orações. Uma pessoa não deve pensar a respeito de seu trabalho inacabado da semana, mas afastar a mente de ocupações mundanas.

Quem quer que descanse no sétimo dia testemunha que D'us criou o mundo em seis dias.

Como cumprimos a mitsvá de recordar o Shabat?

Há várias maneiras: Uma é chamar os dias da semana assim: "o primeiro dia da semana até Shabat" (domingo) - "o segundo dia da semana até Shabat" (segunda) - "o terceiro dia da semana até Shabat" (terça), e assim sucessivamente. Esta é a maneira judaica de nomear os dias da semana (e a que utilizamos para introduzir o cântico 'shir shel yom' na prece diária de Shacharit). Ao designar o domingo "o primeiro dia até o Shabat", cumprimos a mitsvá de recordar e mencionar o Shabat, lembrando ao mesmo tempo que D'us é o Criador que fez o mundo em seis dias.

Quando D'us deu a Torá a Seu povo, prometeu-lhe uma porção no Mundo Vindouro se ele observasse o que está contido nela. Os judeus pediram uma amostra, para ver que tipo de recompensa D'us lhes daria em troca da observância da Torá e de suas mitsvot. D'us lhes disse: "Eu lhes darei o Shabat, um fragmento do Mundo Vindouro, que é todo Shabat."

A cada judeu é dada uma alma adicional no Shabat, para que ele possa apreciá-lo mais do que aos outros dias e guardá-lo em santidade.

Um relato: Como o Sábio Shamai honrava o Shabat toda a semana.

O Sábio Shamai passava diante de um matadouro e viu um novilho lindo e gordo, pronto para ser sacrificado. Falou ao magarefe: "Quero comprar este animal. Mata-o para mim e dá-me a carne!"

Levou a carne para casa e deu-a à mulher com as palavras: "Salga esta carne para fazê-la casher. Estou certo de que será deliciosa e quero reservá-la para Shabat."

No dia seguinte voltou a passar diante do matadouro. Viu ali alguns novilhos prontos para o abate. Escolheu dentre os animais um de aspecto mais apetitoso do que o que havia visto no dia anterior. "Este novilho será delicioso para o Shabat", pensou. Disse, pois, ao magarefe: "Quero comprar este novilho. Prepara-me a carne para quando eu passar aqui na volta."

Levou a carne para casa e disse à mulher: "Imagine, encontrei carne ainda melhor para o Shabat! Salga-a para fazê-la casher e reserva-a para o Shabat."

A mulher pensou: "Que vou fazer com a carne de ontem? Vou cozinhá-la para o jantar de hoje." Assim, Shamai desfrutou de uma ceia excelente.

Outro dia, Shamai passou diante do açougue e viu um novilho de aspecto tenro, cuja carne seria sem dúvida mais delicada e suculenta que o anterior. "Preciso deste novilho para Shabat", disse ao açougueiro. "Vende-a para mim." Ao chegar em casa disse à mulher: "Trouxe outra carne. Vamos comer a que trouxe antes e guardemos a melhor para Shabat."

Assim, pois, Shamai terminou por comer ceias deliciosas toda a semana, por ter o Shabat sempre presente! Os Sábios diziam sobre ele: "Shamai come bem toda a semana em honra do Shabat."

Este relato nos mostra que se compramos comidas especiais, devemos reservá-las para o Shabat. Assim, recordamos durante a semana que Shabat é o dia mais santo.

O Quinto Mandamento: Honrar Pai e Mãe

"Honre teu pai e tua mãe!"

Perguntaram a Rabi Eliezer: "Até que ponto uma pessoa é obrigada a honrar seus pais?"

Retrucou: "Podemos inferir a resposta do caso de um não-judeu de nome Dama ben Netina, que vivia em Ashkelon. Certa vez, os Sábios foram até ele porque ouviram que tinha pedras preciosas para vender, e precisavam de certa pedra para o efod (peitoral do cohen). Apesar de terem lhe oferecido um alto valor, preferiu renunciar ao dinheiro a acordar seu pai, que dormia, e sob cujo travesseiro estava a chave do baú de diamantes. Como recompensa, no ano seguinte D'us fez com que nascesse uma vaca vermelha em seu rebanho; que foi qualificada como uma Vaca Vermelha para o Templo Sagrado. Quando os Sábios vieram pagar-lhe, disse-lhes: "Apesar de saber que pagariam qualquer preço que pedissem, aceitarei apenas a soma que perdi ano passado, por Ter honrado meu pai."

"Se esta foi a conduta de um não-judeu, que não foi ordenado a observar esta mitsvá, quão mais é esperado de um judeu, a quem foi dada a mitsvá de honrar seus pais."

Nossos Sábios relataram: "Certa vez, o acima mencionado Dama ben Netina estava sentado num traje bordado a ouro entre nobres de Roma, quando sua mãe chegou e atirou-lhe insultos e humilhações. Rasgou-lhe os trajes, bateu-lhe na cabeça, e cuspiu. Ele, contudo não a envergonharia."

Quando os reis das nações ouviram o Primeiro Mandamento de D'us, não ficaram impressionados. Argumentaram: "Que soberano deseja ser negado? D'us, como qualquer outro rei, ordena que Ele seja reconhecido."

Quando ouviram sobre o Segundo Mandamento, também objetaram: "Há algum soberano que toleraria outra autoridade? D'us, como todos os reis, que ser adorado sozinho. Por isso decretou que ninguém deve servir a outros deuses!"

Também não se comoveram com o Terceiro Mandamento, comentando: "Que rei gostaria que seus súditos jurassem em falso em seu nome? Tampouco D'us o quer."

Sobre Shabat, disseram: "Claro, todos os reis gostam que seu dia especial seja celebrado!"

Porém quando ouviram acerca da mitsvá de honrar os pais, todos os reis levantaram-se de seus tronos e louvaram a D'us, admitindo: "Se alguém de nosso círculo for elevado a um status nobre, imediatamente nega seus pais. D'us age diferente. Ordenou que todos honrem seus pais!"

Os reis entenderam então, retroativamente, que as mitsvot de D'us não foram dadas, como imaginaram originalmente, a fim de honrar a D'us. As mitsvot foram apresentadas para o benefício dos seres humanos.

Está escrito: "Honra teu pai e tua mãe." O respeito que deve ser prestado ao pai precede o devido à mãe. No entanto, em outra passagem, a Torá exige: "Todo homem deve temer sua mãe e seu pai." Aí o mandamento exige temor da mãe primeiro, e depois do pai. Por quê? Em geral, o filho respeita mais a mãe do que o pai, porque ela está naturalmente com ele desde o dia em que nasce, cuidando dele e tratando-o com amor, carinho e palavras gentis. A Torá exige, portanto, que o respeito ao pai seja igual ao respeito natural que sente pela mãe. Por outro lado, a pessoa naturalmente teme o pai mais do que a mãe, porque o primeiro é aquele que castiga e fica zangado. Por isso a Torá enfatiza a necessidade de temer mãe e pai igualmente. Destes dois versículos aprendemos que pai e mãe são iguais; deve-se temê-los e respeitá-los igualmente.

Em que consiste o devido respeito? Em fornecer-lhes alimento, bebida e vestuário, acompanhá-los quando saem, e ajudar em tudo que eles possam precisar. Deve dirigir-se a eles cortesmente.

Em que consiste o temor? Como se teme os próprios pais? Não se sentando no lugar reservado a eles, não os interrompendo ou contradizendo suas palavras.

A mitsvá de honrar os pais é ainda mais importante para D'us do que o respeito por Seu próprio Nome. Uma pessoa é obrigada a honrar a D'us ao máximo de sua capacidade, na medida em que seus meios lhe permitam. Se lhes faltarem os meios, porém, ela está isenta dessa obrigação. Mas a pessoa deve honrar os pais mesmo se for pobre. Se lhe faltarem os meios, deve angariá-los de porta em porta, a fim de ajudar os pais a subsistir.

A seguinte história nos mostrará que a maneira pela qual a pessoa mostra respeito aos pais é ainda mais importante do que a forma do respeito propriamente dita.

Dois irmãos moravam numa cidade. O mais velho era rico, enquanto o mais novo vivia na pobreza, tirando seu sustento de um moinho de farinha. O pai certa vez foi visitar o filho mais velho. Este preparou um banquete, servindo-lhe o melhor que tinha em casa. Em seguida aprontou o quarto mais confortável, com uma cama limpa, para o pai descansar. Mas durante toda a visita não demonstrou nenhum amor ou paciência ao pai. Não lhe perguntou como estava, na verdade, mal falou com ele. Todos os seus atos se destinavam apenas a cumprir sua obrigações de respeito. O pai deixou a casa do filho mais velho e seguiu para a do mais novo. Como encontrou o filho labutando na pedra do moinho, o pai arregaçou as mangas e começou a ajudar. Antes do anoitecer os dois tinham acabado o serviço. Retornaram juntos à casa do filho mais novo, conversando ao longo do caminho. O filho perguntou sobre a saúde do pai com amor e preocupação. Nenhum banquete real os esperava em casa, mas o pouco que havia foi servido diante do pai com grande respeito. Anos depois, quando os dois filhos morreram, o mais moço, o filho pobre que quase nada tivera para oferecer ao pai além de temor e bondade, foi admitido no Paraíso e recebeu um lugar perto dos justos. Sobre isso foi dito: "Um filho pode dar ao pai gansos gordos para comer e não ganhar o Mundo Vindouro, enquanto outro filho pode fazer o pai trabalhar na pedra do moinho e ainda assim conquistar a vida eterna."

Há três parceiros na criação da pessoa: D'us, o pai e a mãe. Se alguém honra seus pais, D'us diz: "Considero como se Eu habitasse em seu seio, e honraram a Mim." Se alguém causa aborrecimentos a seus pais, D'us diz: "É bom que Eu não habite em seu meio, pois se Eu estivesse entre eles, aborrecer-Me-iam também".

A recompensa por honrar os pais é a longevidade no Mundo Vindouro. Apesar da principal recompensa estar guardada para o Mundo Vindouro, é uma das mitsvot das quais a pessoa recebe benefícios também neste mundo.

Nesta mitsvá estão incluídos os mandamentos de honrar a um irmão mais velho, e o segundo marido ou esposa do pai ou da mãe.

Um relato: Rabi Yehoshua e o açougueiro.

Certa vez, o grande Sábio Rabi Yehoshua escutou uma voz que lhe dizia em sonhos: "alegra-te, Rabi Yehoshua, pois tu e o açougueiro Nanas sentar-se-ão à mesma mesa no Paraíso".

Yehoshua despertou pensando: "Quem é este Nanas? Estudei Torá toda minha vida, e não vou a lugar algum sem os tsitsit presos à minha roupa e os tefilin sobre a cabeça. Espero que meu vizinho no Paraíso seja também um sábio!"

Não podia esquecer o sonho. Disse a seus alunos: "Não terei paz enquanto não descobrir quem é este homem que se sentará a meu lado no Paraíso. Vou averigüar."

Os estudantes lhe disseram: "Rebe, te acompanharemos."

Rabi Yehoshua e os alunos viajaram de cidade em cidade. Em cada uma perguntavam: "Conhecem um açougueiro chamado Nanas?"

Passou-se muito tempo até que o acharam. Finalmente, numa cidade, as pessoas responderam: "Por que tu, um justo, um sábio, perguntas por este açougueiro?"

"Por que, que tipo de pessoa é ele?"

"Verás por ti mesmo," responderam. As pessoas foram até Nanas e lhe disseram: "O grande Rabi Yehoshua quer ver-te."

Nanas, que não era um erudito, pensou que lhe estavam pregando uma peça e respondeu: "Não zombem de mim! Vão embora!"

Os mensageiros voltaram a Yehoshua e disseram: "Por que nos enviaste a tal homem? Nem ao menos quis falar conosco!"

"Preciso vê-lo," insistiu Yehoshua. "Voltem a ele e o tragam."

Os mensageiros voltaram a Nanas e o convenceram a ver Rabi Yehoshua.

Nanas se jogou aos pés do Sábio. "Por que deseja um líder do povo judeu ver um homem simples como eu?"

Yehoshua respondeu: "Quero saber o que fazes todos os dias. Cumpres algum ato especial?"

"Não faço nada de especial", explicou Nanas. "Sou açougueiro. Trabalho em minha barraca. Tenho pais idosos que não podem se sustentar. Todos os dias, antes de ir ao trabalho, lavo-os, visto-os e os alimento."

Rabi Yehoshua ficou de pé, beijou Nanas e disse: "Quão grande é tua recompensa no Gan Eden! Que sorte a minha de ser seu vizinho no Paraíso. Fiquemos contentes pela recompensa que D'us nos concederá: sinto-me feliz de saber que estarei junto a ti."

O Sexto Mandamento: Não Matar

"Não Matarás!"

Moshê ordenou aos judeus em nome de D'us: "Meu Povo de Israel! Não mateis. Não sejam amigos ou sócios de assassinos, para que vossos filhos não aprendam a matar. Se pecarem e cometerem assassinato, o Templo Sagrado de Jerusalém será destruído e a Shechiná (Divindade) abandonará a Terra de Israel."

Aquele que derrama sangue mutila a Shechiná.

O imperador ordenou que erguessem estátuas suas na província recém-conquistada, e que se cunhassem moedas com sua imagem estampada. A população demonstrou seu descontentamento com o novo conquistador derrubando as estátuas com sua imagem, e destruindo as moedas com sua estampa.

Similarmente, aquele que mata um ser humano, que foi criado à imagem de D'us, é como se prejudicasse o Próprio D'us.

A punição celestial para um assassino é que será assassinado por alguém.

Envergonhar outro ser humano (fazendo com que o sangue escoe de suas faces) é uma forma de assassinato.

O Sétimo Mandamento: Não Cometer Adultério

"Não cometerás adultério!"

D'us pune a transgressão de adultério mais severamente, pois Ele é paciente no caso de qualquer pecado, exceto o da imoralidade.

"Não cometerás adultério!", avisa D'us a Seu povo. A pessoa que deve ser sempre humilde, comportando-se com modéstia em todo lugar, mesmo quando suas ações não forem visíveis. É uma mitsvá manter distância de pessoas grosseiras e indecentes para não aprender com seus maus hábitos.

Moshê disse aos judeus em Nome de D'us: "Não sejam adúlteros, nem sejam amigos ou sócios de adúlteros, para que vossos filhos não aprendam a ser adúlteros. Se cometerem este pecado, serão exilados da Terra de Israel e outras nações ali viverão, no lugar de vocês."

O Oitavo Mandamento: Não Raptar

"Não Roubarás!"

A proibição de não roubar, nos Dez Mandamentos, refere-se a roubar vidas humanas. (Roubo de propriedade é proibido pelo versículo em Vayicrá 19:11.)

Quem rapta uma pessoa e o vende ou utiliza-o como escravo está sujeito à pena capital pelo tribunal.

Moshê ordenou em Nome de D'us: "Povo de Israel! Não roubem, e não sejam amigos ou sócios de ladrões, para que vossos filhos não aprendam a roubar."

O Nono Mandamento: Não Levantar Falso Testemunho

"Não levantarás falso testemunho contra teu semelhante!"

"Não darás falso testemunho contra teu próximo", disse D'us ao povo.

"Eu criei tudo em Meu mundo. Só a falsidade não criei. Portanto, todo aquele que dá falso testemunho contra seu próximo está negando a Criação do mundo."

Levantar falso testemunho leva à destruição da civilização. Faz com que vítimas sejam punidas por crimes que jamais cometeram. Também permite roubar, matar e oprimir outrem e escapar impune, através de falso testemunho. Aquele que testemunha em falso traz, desta forma, destruição ao mundo. Também nega a Providência do Criador.

Uma "falsa testemunha" é a pessoa que se apresenta perante um tribunal e atesta que viu algo que realmente nunca viu. Não faz diferença se dá falso testemunho para ajudar um amigo ou para prejudicar um inimigo: a Torá nos proíbe de ser testemunha falsa, independentemente da razão.

O Décimo Mandamento: Não Tentar Trazer à Posse de Alguém o que Pertence a Outrem

"Não cobiçarás a casa de teu semelhante, nem sua esposa, nem seus servos, nem nada que pertença a teu semelhante (e, como resultado, engendrar planos para consegui-los)!"

É proibido fazer qualquer tentativa de obter algo que pertença a outro porque alguém deseja possui-lo ele mesmo. Esta proibição inclui convencer alguém a vender algo que não deseja, pressionando-o a fazê-lo. Isto é proibido mesmo se lhe for pago integralmente. Tampouco é permitido desejar, mesmo no íntimo, as posses que pertencem a outros.

A Torá quer que cada pessoa sinta-se feliz com o que tem.

Moshê ordenou em nome de D'us: "Não desejem o que pertence a outro, nem sejam amigos ou sócios de pessoas que cobiçam o que pertence a outros. D'us os castigará se cometerem este pecado. O governo confiscará vossos bens."

O perverso traço de desejar os bens de outrem faz com que a pessoa se torne criminosa, pois em seu impulso de obter o objeto de desejo, é capaz de tornar-se violento se lhe for negado. Pode estar preparado até para matar o dono de seu desejo.

Enquanto os primeiros cinco Mandamentos mencionam o Nome de D'us, este é omitido dos cinco últimos. D'us disse: "Que Meu Nome não seja associado a assassinos, adúlteros, ladrões, testemunhas falsas e pessoas invejosas e cobiçosas."

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