Todos sabemos que Rosh Hashaná é o dia em que D'us decide nosso destino para o ano vindouro. Então, 10 dias depois, em Yom Kippur, nos arrependemos, somos perdoados, e nosso julgamento é (esperamos) modificado para o melhor. Todo ano: Julgamento, apelo, melhor julgamento.

Então eu tenho uma ótima ideia: Como todos conhecemos o exercício, D'us certamente conhece o treinamento, assim como os membros da Corte Celestial– portanto talvez agora seja o tempo de reverter a ordem. Por que ficar mantendo o julgamento passado de D'us quando todos sabemos que Ele vai reconsiderar dez dias mais tarde?

Em vez disso, vamos inverter: primeiro teremos Yom Kippur, um dia de retorno, arrependimento, e reconciliação. Então, com aquilo sob nossos cintos, podemos todos ir a julgamento em Rosh Hashaná com uma lousa limpa e navegar suavemente através do julgamento para o ano vindouro.

Isso faz um sentido um tanto esquisito. Em Yom Kipur lidamos com o ano passado - limpamos nossos erros, somos perdoados e perdoamos os outros. Rosh Hashaná é a cabeça do novo ano, literalmente. Portanto, neste meu plano, primeiro cuidamos do ano passado antes de seguir em frente com o ano vindouro. Menos ansiedade. Menos estresse. Melhor para a saúde e sanidade a longo termo. Certo?

Ou talvez tenhamos entendido tudo 100% errado. Pois se estamos pensando que as festas poderiam ser invertidas em sua ordem, é provável que tenhamos entendido seus significados ao contrário.

O Verdadeiro Rosh Hashaná

Não é nossa culpa se estamos sem pistas. Rosh Hashaná tem de ser o dia mais misterioso na Torá.

Outras festas judaicas são totalmente transparentes. Pêssach – todos sabem que estamos comemorando o Êxodo (e Primavera). Shavuot – temos a experiência no Monte Sinai para relembrar, junto com a colheita de trigo. Sucot – estamos comemorando os 40 anos de proteção Divina na Grande Fuga pós escravidão, junto com a colheita final do ano.

Yom Kipur – talvez um pouco intrigante à primeira vista. Mas se você fizer a conta ele cai exatamente 120 dias após Shavuot- Dando a Moshê 40 dias sobre a montanha recebendo a Torá até o colapso do bezerro de ouro; outros 40 dias para implorar perdão, e outros 40 dias na montanha para gravar as Tábuas 2.0, quando ele desce e todas as pessoas veem que foram perdoadas. Portanto, um dia notável para ser perdoado todos os anos.

Mas Rosh Hashaná? Não muitos dados:

No sétimo mês, no primeiro dia do mês, você deve ter uma festa. Não faça nenhum trabalho. Você terá um dia de toque do shofar.

Rabi Moshe ben Nachman (“Nachmânides”): “D'us nos falou para mantermos um feriado sem explicar por que e para que,” ele disse. “E então Ele declara que é um dia para tocar um chifre – mas sem informar que tipo de chifre, como tocar ou por que estamos tocando!”1

Mantenha-se firme – temos uma tradição inquebrável que nos diz apenas o que temos de fazer, qual instrumento tocar, e como tocar. E temos totais alusões escriturais para apoiar essa tradição. Temos até uma tradição de que este é o aniversário da criação do ser humano. Como de costume, sem tradição a coisa toda é quase ininteligível.

Mas ainda assim, este é um grande dia para os judeus. Por que a reticência? Por que a Torá não pode sair abertamente e declarar claramente o que significa tudo isso? Parece que a Torá não pode. E aquilo poderia ser somente porque este dia é tão profundo, tão íntimo, que simplesmente não pode ser dito. Não há palavras. É apenas algo que ou você entende ou não entende.

Mas o que é que não entendemos?

Yom Kippur: Dia de Lavagem

Para explicar isso, tenho de lidar primeiro com Yom Kipur. É traduzido como “O Dia da Expiação.” É um título muito bonito com bastante significado, pois é certamente um dia de expiação, no qual somos todos um, e nós e D'us somos um. Mas “expiação” definitivamente não é a tradução da palavra “kipur”.

Kipur ou Kapará literalmente significam “limpeza”. Não no sentido de limpar manchas de gordura ou de barro. Mas – limpeza espiritual. Como quando alguém é apanhado em terríveis vícios, apenas indo mais e mais fundo na lama – até que finalmente ele se volta e com uma pequena ajuda de seus amigos, nós dizemos: “ele ficou limpo”.

Em Yom Kipur, todos nos tornamos limpos. Yom Kipur é um dia de lavagem de D'us, e nós, almas da humanidade, somos a Sua “roupa”.

Portanto não é apenas perdão, não é apenas “Ei, sentimos muito. Podemos ter um bom ano agora?” Não, é “Vamos deixar tudo para trás , vamos fingir que nada disso aconteceu. Vamos cair em amor um pelo outro, D'us e nós, como as coisas sempre foram e são supostas a ser.”

E agora você pode ver meu ponto. Porque se estamos indo direto para Yom Kippur sem o dia profundo e misterioso de Rosh Hashaná, então estamos apenas fora do contexto. Estamos apenas colocando D'us para virar e responder: “Desculpe-me? Eu conheço você de algum lugar?”

Olhe, estamos falando sobre D'us aqui. Não que alguns ateus não acreditam e nós também não. Estamos falando sobre o Único de Quem todos os pensamentos e desejos derivam, toda consciência, todo tempo e todo espaço. O Único que precede toda a existência. Nós e nosso universo inteiro poderiam não existir no que se refere a Ele. E aqui estamos nós tentando abraçá-LO como se nos conhecêssemos um ao outro desde o princípio.

Temos? Talvez. Vamos cavar um pouco mais fundo.

Avançar para o Começo

Em Rosh Hashaná, escreve Rabi Schneur Zalman de Liadi, todas as coisas retornam à sua origem.

O que está ali na sua origem? Seus tachlis. Tachlis – é outra daquelas palavras intraduzíveis do hebraico/yidish, algo como telos no grego clássico, mas com um sabor judaico. Por exemplo: “Vamos falar tachlis” significa “vá direto ao ponto.” Eu estou.

Seu tachlis é o seu significado, seu objetivo e seu supremo destino. Cada coisa existe por algum tachlis.

Portanto vamos falar tachlis com D'us.

Tédio? Não havia tempo no qual ficar entediado – o tempo ainda não existia. Nada estava faltando. Nada tinha de ser. Qualquer coisa poderia ter sido. Ou não sido.

Então não há razão real ou ímpeto de qualquer falta. Mas deve ter havido um pensamento primordial, uma semente original de todos os seres. E essa semente representa o tachlis de cada e todo ser.

Colocando de outra forma: deve haver algum tema único e elemento unificador sobre o qual o cosmos inteiro está pendurado. E deve ser algo que envolva cada personagem e propósito do início ao fim deste drama.

O que precisa ser feito para que essa mega-história cósmica funcione?

Aqui está o candidato óbvio, se escondendo bem ali em seu Livro de Prece das Grandes Festas:

“... e toda coisa que é causada saberá que Tu a causou, e toda coisa que é formada saberá que Tu a formou...”

Na linguagem dos profetas, do Talmud e da liturgia, é chamado “declarando D'us rei.” Como não gostamos de reis atualmente, chamamos de “provendo justa atribuição ao Autor.”

O significado é o mesmo: Como com todo drama, o tachlis é aquilo que o dramaturgo deveria ter expressado com toda nuance de Seu drama, o Compositor dentro de toda nota de Sua música, o Artista dentro de cada traço e pincelada de Sua arte. Sem isso, não faz sentido todo esse negócio de criação. Sem isso, o investimento inteiro poderia ir pelo ralo.... Bem, na verdade, ele poderia simplesmente desaparecer no nada do qual ele veio, tempo, espaço e consciência – e nunca teria sido, para começar.

Portanto isso é o que realizamos em Rosh Hashaná. Na linguagem do Talmud, em Rosh Hashaná, D'us diz: “Faça-me teu Rei.” Declaramos Ele como Autor, Mestre, Compositor, Criador e Rei do Universo Inteiro. Tocamos o shofar. Nos comprometemos a cumpri mais mitsvot, mais atos de bondade, conforme o desejo do Rei. Como resultado, o universo recebe um outro ano de existência. Porque o tema parece estar chegando, afinal.

Nós somos o eixo da criação.

O Rei Perdido

A essa altura, a única maneira de explicar mais é contar uma história. Aqui está uma parábola contada pelo amado tsadik, Rabino Levi Yitzchak de Berditchev:2

Um rei fez um passeio na floresta a fim de apreciar a natureza, ver os cervos, as aves e todas as criaturas de seu reino. Mas por fim ele se viu realmente perdido, sem uma pista para encontrar a estrada real que levava direto para o palácio.

Ele viu alguns aldeões e perguntou a eles: “Desculpe. Vocês sabem o caminho para a estrada real do rei?”

Mas eles não o reconheceram como rei, e mesmo se o tivessem, não tinham nada a lhe dizer – eles nunca tinham viajado na estrada real e nem sequer sabiam que ela existia.

Por fim, o rei encontrou uma pessoa sábia e compreensiva. Ele perguntou: “Você sabe o caminho para a estrada do rei?”

O sábio entendeu que este deveria ser o rei. Ele tremeu e deu um passo para trás, e então imediatamente mostrou o caminho ao rei – pois, devido à sua grande sabedoria, ele conhecia o caminho direto e adequado da estrada do rei. Ele até conduziu o rei até o palácio e sentou-o no trono real do seu reino.

Este homem sábio encontrou muita graça aos olhos do rei, portanto o rei o nomeou acima de todos os ministros de seu reino e o presenteou com vestes preciosas, Quanto às suas roupas velhas, o rei ordenou que fossem estocadas na câmara do tesouro real.

E então ocorreu, após muitos anos, que este homem sábio cometeu um crime contra o rei. O rei ficou enfurecido e ordenou que sua corte real condenasse este homem por traição. O homem sábio ficou, é claro, muito preocupado. Ele sabia que seu julgamento não seria bom. Era, afinal, traição que ele tinha cometido.

Então ele foi perante o rei e se atirou à frente dele. Implorou por um último pedido antes da sua sentença.

“E qual seria?” indagou o rei.

“O homem sábio respondeu: “É, que eu seja permitido de vestir mais uma vez as minhas roupas que eu vestia quando nos encontramos pela primeira vez.”

O rei concordou com o pedido, e quando ele viu o homem sábio vestido com aquelas roupas, ele lembrou da grande bondade que este homem tinha feito para ele quando ele o levou de volta ao palácio e o sentou no trono real de seu reino.

A compaixão do rei brotou. O homem sábio encontrou novamente graça em seus olhos. O rei o perdoou de seu crime e o devolveu ao seu cargo real.

O Dia das Origens

Rabi Levi Yitzchak explicou que essa história foi na verdade nossa história em Rosh Hashaná. Restauramos o Rei do mundo em seu trono quando aceitamos Sua Torá, entre o toque de um notável shofar. Portanto lembramos a Ele daquele favor que fizemos por Ele no nosso dia de julgamento.

Porém, é óbvio que a história deve conter muito mais que isso. Afinal, se poderia ser declarado simplesmente naquelas duas sentenças, por que ele teve de contar uma parábola inteira para declarar esse ponto?

Por um lado, a história também é sobre como, em Rosh Hashaná, cada ser retorna à sua origem. Este rei e este homem sábio, eles também tiveram que retornar às suas origens. O homem sábio teve que retornar àquele lugar onde ele primeiro reconheceu que este era o rei, até aquele ponto onde não havia possibilidade de que ele não fizesse tudo o que pudesse para ajudar o rei, muito menos rebelar-se contra ele.

Foi aquele sábio original que o rei viu agora diante dele. Este homem a quem ele devia todo o seu reino, pois naquelas florestas distantes ele não era rei, e se não fosse por este homem, ele nunca teria sido rei novamente.

Este homem pecou contra ele? Não, não este homem sábio. Isso não seria possível. Em vez disso, alguma versão posterior corrompida de sua personalidade se rendeu à tentação perversa. O próprio homem sábio, em sua origem primitiva, era essencialmente bom e eminentemente leal.

Nós também retornamos à nossa origem. Esse é o significado mais essencial do toque do shofar. É um grito primordial, um alcance mais profundo e ainda mais profundo no coração e na alma, para um lugar que não pode ser falado, que não pode ser articulado de outra forma senão com o chamado primitivo do chifre de um animal. É a nossa origem, a concepção inicial de um ser capaz de descobrir o Autor dentro da história, o Rei dentro do Seu Reino. Aquilo que chamamos de alma humana.

“Eles se sentaram com o rei em seu ofício ...” 3

“Com quem Ele se consultou quando Ele veio a fazer o mundo? Com as almas dos justos.” 4

E assim o Grande Maguid de Mezritch, o grande professor dos professores, herdeiro do Baal Shem Tov, ensinou que a primeira semente do ser que está na essência de todas as coisas pode ser encontrada no âmago da alma humana. 5 Por assim dizer, foi a essência de nossas almas que D'us consultou antes do início da Criação.

E ainda mais profundo: o que D'us escolheu como Seu tachlis neste negócio de criação? Na verdade, era nada menos do que um vislumbre Dele mesmo. Como um autor deseja respirar em sua obra a expressão mais íntima de si mesmo - o mesmo, de fato, com qualquer artista ou criador - então o Criador de Todas as Coisas deseja que cada uma e todas as Suas criações expressem Seu ser essencial inefável.

Nesse sentido, somos muito fruto da imaginação Dele - nossas almas, em suas origens, são aquele vislumbre do Ser que Ele imaginou em Sua criação.

É por isso que Yom Kipur só pode ser depois daquele dia do início de todos os começos, uma vez que as coisas tenham retornado às suas origens, em Rosh Hashaná. Quando voltamos ao nosso tachlis essencial também.

Porque aí não somos estranhos. Porque aí, sim, vivemos em um relacionamento íntimo com o Criador de todas as coisas. Porque lá, quando voltamos para aquele lugar, então D'us diz: "Eu encontrei você, e você é uma criança pura e inocente."

E agora podemos dizer: “Então, vamos começar tudo de novo. Como algo pode se interpor entre nós? " Porque tudo depende de nós..6

Quem Precisa Disso?

Assim como você pensava que tínhamos tudo resolvido, descobrimos que apenas criamos para nós mesmos um problema ainda maior: Quem precisa do Yom Kipur?

Em Rosh Hashaná, conforme explicado, a quintessência primitiva de nossas almas explode em toda a sua glória no grito do shofar. Agora não há manchas de pecados, nem ferimentos da batalha. O que quer que tenha ocorrido aqui em nosso mundo, dentro do tempo e espaço - nada disso poderia afetar a conexão entre a própria essência de sua alma e a própria essência de D'us.

Nesse caso, tudo está perdoado. Assim como o rei deve perdoar o homem sábio que o trouxe de volta ao seu trono, D'us perdoa todo judeu.

Então, quem precisa de Yom Kippur?

A resposta é que você precisa. Você, aqui embaixo, dentro do tempo e do espaço, uma alma embalada em carne e ossos, cuidando das coisas que os organismos de carne e ossos fazem - você precisa de uma limpeza. Só porque tudo está ótimo no último andar, não significa que o porão pode ignorar sua bagunça.

Dê uma olhada nas coisas que dizemos em Rosh Hashaná. Percorra todo o Machzor (o livro de orações da festa) e você mencionará pouco os pecados. Nenhuma das longas listas alefbéticas de “Pelo pecado que cometemos diante de Você por ...” que repetimos continuamente em Yom Kipur. Nem mesmo um "Por favor, nos perdoe e nunca mais faremos isso!" Como se nunca tivéssemos feito nada de errado.

Porque nós não cometemos. Não esta pessoa agora que foi libertada durante a explosão do shofar. Essa é uma alma pura, como era em sua origem.

O problema é: você não pode permanecer na sua origem. Você tem que sair para o mundo. Deve! E nesse ponto, você pode se desconectar facilmente de sua origem - que é o que chamamos de pecado: qualquer coisa que uma pessoa pode fazer para se alienar de seu eu essencial. Que é o que acontece quando uma alma judia escolhe fazer algo contrário à Torá.

Agora imagine que fomos direto de Rosh Hashaná para o ano. Seria como se nada tivesse acontecido. Tudo um sonho. Como aquelas situações em que uma grande ideia nova surge em sua mente e antes que você tenha a chance de segurá-la e permitir que ela se desenvolva, você pula para outra coisa. Puf. “Bela ótima ideia” simplesmente desapareceu na terra do nada de onde veio.

O mesmo poderia acontecer com este belo evento da essência do shofar de Rosh Hashaná. Porque nada foi feito com isso. Apenas mais um potencial perdido. Então você não faz isso. Em vez disso, você tem um período de dez dias para aclimatar toda a sua pessoa, da cabeça aos pés, a essa nova personalidade emergente; para sentir todos os aspectos de seu personagem que são inconsistentes, incongruentes e desarmônicos com a música que sua alma quer cantar e colocar em sintonia.

Esses dias são chamados de “Os Dez Dias de Teshuvá”.7 Teshuvá significa retornar, e esses são os dias em que toda a sua personalidade pode retornar à harmonia com seu verdadeiro eu.

Na linguagem da Cabala do Ari Hakadosh, Rabi Isaac Luria, este período é um tempo para binyan ha-malchut - reconstruir o reino.8 Seu malchut, ou reino, é aquela sua personalidade - a maneira como você lida com o mundo em torno de você. Em Rosh Hashaná, você começa a reestruturar tudo isso, começando do topo e trabalhando para baixo.

A etapa final ocorre em Yom Kipur. Em Yom Kipur, tudo o que aconteceu em Rosh Hashaná agora vem à tona - até a própria fisicalidade do corpo humano. É por isso que não podemos comer no Yom Kipur – ao contrário de Rosh Hashaná que festejamos com abundância de alimentos. Porque passo a passo, toda a história de sua construção humana foi levantada e conectada a um lugar muito mais elevado, até que seu próprio corpo físico se tornasse tão espiritual que comer e beber o arrancaria violentamente de sua fonte de vida.

Em Yom Kipur, seu corpo vive da fome. Fome Divina.

Praticamente Falando…

Acontece que Rosh Hashaná e Yom Kipur são um único processo: chegar à origem de todas as coisas e trazê-la para a terra, de modo que transforme tudo em você e permaneça com você durante todo o ano.

Rabino Bere Volf Kazevnikov de Yekatrineslav costumava perguntar:

Por que é tão difícil para um judeu ter sustento? O Talmud diz que é tão difícil quanto dividir o Mar Vermelho! Mas o Talmud também diz que todas as necessidades de cada judeu são colocadas de lado em Rosh Hashaná. Se é apenas uma questão de lucrar com uma conta devida desde o início do ano, por que é tão difícil?

E ele respondeu:

Quando os oceanos e os mares foram estabelecidos no terceiro dia da criação, os rabinos dizem que o Criador fez uma estipulação com o anjo designado sobre eles: Que quando os Filhos de Israel chegassem ao Mar Vermelho, ele separaria suas águas.

Mas quando os Filhos de Israel finalmente chegaram, o Mar Vermelho inicialmente se recusou a se separar. D'us perguntou ao anjo nomeado: "Por que o mar não está se dividindo?"

O anjo respondeu: “Vai se partir. Assim que os Filhos de Israel chegarem lá, ele se dividirá. ”

Veja, o anjo tinha visto todas as almas judias enquanto elas estavam no céu. Mas agora, essas eram as almas judias depois que desceram a este mundo e suportaram a opressão e a humilhação do exílio e da escravidão. Então D'us teve que explicar ao anjo que essas eram as mesmas almas. Mas explicar a um anjo o que o exílio e a opressão podem fazer a uma alma é muito difícil.

Da mesma forma, quando um judeu é julgado em Roshaná todos os anjos designados para a distribuição de bênçãos divinas e abundância são instruídos a encher o prato desse judeu todos os dias do ano. Mas quando chega a hora de essas bênçãos fluírem, os anjos afirmam que o judeu que viram em Rosh Hashaná não se encontra em nenhum lugar. E então D'us tem que explicar àqueles anjos que este pequeno judeu aqui é o mesmo judeu que eles viram de pé na sinagoga quando o shofar soou no dia sagrado de Rosh Hashaná. Acontece que o judeu teve que sair para o mundo e trabalhar para viver. E isso é algo muito difícil: explicar a um anjo o que trabalhar para viver em um mundo físico pode fazer a uma alma divina.

Um judeu tem que viver em dois mundos ao mesmo tempo - e conectar esses dois mundos. Esse é o nosso trabalho neste mundo: agarrar-se firmemente a essa essência de nossa alma em sua origem e trazê-la para baixo para saturar todas as atividades humanas que os humanos devem fazer durante todo o ano. Para tornar todas as coisas sagradas.

É por isso que é tão vital que durante os Dez Dias de Teshuvá, de Rosh Hashaná a Yom Kipur, tragamos toda a nossa inspiração para os detalhes práticos. Pequenos detalhes. Como colocar uma mezuzá casher em uma porta de sua casa que ainda está faltando. Como colocar uma caixa de tsedacá, de caridade, em seu local de trabalho. Como escolher pronunciar uma bênção em voz alta antes de comer.

Eles são pequenas coisas, fáceis de passar pela porta quando você sai daqueles dias de admiração e caminha para o mundo. Mas eles são ainda mais poderosos.

Eles são a assinatura divina na criação de D'us. Que é, afinal, o tema de todo este universo, o tachlis pelo qual foi criado. Para trazer esse tema original para a terra. Autografar cada instância finita da criação com a marca de um Criador infinito. E nós somos o eixo central. Tudo depende de nós.