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O que é a “cultura do cancelamento”?

“Cultura do cancelamento” é o nome que se dá a um movimento comum na Internet, e que ganhou proeminência entre 2018 e 2020. Já se chamou a isso de “destruição de reputação”.

Não significa exclusivamente crítica nem mesmo ataques que alguém sobre na Internet. Trata-se da prática orquestrada por Grupos para destruir alguém ou alguma instituição quanto à sua capacidade de emitir mensagens nas redes sociais. No momento atual, os youtubers são os mais visados. Mas também é no youtube que se centra os chefes das organizações que praticam a busca de cancelamento de alguém.

A cultura do cancelamento visa fazer com que o ódio se dissemine contra uma figura. Ela não deve ser ouvida ou seguida. Mas a cultura do cancelamento é, também, o ato mais covarde: ela induz atos de violência de terceiros e quartos contra a figura demonizada, o que, não raro, pode levar à violência física. Quando esta ocorre, os organizadores do linchamento virtual se sentem inocentes, uma vez que, em nenhum momento, eles chegaram a insinuar a alguém que a violência física deveria ser exercida.

A prática da cultura de cancelamento é anterior à Internet. Ela foi iniciada na Alemanha de Hitler, em especial por organizações de jovens contra professores das universidades. Eles, os professores, eram acusados de “velhos”, de terem aceito com facilidade a derrota na Primeira Guerra Mundial, de serem cosmopolitas e não darem valor à Alemanha. A acusação vinha nos jornais estudantis que eram rapidamente consumidos. Depois, na segunda etapa, esses professores eram rotulados de simpatizantes do partido comunista, e defensores não da Alemanha, mas da URSS. Junto disso, mas não em jornal e sim pela fofoca, dizia-se que tal professor ficava com alunas mais jovens. Não raro, isso apanhava sempre algum aluno mais rancoroso, que de fato já havia visto sua namorada suspirar pelo grande mestre.  Quando a reputação do professor alvo estava já cambaleante, então e só então aparecia uma edição especial do jornal estudantil, apontando-o como judeu. Não se podia acusar os estudantes de antissemitismo. Pois não se havia dito nada contra o “bom judeu”. Só quando todos já execravam a figura, então é que o “ele é judeu” vinha à tona. Não se usava do antissemitismo simplesmente. A tática era de se aproveitar dele e ampliá-lo.

A ideia de formar grupos para destruição de reputação é uma tática de origem fascista e, hoje, na Internet, é cultiva por grupos neofascistas declarados, ou mesmo grupos que se dizem de esquerda, e que agem assim por pertencerem à atual “cultura do ressentimento”. Diante dos mais velhos que se destacam na sociedade, exatamente por estes levantarem perspectivas que não são as do senso comum jovem, a turba jovem pode cultivar práticas fascistas de cancelamento. Organizam grupos ou fascio (daí o fascismo) que protegem o chefe idealizador do grupo e, no lugar dele, se expõe para o ataque à personalidade-alvo.

Em todos os casos, sempre é muito importante o fascio ter um chefe, que organiza tudo na surdina. O fascio deve protegê-lo, e se deixar expor para que ele fique encoberto. Tudo exatamente como no passado, na juventude hitlerista.

Paulo Ghiraldelli, 63, filósofo



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