Get Even More Visitors To Your Blog, Upgrade To A Business Listing >>

Marx, Nietzsche e Freud – sem eles, não nos entendemos!

A não leitura e compreensão de Marx, Nietzsche e Freud nos coloca fora não do mundo acadêmico, mas de qualquer conversa relativamente culta atual. Eles foram mais que os “mestres da suspeita”, como os qualificou Paul Ricouer. Eles foram os criadores do vocabulário moderno como o utilizamos hoje. Não conversamos mais como conversávamos antes deles – todos nós, e não apenas os cultos.

Antes de Marx o burguês era apenas o habitante do burgo. Depois de Marx ele se tornou o dono da fábrica ou do banco que tem o poder de explorar a força produtiva do trabalhador. Antes de Nietzsche a ideia de que o fraco é mais forte que o forte era uma simples contradição. Depois dele isso se tornou uma evidência que raramente não é notada. Ser fraco, para muitos, significa ser alguém que é capaz de produzir pena e, então, sobrepujar todos os outros corroendo-lhes a alma por meio da culpa. Antes de Freud o inconsciente era referência para o desmaio e coisas afins. Após ele, remetemos a camadas escondidas na linguagem (e no pensamento, portanto) sem qualquer precaução – todos fazemos isso. É popular dizer “você queria isso inconscientemente”.

Aí estão três exemplos. No entanto, o mundo linguisticamente transformado por esses pensadores é muito maior, enorme. Eles criaram uma revolução semântica. Pouco falamos que não tenha as mãos semanticamente radicais desses monstros sagrados.

Assim, mesmo que exista alguém que possa discordar de tudo que Marx, Nietzsche e Freud disseram (uma pessoa certamente bem criativa!), ela não poderá discordar a respeito de que, sem conhecê-los, estaria com uma compreensão bastante rudimentar a respeito de nossa conversação atual. Entender o humor atual sem eles é como querer conversar com terráqueos tendo nascido e morado a vida toda em Plutão, e sem internet!

O problema é que hoje em dia há até professores que não sabem nada desses homens. Sim! Chegamos a isso! E a produção de disparates cresce e adentra até mesmo a academia.

Nessa leva de imbecilidade que assola o país governado por um Bozo, Marx se tornou um mero comunista. Ora, o que menos Marx fez foi escrever sobre o comunismo! Nietzsche se tornou um teórico de opressores, de nazistas, ou um pós-moderno qualquer que criou o relativismo. Nada disso. Nietzsche foi um crítico da metafísica e todas as suas teorizações não  visavam criar psicologia ou sociologia, mas instrumentos para um pensamento que pudesse dar conta de problemas a respeito de nossa dívida para com o platonismo. Freud se tornou dono de frases científicas, como se ele tivesse sido sempre um médico. Mas ele foi, antes de tudo, um pensador da cultura que quis responder a uma carta de Einstein a ele endereçada sobre a razão das guerras. Einstein foi um físico que sabia quem consultar quando o assunto não era física!

O filósofo estadunidense, meu amigo, Richard Rorty, foi quem me incentivou a tomar essas teorias todas como narrativas, e não como teorias científicas. Elas precisam ser recompostas e ressignificadas, mas não são possíveis de serem destruídas ou desconsideradas. E se criticadas por feministas, então, devem estar nas mãos de boas feministas – Beauvoir e Buttler à frente – pois, caso contrário, vão ser acusadas de “machistas”. E chamar algo de “machista” sempre é uma forma de lacração, de fugir da conversa, uma espécie de burrice. E como a burrice tem crescido nesses últimos tempos!

Paulo Ghiraldelli, 63, filósofo.



This post first appeared on -, please read the originial post: here

Share the post

Marx, Nietzsche e Freud – sem eles, não nos entendemos!

×

Subscribe to -

Get updates delivered right to your inbox!

Thank you for your subscription

×