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DESESCRITURAS DESÓBVIAS SEM DESFECHO



Preciso escrever.

E o que é precisar?

É mais vital que a respiração.

Precisar vai além da urgência.

Escrever é ato de sobrevivência.

É como ouvir RAMONES.

É mais que extirpar demônios, trazer pra fora os solavancos da existência.

Escrever é viver.

Poder mover devaneios, dizer que Bodeguito James está de camiseta básica da Hering, branca.

E a camiseta não foi batizada de espaguete. Não, ainda não. Ele traja calça jeans básica também, o tênis é all star preto, cano longo.

O cadarço?

Bem, é branco.

Vaga pelas ruas de Hell Claro, especialmente do centro da cidade.

Confere a decadência financeira do trecho.

Tristonhas placas de aluga-se, tão tristonhas, bebendo seu rivotrilzinho, enxugando o chororô.

Tá todo mundo peidando na praia da pindaíba, carteira is dead.

Crianças de cinco aninhos são inseridas no crack.

A contingência Dos Mendigos em expansão grindcore, agora temos até os neomendigos, uma mistura fina de oportunismo hipster com marketing de comportamento pra adquirir maior amor próprio, truques e macetes.

Estão roubando pacotes de bala e jogando dentro da cueca e se reclamar toma tiro, tio.

O Bodeguito largou as drogas.

Já não baseia mais felicidade em esticadas linhas de talco aspiradas sob o cd do Falamansa.

Mas, embora o panorama da desgraça seja evidente até para o mais lesado morador, ainda há dois minduim japa de esperanza.

Você pode desfrutar daquele casal idosão, braços dados, indo comer um gorduroso, casal setentão de óculos de sol torcendo pra não trupicar na irregular carçada e ganhar morte súbita.

E vira e mexe os maltrapilhos old school novamente estão aí: tem o sueco que em sua chegada na terrinha, pagava de garotão Apple, banheira com sais na casa chique do Sandrinho e hoje perdeu toda bufunfa. Agora, fala sozinho com o céu, com os raios de sol, e ganha refeições pra comer em cima da muretinha da loja de calçados de esquina, vibrando a cada garfadinha na folha de alface amiga, balbuciando seu idioma da loucura. Cada garfada um flash.

Alguns somem desaparecem, principalmente os que desfilam nus em plena luz do dia.

Temos também um vovô que mais parece o Jaiminho, o carteiro – lá do Chaves, sabe – quem não se lembra?

Ele é gente fina, faz caridade e não parece fake.

E a gangue dos mendigos mais novinhos rasga no Corote.

O goró é sua intensa psicanálise.

Depois de encher a caveira de etanol, o chão vira algodão, a pedra é travesseiro da Regina Duarte, primo.



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