Acordo sem saber em que porra de planeta estou. Abro os zóio sem abrir, Meio escuro, meio dia: constato meio lesado – é, o dia nasceu meio merda.
Merda à vontade, self-service pra todos, fila indiana, otário.
Enquanto o céu GOSPE laife, suas invisíveis bravatas de araque, alguém está esquartejando dúzias de inocentes bem longe do seu narizito.
Enquanto o céu GOSPE laife, uma velhinha bem ceguinha está numa iluminada sessão de refrescos, ela está levando uma Pepsi pra casa, com ajuda de Ivan, crachá torto na gola pólo, dezoito anos firmados em abril, seu primeiro emprego é aqui no Super Mercado Show De Bola.
Preciso de café.
Preciso de palheta sangrando o dedo, distorção.
Distorção esquenta as veias.
Distorção explodindo palhetadas toscas nas cordas mi lá ré e sol GOSPE laife.
Destruição é apenas um palito de fórfi, destruição que deu uma ombrada no pessimismo, que não serve pra nada.
Pessimismo, mais uma invenção estúpida, que recostado come aquele pastel de ricota com belos fungos na Avenida 1, Cynar pra acompanhar, copo americano com pus lavado em detergente vencido, mas o copo ali espera sem culpa, estacionadão no balcão.
Ando surdo de cego por uma rua na minha casa, cadáver, corredor lento passos, braço esquartejado pinduradão no lugar do boi, o formol dizem que é cortesia do boticário, os passos são com os pés congelados, a próxima melodia que você escuta não é da irritação, é apenas a indiferença arrancando blocos de lava por todos os poros paredes e perigos de merda.