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Analisando Akira; Popularização do Gênero Cyberpunk e da Animação Adulta




Dizer que Akira, a animação lançada em 1998 sobre a geração do cinema, é chover no molhado. Na época em que a Disney estabelecia sua supremacia e a Pixar engatinhava com suas curtas em animação 3D, e o estúdio Ghibli havia sido refundado, a obra de outono apresentada ao mundo um futuro distópico onde um Japão decadente tentou se recuperar após a Terceira Guerra Mundial causada por um fenômeno destrutivo chamado Akira, uma criança com poderes descomunais. A qualidade da animação, seu enredo denso e interpretativo, personagens marcantes por suas personalidades dúbias e questionáveis, uma trilha sonora igualmente culminaram em uma obra que mudou o ramo da animação e a história do cinema, apresentando ao Ocidente o talento dos animadores japoneses, cortando paradigmas sobre o cinema e a animação. Mesmo após mais de três décadas desde seu lançamento, continua a influenciar artistas e todo o mundo em obras que tomam como base a criação. Um caso de como uma obra tão à frente de seu tempo foi concebida e chegou aos cinemas mundiais no final da década de 80. Vamos descobrir isso analisando mais o fundo, o processo de produção de Akira e como esse filme se tornou um divisor de águas no cinema e na cultura pop como um todo.


Como a carreira já consolidada no ramo dos mangás, Katsuhiro Otomo concebeu Akira no ano de 1982. Após pedidos insistentes da empresa Kodansha, publicadora renomada do Japão, para que o criador desenvolvesse um novo mangá a ser publicado em sua revista "Young Magazine", embora estivesse ocupado com outros projetos, Otomo aceitou o desafio. Ainda mais após o fracasso do seu trabalho anterior, do qual ele foi forçado a encerrar precocemente, desejando não repetir o mesmo com sua nova obra. Otomo desenvolveu o enredo de Akira buscando não se estender além do necessário e trazer a trama de maneira mais visual e menos literal, com diálogos apenas suficientes para levar a trama e o desenvolvimento dos personagens futuros. Tomando como base sua própria adolescência durante a era pós-segunda guerra mundial, o mangá criou uma história em um futuro distópico ambientado em um Japão repleto de corrupção, rebeldia e conflitos sociais, onde no núcleo havia uma relação de amizade entre o protagonista e o antagonista, Kaneda e Tetsuo. O sucesso do mangá foi inesperado e logo chegaram ofertas para possíveis adaptações do mangá, mesmo antes deste ter o seu encerramento. Apesar de resultar no início com Katsuhiro Otomo descontente com a adaptação para o cinema, já que além de ser o roteirista e diretor, teve pleno controle criativo sobre sua obra. Com isso, o roteiro adaptado aos cinco primeiros volumes lançados até 1986, que são compostos por 96 capítulos. Além de contar com a conclusão criada exclusivamente para o filme e que foi levemente aproveitado e melhor desenvolvido no mangá que seria concluído apenas em 1990, dois anos após o lançamento do filme.



Com o projeto de adaptação aprovado e concreto, Katsuhiro Otomo na liderança, o trabalho de animação foi desenvolvido pela Tokyo Movie Shinsha, um estúdio renomado e hoje conhecido como TMS Entertainment. Para começar, o próprio Otomo realizou todo o trabalho de storyboard, de maneira que os animadores conseguiram captar fielmente a sua visão para as telonas. Contando com o orçamento de aproximadamente 10 milhões de dólares, um valor astronômico para animações da época, usando a técnica de Cell Animation. Uma colaboração de mais de 320 toneladas de células, um trabalho de iluminação feito todo a mão, e recursos para digitalizar cada frame, para manter a fluidez da animação e até mesmo o uso de CGI, criou uma das experiências visuais mais impressionantes no ramo da animação. Inclusive, Akira foi a primeira animação a ser produzida rodando a 24 frames por segundo, o que só contribuiu para a apreciação e popularização da obra, não só em seu país de origem, mas em todo o mundo.


Outro aspecto bastante apreciado em Akira está em seu trabalho sonoro. Além da qualidade da dublagem original, os realizadores optaram por gravar vozes e diálogos dos personagens ainda nas etapas iniciais da produção, algo bastante incomum para animações do cinema, exceto em produções ocidentais. Para Akira, os dubladores gravavam suas vozes com base no roteiro e nos encaminhamentos dos desenvolvedores, que desejavam captar não apenas a emoção dos intérpretes que foram captados pelos animadores de maneira realizada. Sincronismo labial, poucas vezes visto em animações que optam por utilizar movimentos labiais básicos e repetitivos para sincronizar as vozes na pós-produção. Além da dublagem, se destacam a trilha sonora icônica de Akira, composta por Shoji Yamashiro, que também foi desenvolvida ainda nos projetos iniciais da produção como uma maneira dos realizadores usarem as músicas como inspiração para a criação do visual do filme. Além disso, um grupo de músicos conhecidos como Geinoh Yamashirogumi foi contratado para a trilha, trazendo diversos estilos, ritmos e instrumentos para criar a experiência sonora promovida por Akira.



Lançada em 16 de julho de 1998, Akira fez um sucesso moderado no Japão, ganhando o lançamento nos Estados Unidos no ano seguinte e no Reino Unido em 1991. O boca a boca do público logo tornou a obra um dos maiores sucessos dos anos 80, sendo marcado por suas cenas de ação espetaculares, visuais impressionantes e a violência poucas vezes vista em filmes de animação da época, ilustrações principalmente para crianças e adolescentes. Mundialmente, o filme arrecadou 49 milhões de dólares nas bilheteiras, quase cinco vezes o valor de seu orçamento.



Sendo ovacionado por público e crítica, sobretudo do lado ocidental do mundo, que se viu diante de um Admirável Mundo Novo, já que muitos foram introduzidos à animação japonesa graças à estreia. O sucesso de Akira não se limita aos seus números de bilheteria, pois a obra serviu de porta de entrada para futuros admiradores de animes e da cultura japonesa como um todo. Foi graças a essa obra que outras grandes animações como "Ghost in the Shell" e as produções do Studio Ghibli atingiram diferentes patamares no mundo.


As qualidades da obra de Katsuhiro Otomo continuam a influenciar criadores de todas as artes e meios existentes. O diretor Ryan Johnson em seu filme "Looper", os irmãos Duffer, criadores da série de grande sucesso "Stranger Things", e "Luta The King of Fighters" com a criação do personagem, e até grandes músicos como Michael Jackson e Kanye West em seus videoclipes. Além disso, Akira foi um dos estopins para a popularização dos gêneros cyberpunk e por estimular animadores a investir em filmes e séries animadas com temáticas mais adultas e pesadas envolvendo violência, sexo e conflitos armados, algo que até o seu lançamento era bastante raro.



Todas essas contribuições da obra reforçam a importância de Akira na cultura pop, sendo uma obra visionária e inovadora em diversos aspectos, que serviu para divulgar o talento dos animadores japoneses ao redor do mundo. Trata-se de uma obra-prima atemporal que continuará a influenciar por anos a fio e que seguirá sendo apreciada pelas futuras gerações.



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