Get Even More Visitors To Your Blog, Upgrade To A Business Listing >>

Trading in The Zone: Áudio Livro Completo em Português – Mark Douglas – Capítulo 9


Introdução

O mundo do mercado financeiro está repleto de desafios e oportunidades. Porém, para realmente se destacar e ser bem-sucedido como trader, não basta apenas dominar técnicas e estratégias. O aspecto mental é tão crucial quanto qualquer ferramenta técnica que você possa utilizar. Mark Douglas, em seu renomado livro “Trading in The Zone”, aborda justamente a importância da mentalidade correta ao operar no mercado. E neste artigo, vamos mergulhar no capítulo 9 deste incrível audiobook, agora disponível em português.


Trading in The Zone – Capítulo 9

A natureza das convicções

Chegados a este ponto, se consegue perceber os benefícios de adotar as cinco verdades fundamentais acerca do trading, a tarefa agora é aprender como integrar devidamente estas verdades no seu sistema mental sob a forma de convicções elementares sem entrarem em conflito com quaisquer outras convicções que possa defender.

À primeira vista, pode parecer uma tarefa desencorajadora e noutras circunstâncias, eu até concordaria consigo. Mas não, porque no capítulo 11 irei apresentar um exercício de trading simples, especificamente concebido para integrar devidamente estas cinco verdades sob a forma de convicções a um nível funcional. Um nível funcional é onde trabalhamos naturalmente com um estado mental despreocupado, tendo a noção exata do que precisa ser feito e com a capacidade de o fazer sem hesitação ou conflito interno.

No entanto, alerto os que já tenham espreitado para o exercício. À primeira vista, o exercício de trading parece tão simples que podem sentir-se tentados a fazê-lo agora, antes de compreenderem as implicações de o fazer. Sugiro que reconsiderem. Há algumas dinâmicas subtis, embora profundas envolvidas no processo de aprender a integrar novas convicções e a alterar outras existentes que entrem em conflito com as novas. Compreender o exercício de trading em si é fácil. Compreender como o utilizar para mudar as suas convicções é uma questão completamente diferente. Se fizer o exercício sem compreender os conceitos apresentados neste capítulo e no seguinte, não irá obter os resultados desejados.

Também é importante que não dê por adquirido o esforço mental que terá de despender para aceitar totalmente estes princípios de sucesso, independentemente se os compreende bem ou não. Lembre-se de Bob, que acreditava que compreendia profundamente o conceito de probabilidades, mas não foi capaz de trabalhar numa perspectiva probabilística.

Muitas pessoas cometem o erro de partir do princípio de que quando compreendem algo, esse novo conhecimento torna-se automaticamente uma parte funcional da sua identidade. Na maior parte das vezes, compreender um conceito é só o primeiro passo do processo da sua integração a um nível funcional. Isto verifica-se especialmente para conceitos que lidam com o pensamento probabilístico. As Nossas mentes não estão naturalmente programadas para serem objetivas ou ficarem no momento presente. Isto significa que temos de treinar ativamente as nossas mentes para pensarem desse ponto de vista.

Para além do treino, pode haver um sem número de convicções em conflito para resolver. As convicções em conflito terão o efeito de sabotar as melhores intenções para trabalhar com um estado mental objetivo ou para experimentar o fluxo de oportunidades do momento presente. Por exemplo, suponhamos que passou anos a aprender a ler os mercados, ou gastou muito Dinheiro a desenvolver ou a comprar sistemas técnicos, só para conseguir descobrir o que acontecerá a seguir.

Agora chegou à conclusão que não precisa de saber o que vai acontecer a seguir e que ao fazê-lo está a limitar a sua aptidão para ser objetivo ou se focar no momento. O que temos é um conflito direto entre a convicção antiga de que precisa de saber o que vai acontecer a seguir para ser bem sucedido e o novo entendimento de que não tem de o saber.

Ora, irá o seu novo entendimento neutralizar subitamente todo o tempo, dinheiro e energia despendidos a reforçar a convicção de que precisa de saber? Quem dera que fosse assim tão fácil. Para alguns sortudos, pode ser. Se se lembrar do capítulo 4 quando falei sobre a distância psicológica do código de software, eu disse que alguns traders podem já estar tão perto destas novas perspectivas que tudo o que precisam é de reunir algumas das peças que faltam para criar uma experiência do tipo ahhh, que altere o estado mental.

No entanto, com base na minha experiência de trabalho com mais de mil traders, posso dizer que a maioria não está próximo desse estado mental. Para esses, pode ser preciso um considerável trabalho mental (além de muito tempo) para integrar devidamente os seus novos entendimentos sobre trading nos seus ambientes mentais. A boa notícia é que, no final, o exercício no capítulo 11 irá estabelecer as cinco verdades fundamentais e resolver muitos dos conflitos potenciais, mas apenas se soubermos exatamente o que estamos a fazer e porque o estamos a fazer. Este é o assunto deste capítulo e do seguinte.

As origens de uma convicção

O que podemos aprender sobre a natureza das convicções e como podemos usar esse conhecimento para criar uma atitude mental que estimule o nosso desejo de sermos traders consistentemente bem-sucedidos? Estas são duas das questões em que me irei concentrar em responder neste capítulo.

Primeiro, olhemos para a origem das nossas convicções. Como se recorda, as memórias, as características e as convicções existem sob a forma de energia, especificamente energia estruturada.

Anteriormente, reuni estas três componentes mentais para ilustrar:

  • Que as memórias, as características e as convicções não existem como matéria física;
  • Que a relação causa-efeito que existe entre nós e o meio exterior concebe estes elementos e;
  • Como a relação causa-efeito se inverte de modo que possamos percepcionar no ambiente externo o que aprendemos.

Para chegar à origem das nossas convicções, vamos ter de separar estas componentes para ilustrar a diferença entre uma memória e uma convicção. A melhor maneira de o fazer é imaginarmo-nos na mente de uma criança. Eu diria que no início da vida de uma criança, as memórias das suas experiências existem na sua forma mais pura.

Com isto quero dizer que as memórias do que ela viu, ouviu, cheirou, tocou ou provou existem na sua mente como informação sensitiva pura que não está organizada ou associada a quaisquer palavras ou conceitos específicos. Por conseguinte, vou definir uma memória pura como informação sensitiva armazenada na sua forma original.

Uma convicção, por outro lado, é uma persuasão íntima acerca da natureza e da forma como o ambiente externo se manifesta. Um conceito que combina informação sensitiva pura com um sistema de símbolos a que chamamos língua. Por exemplo, a maioria das crianças tem uma memória pura de como é ser tratada com amor por um progenitor, mas só quando a criança aprende a ligar ou associar certas palavras com a informação sensitiva pura armazenada na sua memória, é que irá formar um conceito sobre como é ser cuidada com amor.

A expressão “a vida é belo” é um conceito. Em si mesmas, as palavras constituem um conjunto de símbolos abstratos sem significado. Mas se uma criança aprender ou decidir ligar estas palavras aos seus sentimentos com carga positiva quanto à forma como é cuidada, então as letras já não são um conjunto de símbolos abstratos e as palavras já não são uma expressão abstrata. “A vida é bela” torna-se uma distinção definitiva sobre a natureza da existência ou o modo como o mundo funciona. Similarmente, se a criança não recebesse os cuidados adequados às suas necessidades, pode com igual facilidade ligar as suas sensações de dor emocional a um conceito como “a vida não é justa” ou “o mundo é um lugar terrível”.

Em qualquer caso, quando a energia positiva ou negativa das nossas memórias ou experiências se liga a um conjunto de palavras a que chamamos conceito, este adquire energia e, em resultado disso, é transformado numa convicção acerca da natureza da realidade. Se considerarmos que os conceitos são estruturados pelo sistema de uma língua e adquirem energia pelas nossas próprias experiências, torna-se claro por que me refiro às convicções como energia estruturada.

Quando uma convicção surge, o que faz? Qual é a sua função? Em certos aspetos parece ridículo colocar estas questões. Afinal, todos temos convicções. Estamos constantemente a expressar as nossas convicções tanto pela linguagem como através das nossas ações. Além disso, estamos constantemente a interagir com as convicções de outras pessoas quando elas as exprimem. No entanto, se perguntar, “exatamente o que faz uma convicção?”, provavelmente a sua mente ficará confusa.

Por outro lado, se perguntar quais as funções dos seus olhos, ouvidos, nariz ou dentes, não teria problema em responder. As convicções são componentes tão importantes da nossa constituição (em termos do impacto que têm na qualidade das nossas vidas), que é uma das grandes ironias da vida que sejam aquelas em que menos pensamos e que menos compreendemos.

O que quero dizer com aquelas em que menos pensamos é que se tivermos um problema com uma das partes do nosso corpo, naturalmente centramos nela a nossa atenção e pensamos sobre o que precisamos de fazer para resolver o problema. No entanto, não nos ocorre que os problemas que possam limitar a qualidade das nossas vidas (por exemplo, infelicidade, insatisfação ou insucesso numa determinada área) estejam enraizados nas nossas convicções.

Este desvio de atenção é um fenómeno universal. Uma das características proeminentes das convicções é que tornam evidente e inquestionável o que experimentamos. De facto, se não fosse pelo intenso desejo que tem em vivenciar um sucesso consistente como trader, era provável que não estivesse a ler sobre este tema. Normalmente são precisos anos de frustração para as pessoas começarem a aceitar que podem ser as suas convicções a fonte das suas dificuldades.

No entanto, embora as convicções sejam uma parte complexa da nossa identidade, não é preciso considerar este processo de autoanálise como uma crítica. Considere que nenhum de nós cresceu com quaisquer uma das nossas convicções; que foram todas adquiridas de várias maneiras. Muitas das convicções que têm um impacto mais profundo nas nossas vidas não foram sequer adquiridas livre ou conscientemente. Foram introduzidas por outras pessoas. E provavelmente não será normalmente uma surpresa para ninguém afirmar que as convicções que nos causam mais dificuldade sejam aquelas que foram adquiridas através dos outros sem o nosso consentimento consciente. Refiro-me às convicções adquiridas quando éramos demasiado jovens e sem informação para compreender as implicações negativas daquilo que nos estavam a ensinar.

Seja qual for a origem das nossas convicções, uma vez existentes, funcionam basicamente todas do mesmo modo. As convicções têm caráter e formas particulares de desempenharem as suas tarefas, ao contrário das diferentes partes dos nossos corpos. Por exemplo, se compararmos os meus olhos com os seus, ou as minhas mãos com as suas, ou os meus glóbulos vermelhos com os seus, podemos ver que não são exatamente iguais, mas têm características em comum que os fazem funcionar de modo semelhante. Pela mesma razão, uma convicção de que a vida é bela funcionará da mesma maneira de uma convicção de que a vida é terrível. As duas convicções são diferentes e o efeito que cada uma tem na qualidade de vida de quem a profere é muito diferente, mas ambas as convicções irão funcionar exatamente da mesma forma.

As convicções e o seu impacto nas nossas vidas

Num sentido mais amplo, as convicções moldam as nossas vidas. Como já referi, não nascemos com nenhuma das nossas convicções. Elas são adquiridas e à medida que se adicionam umas às outras, a forma como vivemos as nossas vidas reflete aquilo em que aprendemos a acreditar. Pense como a sua vida seria diferente se tivesse nascido num sistema cultural, religioso ou político que tivesse pouco em comum com o seu atual. Pode ser difícil imaginar, mas aquilo em que teria aprendido a acreditar sobre a natureza da vida e o modo como o mundo funciona podia não ter nada a ver com aquilo em que hoje acredita. Mas iria defender essas convicções com o mesmo grau de certeza com que defende as suas convicções atuais.

Como as convicções moldam as nossas vidas:

  • Geram a perceção e a interpretação que fazemos da informação do meio ambiente de forma a ser compatível com aquilo em que acreditamos;
  • Criam as nossas expectativas. Lembre-se que uma expectativa é uma convicção projetada para algum momento no futuro. Como não podemos esperar algo que não conhecemos, também podíamos dizer que uma expectativa é aquilo que conhecemos projetado em algum momento do futuro;
  • O nosso comportamento é coerente com aquilo em que acreditamos;
  • Finalmente, as convicções moldam a forma como nos sentimos quanto aos resultados das nossas ações.

Não há muito na forma como atuamos, em que as convicções não desempenhem um papel importante. Acrescento a seguir um exemplo para ilustrar as várias funções de uma convicção.

Na primavera de 1987, estava a ver um programa de televisão. Era sobre algumas celebridades que pregavam partidas umas às outras. Numa parte do programa, a estação de TV contratou um homem para ficar no passeio na Michigan Avenue a segurar numa placa que dizia “Dinheiro grátis. Só hoje.” (Para quem não conhece Chicago, a Michigan Avenue alberga muitos armazéns e lojas da moda). A estação de TV deu ao homem uma quantia considerável em numerário, com instruções para dar dinheiro a quem o pedisse.

Ora, se considerarmos que a Michigan Avenue é uma das zonas mais movimentadas da cidade e se partirmos do princípio de que a maioria das pessoas que passaram pelo homem na rua conseguia ler a placa, quantas pessoas pensam que aceitaram a oferta e pediram dinheiro? De todas as pessoas que passaram e leram a placa, só uma parou e disse: “Fantástico! Pode dar-me vinte e cinco cêntimos para comprar um bilhete de autocarro?”. Fora isso, ninguém sequer se aproximou do homem.

O homem acabou por ficar frustrado porque as pessoas não estavam a reagir como ele esperava. Anunciou o seu propósito mais alto: “Alguém quer dinheiro? Tenho dinheiro para dar; ajudem-me a livrar-me dele.” Todas as pessoas continuaram o seu caminho como se ele não existisse.

De facto, reparei que algumas pessoas se desviaram mesmo do seu caminho para o evitar. Quando um homem de fato e pasta se aproximou, dirigiu-se a ele e disse: “Quer algum dinheiro?”. O homem respondeu: “Hoje não”. Frustrado, retorquiu: “Quantas vezes acontece isto? Importa-se de aceitar o meu dinheiro?” enquanto tentava entregar ao homem algum dinheiro. O homem respondeu com um brusco “Não” e continuou a andar.

O que passa? Porque é que ninguém (exceto a pessoa que precisava de um bilhete de autocarro) pediu dinheiro? Se considerarmos que a maioria dos transeuntes podia ler a placa, mesmo assim não fazia o mínimo esforço para ir buscar o dinheiro, podemos pensar que não se interessavam por dinheiro. No entanto, isto é extremamente improvável considerando quanto das nossas vidas dedicamos à procura de dinheiro.

Se estamos de acordo que as pessoas conseguiam ler a placa e que o dinheiro é importante para elas, então o que as teria impedido de pedirem uma parte para si? O ambiente estava a disponibilizar uma experiência que a maioria das pessoas teria adorado: alguém a dar dinheiro sem quaisquer condições associadas. Mas o facto é que ninguém prestava atenção. Podem não ter percebido que estava disponível. Isto é difícil, porque a placa dizia claramente “Dinheiro grátis. Só hoje.” No entanto, não é difícil perceber se considerarmos que a maioria das pessoas tem a convicção arraigada (um conceito muito forte sobre a forma como o mundo funciona) de que dinheiro grátis não existe.

Se o dinheiro grátis realmente não existe, então como é que solucionamos a contradição óbvia entre essa convicção e a placa a dizer que existe? É fácil, simplesmente decidimos que o homem com a placa é maluco; que mais poderia justificar um comportamento tão estranho se, de facto, o dinheiro grátis não existe? O processo de raciocínio que explicaria a contradição podia ser algo semelhante a isto: Toda a gente sabe que é raro obtermos dinheiro sem condições associadas. E muito menos de um estranho numa das ruas mais movimentadas da cidade. De facto, se o homem estivesse realmente a distribuir dinheiro, já estaria cercado pela multidão. Podia até colocar a sua vida em perigo. Deve ser maluco. É melhor afastar-me dele; quem sabe o que poderá fazer?

Repare que cada componente do processo de pensamento descrito é coerente com a convicção de que o dinheiro grátis não existe:

  • As palavras “dinheiro grátis” não foram percecionadas nem interpretadas tal como se pretendia;
  • Decidir que a pessoa com a placa tinha de ser maluca criou uma expectativa de perigo ou, pelo menos, uma perceção de que se justificava ter cuidado;
  • Mudar intencionalmente o caminho para evitar contacto com a pessoa com a placa é uma ação que é coerente com a expectativa de perigo;
  • Como é que cada pessoa se sentiu com o desfecho? É difícil dizer sem conhecer cada pessoa individualmente, mas uma boa hipótese seria que se sentiram aliviadas por terem conseguido evitar um encontro com uma pessoa maluca.

Há outro desfecho possível para o nosso cenário. Consideremos a hipótese de alguém que acredita que o dinheiro grátis não existe, mas que mesmo assim assume essa possibilidade. Por outras palavras, algumas pessoas podem ficar tão intrigadas e curiosas que decidem suspender temporariamente a sua convicção de que o dinheiro grátis não existe. Esta suspensão temporária permite-lhes agir fora dos limites criados por uma convicção, para ver o que acontece. Assim, em vez de ignorarem o homem com a placa, que seria a primeira reação, a pessoa do nosso exemplo dirige-se a ele e diz: “Dê-me dez dólares.” O homem tira rapidamente uma nota de dez dólares do bolso e dá-lhe. O que acontece agora? Como se sente essa pessoa ao experimentar algo inesperado que contradiz completamente a sua convicção?

A sensação de alívio que resultou de evitar um encontro com um estranho é um estado mental. Lembre-se de que o modo como nos sentimos (o grau relativo de energia com carga positiva ou negativa que flui através dos nossos corpos e mentes) é para nós a verdade absoluta. No entanto, as convicções que despertam um qualquer estado mental particular podem não ser a verdade relativamente às possibilidades disponíveis no meio ambiente.

A sensação de alívio não é o único resultado possível nesta situação. Imagine como teria sido diferente a experiência se os transeuntes tivessem acreditado que existe dinheiro grátis. O processo descrito acima seria o mesmo, só que iria fazer com que a convicção de que existe dinheiro grátis parecesse evidente e inquestionável, tal como a convicção de que não existe dinheiro grátis parecesse evidente e inquestionável.

Um bom exemplo seria o da pessoa que disse: “Fantástico! Pode dar-me vinte e cinco cêntimos para comprar um bilhete de autocarro?”. Quando vi isto, tive a impressão de que esta pessoa seria provavelmente um pedinte e que poderia ter pedido a outra qualquer pessoa vinte e cinco cêntimos. Um pedinte é alguém que acredita absolutamente na existência de dinheiro grátis. Por conseguinte, a sua percepção e interpretação da placa foram exatamente o pretendido pela estação de TV. A sua expectativa e comportamento foram coerentes com a sua convicção. E como se sentiria ele quanto aos resultados?

Obteve os seus vinte e cinco cêntimos, pelo que eu diria que ele ficou satisfeito. É claro que ele não sabia que poderia ter obtido muito mais. Para a maioria das pessoas, a convicção de que o dinheiro grátis não existe é adquirida através de circunstâncias desagradáveis, para o dizer de forma moderada. A forma mais comum é dizerem-nos que não podemos ter alguma coisa porque é demasiado cara. Quantas vezes uma criança não ouve: “Mas o que pensas tu? O dinheiro não nasce nas árvores, sabes?”. Ou seja, é uma convicção com carga negativa. Assim, a experiência de entregar dinheiro sem condições associadas e sem quaisquer comentários negativos iria provavelmente criar um estado mental de puro júbilo.

De facto, a maioria das pessoas ficaria tão feliz que se iriam sentir compelidas a partilhar essa felicidade e a nova descoberta com todas as pessoas que conhecessem. Posso imaginá-lo a regressar ao emprego ou a casa e, no momento em que encontra alguém, as primeiras palavras que saem da sua boca são: “Não vais acreditar no que me aconteceu” e embora queira desesperadamente que essas pessoas acreditem na sua história, provavelmente não vão acreditar. Porquê? Porque a sua convicção de que o dinheiro grátis não existe irá fazer com que interpretem a sua história de um modo a negar a sua veracidade.

Para levar este exemplo um pouco mais longe, imaginemos o que aconteceria ao estado de espírito da pessoa do nosso exemplo se se lembrasse que poderia ter pedido mais dinheiro. Está num estado de júbilo. No entanto, no momento em que esse pensamento lhe surge ou alguém lhe lembra que poderia ter pedido mais dinheiro, o seu estado de espírito alegre irá imediatamente mudar para um estado de pesar com carga negativa. Por quê?

Porque associou-lhe a convicção com carga negativa que significa perder uma oportunidade. Em resultado, em vez de ficar contente com o que obteve, irá lamentar o que poderia ter obtido mas não obteve.

Convicções vs verdade

Nestes três exemplos, todos têm a sua versão individual. Se lhes perguntar, cada um descreveria o que viveu do seu ponto de vista como se fosse a única versão verdadeira e válida da realidade. A contradição entre estas três versões da verdade sugere-me uma importante questão filosófica que precisa ser resolvida. Se as convicções limitam o nosso conhecimento da informação gerada pelo ambiente físico, para que o que percepcionamos esteja em consonância com o que acreditamos, então como é que sabemos o que é a verdade?

Para responder a esta questão, temos de considerar quatro ideias:

  • O ambiente manifesta-se numa combinação infinita de formas. Se combinarmos todas as forças da natureza que interagem com tudo o que foi criado pelo homem e se acrescentarmos as forças geradas por todas as formas possíveis de as pessoas se exprimirem, o resultado é um número de versões da realidade tal que seguramente iria impressionar até a pessoa com o espírito mais aberto;
  • Até termos adquirido a capacidade de percepcionar todas as formas possíveis em que o ambiente se pode exprimir, as nossas convicções irão sempre representar uma versão limitada das possibilidades do ambiente, sendo as nossas convicções uma visão sobre a realidade, mas não necessariamente uma declaração absoluta de realidade;
  • Se discordar da segunda afirmação, então pense que se as nossas convicções fossem um reflexo 100 por cento rigoroso da realidade, então as nossas expectativas seriam sempre satisfeitas. Se as nossas expectativas fossem sempre satisfeitas, estaríamos num estado perpétuo de satisfação; com um sentimento permanente de felicidade, alegria e bem-estar, porque a realidade se revelaria sempre exatamente como esperamos;
  • Se conseguir aceitar a terceira afirmação como válida, então o corolário também é verdade. Se não estivermos satisfeitos, então as nossas convicções não se relacionam perfeitamente com as condições ambientais.

Tendo estas quatro ideias em consideração, consigo agora responder à questão: “Qual é a verdade?”. Se as convicções impõem limites ao que percepcionamos como possível e o ambiente se consegue exprimir numa combinação infinita de formas, então as convicções só podem ser verdadeiras relativamente ao que tentamos conseguir num determinado momento. Ou seja, o grau relativo de veracidade inerente às nossas convicções pode ser medido pela forma como nos são úteis.

Cada um de nós tem forças geradas internamente (curiosidades, necessidades, vontades, desejos, objetivos e aspirações) que nos compelirão ou motivarão a interagir com o ambiente físico. O conjunto de passos que damos para satisfazer as nossas curiosidades, necessidades, vontades, desejos, objetivos ou aspirações depende daquilo em que acreditamos ser verdade numa dada circunstância ou situação.

Essa verdade, seja ela qual for, irá determinar:

  • As possibilidades que percepcionamos relativamente ao que o meio ambiente nos disponibiliza;
  • Como interpretamos o que percepcionamos;
  • As decisões que tomamos;
  • As nossas expectativas de resultados;
  • O que fazemos, e;
  • Como nos sentimos quanto aos resultados dos nossos esforços.

Num dado momento, se estamos satisfeitos, felizes ou numa situação de bem-estar relativamente a algo que tentamos conseguir, podemos dizer que a nossa verdade (isto é, independentemente das nossas convicções) é útil, porque o processo, como se afirmou acima, funcionou. Aquilo que percepcionamos não só estava em consonância com o nosso objetivo, mas também com o que o ambiente nos disponibilizou. A nossa interpretação da informação resultou numa decisão, expectativa e ação que estavam em harmonia com a situação e as circunstâncias ambientais. Não houve qualquer resistência ou força contrária por parte do ambiente (ou na nossa própria mente) que diminuísse o resultado que tentamos conseguir. Em resultado disso encontramo-nos num estado de satisfação, felicidade e bem-estar.


Conclusão

No capítulo 9 do livro “Trading in the Zone” de Mark Douglas, o autor enfoca a importância de integrar completamente cinco verdades fundamentais sobre trading no sistema mental do leitor, transformando-as em convicções sólidas. Ele destaca a complexidade do processo, alertando que, embora o exercício apresentado no capítulo 11 pareça simples, é crucial compreender totalmente os conceitos antes de tentar aplicá-los, a fim de evitar resultados insatisfatórios.

Douglas ressalta que simplesmente compreender um conceito não garante sua integração funcional na identidade do trader, sendo necessária uma mudança ativa e consciente nas convicções. Ele usa o exemplo de “Bob”, um trader que acreditava entender o conceito de probabilidades, mas não conseguia aplicá-lo na prática, para ilustrar essa barreira.

O capítulo também aborda as origens das convicções, explicando como elas se formam a partir de experiências e informações sensoriais associadas a conceitos verbais. Douglas argumenta que as convicções são energia estruturada, influenciando profundamente a percepção da realidade e a qualidade de vida do indivíduo. Ele incentiva uma autoanálise crítica das convicções, observando que muitas delas são adquiridas inconscientemente e podem ser fonte de dificuldades se não forem alinhadas com as verdades fundamentais do trading.

Em resumo, o capítulo 9 de “Trading in the Zone” é uma exploração profunda da natureza das convicções, sua origem e como elas influenciam o trading. Douglas enfatiza a necessidade de uma transformação consciente e ativa das convicções para alcançar o sucesso no trading, preparando o terreno para o exercício prático apresentado nos capítulos subsequentes.


A Obra de Mark Douglas

Mark Douglas é amplamente reconhecido no mundo do trading por seus insights sobre a psicologia dos traders e por seus ensinamentos sobre como abordar o mercado com uma mentalidade disciplinada e orientada ao sucesso. Ao longo de sua carreira, Douglas publicou diversos livros que se tornaram leituras essenciais para traders de todos os níveis de experiência. Aqui está uma lista dos seus livros mais influentes, juntamente com breves resumos:

                   
  1. “Trading in the Zone: Master the Market with Confidence, Discipline and a Winning Attitude” (Negociando na Zona)
    • Resumo: Este é talvez o livro mais popular de Douglas. Ele aborda os principais obstáculos psicológicos enfrentados por traders e fornece soluções para superá-los. Douglas destaca a importância de desenvolver uma mentalidade disciplinada e focada em probabilidades, ao invés de se concentrar em ganhos ou perdas individuais.
  2. “The Disciplined Trader: Developing Winning Attitudes” (O Trader Disciplinado)
    • Resumo: Neste livro, Douglas explora a psicologia do trader e a necessidade de desenvolver atitudes vencedoras para ter sucesso nos mercados. Ele aborda as emoções comuns que podem sabotar um trader e oferece estratégias para gerenciar e superar esses desafios mentais.
  3. “The Little Book of Trading Performance”
    • Resumo: Um guia mais curto e conciso, este livro destila a sabedoria de Douglas em dicas práticas e insights sobre o desempenho no trading. Ele oferece conselhos sobre como manter a consistência, superar obstáculos psicológicos e otimizar o desempenho geral.

Os livros de Mark Douglas são uma fonte inestimável de sabedoria para qualquer trader que deseja melhorar sua abordagem mental ao trading. Eles oferecem não apenas técnicas e estratégias, mas também uma compreensão profunda da natureza humana e de como superar os desafios internos que todos os traders enfrentam.


Sempre é Importante Lembrar

Operar no mercado financeiro não se resume a análises e previsões. É primordial possuir um controle emocional robusto ao realizar suas operações. A gestão de risco é um elemento vital, pois envolve escolher o tamanho apropriado para as posições, determinar pontos de stop loss e estipular metas lucrativas. Nunca esqueça da volatilidade intrínseca aos mercados e que enfrentar perdas é parte integrante da trajetória do trader. Esteja sempre aberto a novos métodos, realinhe estratégias quando necessário e busque atualização constante. Com foco, disciplina e resiliência, você potencializará suas chances de se destacar como um trader lucrativo.


A Melhor Forma de Aprender Sobre Trading

Uma das melhores maneiras de aprofundar seus conhecimentos sobre trading é, sem dúvida, através da leitura de livros especializados no assunto. Os insights e experiências compartilhadas por autores renomados podem ser fundamentais para o seu desenvolvimento. E, além dos livros, aproveite os recursos oferecidos pelo canal “Com Lucro”, que disponibiliza informações valiosas, vídeos e aulas voltadas para traders de todos os níveis.


Qualquer Dúvida Sobre o Trading, Entre em Contato com o Canal “Com Lucro”

Se restaram dúvidas ou você deseja se aprofundar ainda mais em algum tópico específico, não hesite em entrar em contato conosco pelas redes sociais do canal “Com Lucro”. E se você gostou deste conteúdo, mostre seu apoio! Curta, compartilhe com seus amigos e ajude o “Com Lucro” a crescer e continuar entregando conteúdo de qualidade para todos que aspiram ser traders de sucesso.


Palavras-chaves

ComLucro, Trader, Trading, Mark Douglas, Trading In The Zone, Psicologia do Trading, Investimentos, Ibovespa, Fintwit, Mercado Financeiro, Day Trade, Swing Trade


Hashtags

#ComLucro #Trader #Trading #MarkDouglas #TradingInTheZone #PsicologiadoTrading #Investimentos #Ibovespa #Fintwit #MercadoFinanceiro #DayTrade #SwingTrade

The post Trading in The Zone: Áudio Livro Completo em Português – Mark Douglas – Capítulo 9 appeared first on Com Lucro.



This post first appeared on Com Lucro, please read the originial post: here

Share the post

Trading in The Zone: Áudio Livro Completo em Português – Mark Douglas – Capítulo 9

×

Subscribe to Com Lucro

Get updates delivered right to your inbox!

Thank you for your subscription

×