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Amigos Imaginários

As pessoas tem formas distintas de lidar com traumas, dificuldades e amadurecimento. Entretanto, há uma forma que é uma comum na infância de muitos, a criação de um amigo imaginário. Criatura fruto da criatividade, e principalmente da necessidade de cada criança, que uma vez cumprida sua função, parte para nunca mais voltar. É nessa rica válvula de escape que John Krasinski, atuando como roteirista e diretor, se baseou para criar sua primeira fábula infantil. 

Amigos Imaginários acompanha a jovem Bea (Cailey Fleming) que  após a perda da mãe, não se considera mais criança, indisponível para histórias e brincadeiras imaginativas. Mas quando seu pai (John Krasinski) precisa passar por uma cirurgia de alto risco, ela adquire a habilidade de ver amigos imaginários "órfãos". Aqueles cujas crianças cresceram e não precisam mais dele. Ao lado do novo amigo Cal (Ryan Reynolds), encara a missão de encontrar novas crianças para as criaturas. 

Em uma Nova York nostálgica, fabulesca e até meio deserta, a tarefa se torna válvula de escape, para a garota lidar com esse reforço da consciência da mortalidade dos pais. Para nós do lado de cá da tela é um retorno a um tempo pré amadurecimento, quando nem sempre compreendíamos completamente o problema. O que é reforçado pelo fato de nunca sabermos a enfermidade do pai. E, principalmente, quando sua solução parecia ser influenciada por imaginação e magia. 

Já para a molecada, a aventura é um mergulho à um imaginário, que a vida moderna parece estar roubando deles. Com telas e eletrônicos como companhia, não é raro perceber pequenos cuja imaginação é pouco, ou nada estimulada. Mas, durante a duas horas de projeção do filme, as crianças são apresentadas ao conceito de amigos imaginários e mundos mágicos, bem como ao desafio de criar amigos tão criativos quanto os vistos em cena. 

 E afinal, é para eles que essa produção foi feita. Eu poderia passar linhas e linhas, comentando sobre a influencia spilberguiana da aventura, da iluminação e da falta de multidões que cria uma Nova York quase onírica, e talvez irrealista demais para alguns crescidinhos, ou ainda da excelente música de Michael Giacchino que evoca sentimentos mágicos e nostálgicos. Entretanto nada disso é captado conscientemente por seu público alvo. 

A molecada sente sim essas escolhas da produção, e por isso se envolve sem resistência, se empolga e torce pelos personagens. Tornando o filme uma obra extremamente bem sucedida no que se propõe. Detalhe que só foi possível notar em uma sessão com crianças de verdade. Ao invés da tradicional cabine de imprensa, composta por adultos cheios de responsabilidades e ávidos por análises complexas. 

E por falar nos adultos, aqueles que tiverem uma criança interior acessível, ou no mínimo boas memórias da infância (suas ou mesmo de seus filhos), não terão dificuldade de se envolver com a jornada de redescoberta de Bea e até de alguns adultos em cena. A mensagem para eles é: não é porque você amadureceu que não pode tentar tornar a vida mágica sempre que possível. 

Mas se mesmo assim, você se descobrir adulto demais para essa proposta, sempre pode aproveitar as atuações. Desde o próprio diretor e roteirista John Krasinski, que também vive o pai extremamente lúdico da protagonista. Passando por Reynolds que faz um personagem controverso ao ser extremamente ranzinza, mas ao mesmo tempo, muito preocupado com os amigos imaginários. Pela avó sem jeito mas amorosa vivida Fiona Shaw. E principalmente por Cailey Fleming, a Judith Grimes de The Walking Dead, se sai bem ao finalmente fazer uma obra condizente com sua idade. E carrega o filme com facilidade e uma identificação imediata. 

Quem conseguir assistir o filme com o áudio original, ainda pode desfrutar de um grande elenco que dá voz aos amigos imaginários. Entre participações grandes e pequenas que povoam o enorme mundo de criaturas mágicas, estão as vozes de Steve Carell, Phoebe Waller-Bridge, Awkwafina, Emily Blunt, George Clooney, Bradley Cooper, Matt Damon, Bill Hader,  Richard Jenkins, Keegan-Michael Key, Blake Lively, Sam Rockwell, Maya Rudolph, Amy Schumer, Brad Pitt, e o ultimo trabalho do recém falecido Louis Gossett Jr. 

Já a versão brasileira conta com bons trabalhos dos famosos Giovanna Antonelli e Murilo Benício dando voz à Blossom e Blue. Personagens de Phoebe Waller-Bridge e Steve Carell no original. Um enorme monstro roxo peludo e uma formiga bailarina, são apenas os personagens mais marcantes de uma galeria inusitada e bem construida. Os amigos imaginários animados em CGI surpreendem pela variedade de estilos e designs. Encantam e intrigam os pequenos, enquanto divertem os adultos. 

Amigos Imaginários é uma boa surpresa entre os "filmes família" do ano. Um live-action criativo e divertido em um subgênero atualmente dominado por animações. Com apelo tanto para pais, quanto para filhos. Vale levar a molecada para conferir, ou mesmo ir sozinho sem vergonha nenhuma!

Amigos Imaginários (IF)
2024 - EUA - 104min
Aventura, Fantasia



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