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O Mal que nos Habita

Expectativas em excesso podem destruir a experiência de consumir algo. Por isso eu tento não esperar nada antes de assistir a um filme, mas admito foi difícil cumprir essa "tarefa" antes de assistir O Mal que nos Habita. O badalado terror argentino é sim interessante, mas não, não é a grande obra revolucionária que muitos pintaram. 

Em uma cidadezinha do interior, dois irmãos encontram uma pessoa infectada pelo demônio. E no desespero para fugir deste "mal", fazem todas as escolhas erradas possíveis, e acabam espalhando Ainda mais o caos. 

No mundo de O Mal que nos Habita as "religiões morreram", isso porquê o mal tomou o mundo, infectando pessoas e condenando o tudo ao redor dela. Mas este interessante cenário pós-apocalíptico, é apresentado aos poucos, e com certa incoerência dos personagens em relação a eles. O mundo é assim há algum tempo, todos sabem, há regras de como lidar com isso, profissionais treinados, e até equipamentos. Ainda sim, todos os passos de Pedro (Ezequiel Rodríguez), vão de encontro a todo conhecimento que tem. 

Ok, personagens irracionais, ou mesmo com escolhas ruins em momentos de desespero, são inerentes à narrativa do terror. Em outras palavras, se eles não fizessem a "primeira burrice" não haveria filme. Mas eles continuam errando, mesmo quando o conhecimento necessário para evitar é explanado repetidamente em tela. O que pode desafiar a paciência do espectador, mas é um eficiente condutor do caos. 

Caos esse que se apresenta de forma excelente na primeira metade do filme, quando nós ainda não sabemos o que está acontecendo, e como a história vai se desenrolar. Os personagens, previsivelmente adotam o padrão caótico, histérico e irracional, mas as situações são inesperadas, e surpreendentes. Tendo como auge, toda a sequencia que envolve um cachorro. 

É na segunda metade quando uma especialista é apresentada que o filme perde a força. Uma vez que o roteiro faz uma pausa, oferece conhecimentos e ferramentas, e os personagens, continuam com as piores escolhas possíveis, o que inclui a tal profissional do ramo. 

Talvez seja tudo uma metáfora, para a decadência da sociedade. Ou ainda, os personagens estivessem "habitados pela maldade" desde sempre. Influenciados em seus atos desde o início do filme, sua decadência era questão de tempo e da resistência de cada um. Mas, apesar de interessantes, essas hipóteses posteriores, não justificam a perda de ritmo na parte final da produção. 

Também não justificam o tratamento pouco atencioso com um personagem autista. O uso de sua condição para mostrar a influencia do mal, e a forma como ele infecta a mente, pode ser interessante. E em uma cena isolada, de fato é! Entretanto a abordagem pouco cuidadosa, trata a neuro divergencia, quase que como um indício, da presença do maligno. Uma coisa que faria sentido em um filme de época, de caça as bruxas. Mas em tempos modernos, e com uma "suposta ciência" já desenvolvida contra o mal, é apenas preconceituoso e ofensivo mesmo.

Problemas de roteiro à parte,  Demián Rugna sabe trabalhar bem com o material que tem. Especialmente no gore, e na implementação do caos. Fotografia angustiante, ângulos precisos que te obrigam a encarar coisas que não queremos ver. E cortes que intensificam a confusão das situações, sem torná-las incompreensíveis, são os pontos fortes da produção. Uma pena, que essas qualidades percam a força ao longo do filme. Oferecendo um desfecho mais fraco que o início. 

O elenco carrega bem a trama, mesmo com a irracionalidade dos personagens. A exceção fica por conta das crianças, que talvez não tenham sido dirigidas para compreender a amplitude das sequencias. E principalmente Silvina Sabater, sua especialista, que supostamente já viu coisas horrendas, parece não reagir ao que acontece a sua volta. Mantendo a postura superior, e blasé mesmo diante da morte certa. 

O Mal que nos Habita é sim um filme de terror interessante. Deve estar na lista dos melhores do ano, mas não é "inovador e revolucionário". Traz excelentes ideias, cenas chocantes, e uma tensão agoniante. Mas não consegue manter estas boas características até o fim. Um começo memorável, mas um final esquecível. 

O Mal que nos Habita (Cuando acecha la maldad)
2023 - Argentina - 99min
Terror 



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