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Wonka

Admito, quando anunciaram Wonka meu pensamento imediato foi: pra que? Quem pediu isso? - Afinal já temos duas excelentes e bem distintas encarnações do chocolateiro, uma delas até com história de origem. Além disso: Timothée Chalamet precisa ser escalado para todos os filmes? Não tem mais ninguém talentoso em Hollywood? - E como é maravilhoso descobrir que eu estava errada. Não pedimos por este filme. Mas como a vida ficou mais doce, agora que ele existe!

O jovem Willy Wonka (Timothée Chalamet) chega na cidade famosa por ter o  melhor chocolate do mundo, ansioso por se unir a eles. Produzir seu criativo e delicioso chocolate e quem sabe ter um gostinho das receitas de sua falecida mãe. Mas o caminho pra isso não é nada fácil, em uma cidade hostil, controlada por um cartel do chocolate, que não está disposta a aceitar novos membros.

Assumidamente inspirado pela primeira adaptação do livro de 1971, esta prequela dirigida por Paul King (responsável pelos dois filmes do ursinho Paddington) consegue surpreendentemente resgatar o espírito do filme original, atualizar a linguagem e criar uma mitologia para o personagem título.

A aventura não é muito complexa, (e nem precisa ser!) trata-se da tradicional busca por um sonho. Wonka faz amigos, inimigos, enfrenta desafios, desanima, reencontra inspiração, e alcança a superação, tudo como manda a cartilha. É a personalidade do protagonista, e daqueles que o cercam que criam o diferencial desta jornada.

E para tal a produção conta com um elenco escolhido à dedo. Olivia Colman se divertindo enquanto rouba cena como de costume. Hugh Grant em uma inusitada versão Oompa-Loompa. E também  Sally Hawkins, Paterson Joseph, Keegan-Michael Key, Jim Carter, Matt Lucas e Rowan Atkinson estão entre os nomes dispostos a cantar e dançar para desenrolar esta aventura. 

Sim, cantar! Assim como A Fantástica Fábrica de Chocolates dos anos setenta, este filme é um musical. Cheio de canções novas, releituras de Pure Imagination, e claro, novas versões de Oompa-Loompa Doompa Dee Do! Algumas mais interessantes que outras, mas que constroem uma unidade narrativa,  e até alguns paralelos temáticos e melódicos com as canções do filme original.

Timothée Chalamet encara de frente a tarefa de interpretar a maioria das músicas, e surpreendentemente (ou não!) se sai muito bem. Assumindo uma versão mais jovem e leve do Willy Wonka de Gene Wilder, o Chalamet constrói um personagem carismático, já criativo, meio mágico e com pensamentos "fora da caixa" por assim dizer. Como ele se tornou a versão mais velha, reclusa e solitária que "tortura criancinhas" para encontrar um herdeiro, é assunto para outro filme, talvez? Um filme muito menos alegre que este. 

Outra herança do longa de 71, é o visual lúdico inspirado pelos doces do personagem título. Mas enquanto no original, este estilo só se apresentava dentro da fábrica, aqui ele engloba toda a cidade. Em uma direção de arte propositalmente anacrônica. Um pouco steampunk, um pouco conto de fadas, um pouco loja de doces, extremamente mágica ao ponto de não estranhamos nada os efeitos colaterais das receitas de Wonka.

O único ponto que pode causar estranhamento, e a versão em CGI do Oompa-Loompa interpretado por Hugh Grant por captura de movimentos. Especialmente nas sequencias em que ele divide tela com personagens "não computadorizados". Mas o retorno do visual original dos personagens (pele laranja e cabelo verde), e claro, a cantoria, rapidinho nos faz relevar um ou outro momento mais artificial dele em cena.

O ritmo da narrativa não é frenético, mas é cadenciado e constante. As canções ajudam a evoluir a trama. Enquanto o roteiro ainda encontra espaço para algumas lições, sempre com um bom humor nonsense que conversa perfeitamente com a personalidade do protagonista. Sim, este Willy já tem suas falas icônicas e inusitadas, e este mundo acompanha sua lógica única.

Wonka pode ter até nascido como mais um caça-níqueis, apostando em uma obra conhecida para ter retorno garantido. Mas o trabalho caprichado para a criação de uma história eficiente, ainda que simples, na construção de um universo encantador e coeso, na escolha de músicas que ditam o tom, e um elenco dedicado, transformara o filme em muito mais que um mero meio para lucro fácil. 

Ouso dizer, o filme pode se tornar o clássico de uma geração, assim como as adaptações de 1971 e 2005 conquistaram seu lugar no coração de crianças de outrora. Além de reapresentar o longa de Gene Wilder, para a molecada, já que o de Tim Burton, tomou seu lugar nas "sessões da tarde" dos anos 2000 em diante. Belos feitos para um filme "que ninguém pediu", mas que  de tão divertido e adorável, se provou necessário!

Wonka
2023 - Reino Unido - 116min
Aventura, Musical



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