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Mussum, O Filmis

Quando eu acompanhava Mussum nos domingos da Globo, não tinha idade para compreender a existência de uma pessoa por trás do trapalhão. De fato, dificilmente saberia quem era Antônio Carlos Bernardes Gomes. Lembro do meu pai comentar que ele também era músico, mas não tinha como conhecer trajetória deste artista e ícone do imaginário brasileiro. É essa falha que Mussum, O Filmis, vem corrigir com o mesmo carisma e energia que seu retratado exalava.

Conhecemos Antônio Carlos ainda criança (Thawan Lucas), de infância pobre e já atraído pela música, é levado pela mãe para a promessa de segurança do estudo e posteriormente da carreira militar. Coisa que não dura muito tempo, já que ainda jovem (Yuri Marçal) mergulha no mundo da música que acaba o levando também para o humor. Consequentemente o levando a ser o Mussum (Ailton Graça) que todos conhecem. 

É a acertada escolha de retratar com calma, épocas distintas na vida de seu biografado, que transforma O Filmis, em um estudo de personagem bem construído. E surpreende o exportador com um retrato inesperado de uma figura que todos achávamos conhecer bem. Sim, Mussum era esse cara engraçado, otimista e bem humorado, mas também tinha seus anseios falhas e desafios. 

Ok, talvez o filme pegue leve com as falhas, como a infidelidade e o gosto pela bebida. Mas isso se deve porque são apenas pequenos aspectos de uma vida muito rica, guiada por pragmatismo e determinação. Antônio Carlos sabia não apenas o que queria, mas o que precisava, e era pragmático quando suas escolhas. Escolhas essas, que eventualmente ele aprendeu, são um privilégio. 

Essa visão benevolente e positiva, talvez seja também resultado do recorte escolhido pelo roteiro. Nada de ascensão e queda da fama, nascimento e morte, o recorte escolhido é a visão de sua mãe. Uma mãe que busca uma vida melhor para seu filho. Não me entenda mal, não é a visão dela que temos, mas é a sua supervisão (no sentido benéfico de olhar zeloso) que cerceia a jornada que acompanhamos.

 Trabalho dividido com brilhantismo por Neusa Borges e Cacau Protássio. Enquanto a veterana, entrega um trabalho eficiente e carismático, com uma senhorinha teimosa e adorável com conhecida dos nossos lares. Protássio conhecida por comédias escrachadas, surpreende ao conseguir incluir dramaticidade ao seu tom cômico. Dona Malvina é uma mulher forte, cheia de histórias e lutas, mas não precisamos que o roteiro nos conte para notarmos isso. A atuação de suas duas interpretes entrega tudo.

E já que estamos falando do elenco, este parece ter sido escolhido à dedo. Desde a caracterização, até a composição individual que cada interprete escolhe. Não é fácil recriar figuras tão conhecidas como Renato Aragão, Elza Soares ou Chico Anysio, sem cair na mera imitação, mas o elenco o faz com uma sintonia ímpar, inclusive com os personagens "não famosos" em cena. Não há ninguém fora do tom, e todos extremamente críveis. Entre os nomes, estão Vanderlei Bernardino, Gero Camilo, Jeniffer Dias e Felipe Rocha, apenas para citar alguns. O elenco é grande e talentoso, vale a pena ficar um pouco mais na sala conferir os créditos.

Mas é Ailton Graça a alma do filme. Responsável pela fase mais conhecida do retratado, ele parte das boas construções entregues pelos interpretes mais jovens para transformar Antônio Carlos em Mussum definitivamente. Indo além dos trejeitos do comediante, que acertadamente somem quando este sai de cena, e entregando uma persona completa, com anseios, medos, e triunfos. É com ele que está provavelmente o maior dilema do filme, a escolha  entre humor e música.

Para tal, o interprete consegue que gradualmente Ailton desapareça e Mussum tome conta. Daquele jeito que nos surpreendemos ao fim do longa, quando imagens reais do biografado aparece e nos damos conta de que fisicamente eles nem são tão parecidos assim.

A direção de arte, cabelo e figurinos são competentes tanto na tarefa de pontuar as diferentes épocas, conforma a história evolui no tempo. Quanto para recriar momentos conhecidos, e o visual de figuras icônicas. E junto com a música (leia-se muito samba) constrói a atmosfera e o tom que refletem a personalidade do protagonista. 

Vale avisar à aqueles que esperam ver bastante dos trapalhões, o filme não é sobre eles. É sobre o Antônio Carlos, eles são parte importante de sua trajetória, mas não são toda ela. Calibre suas expectativas. Embora eu duvide que o carisma do personagem título deixe qualquer um se decepcionar.

Divertido e emocionante na mesma intensidade. Mussum, O Filmis é uma obra deliciosa de acompanhar. Recorda o Mussum para os nostálgicos, e apresenta do Antônio Carlos para os grande público. Descobrimos que o humorista e músico pode nos fazer chorar tão bem quanto, nos faz rir. E isso é uma "maravilhis"!

Mussum, O Filmis 
2023 - Brasil - 116min
Biografia



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