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Nosso Sonho

Muito mais Buchecha que Claudinho. É através do membro da dupla que ainda está por aqui, que acompanhamos a trajetória da dupla Claudinho e Buchecha na cinebiografia Nosso Sonho. O que diante da amizade interrompida muito cedo, e da vida interrompida prematuramente, dá àquele que se foi, uma aura de magia. Enquanto foca nos problemas terrenos do outro. 

Amigos de infância se reencontram na adolescência, e na luta para escapar de uma realidade difícil, criam uma dupla de funk, que se torna sucesso por todo país. Rompendo barreiras e tirando o funk melody da bolha das favelas cariocas, e alcançando a cultura popular brasileira. Ascenção que vê sua queda repentina com uma morte trágica. 

Narrado por Buchecha (Juan Paiva), é de fato a sua trajetória que acompanhamos. Sua infância e relacionamento com o pai alcóolatra, o reencontro com Claudinho (Lucas Penteado), a relutância em entrar para o meio artístico, a tentativa de melhorar de vida com trabalho, a aceitação da carreira de artista, o sucesso e seus louros, e a perda do grande parceiro. Claudinho aqui surge como uma figura onírica, quase que enviada para "salvar" o amigo repetidamente, antes de partir. 

A visão que Buchecha (o verdadeiro, que esteve fortemente envolvido no projeto) tem do amigo, é mais que um elogio, ou uma homenagem, é o reflexo de uma perda e a saudade que fica. O que é tocante narrativamente, mas também priva a audiência de conhecer o verdadeiro Claudinho. A pessoa, com ânsias, falhas, medos e méritos, nem mesmo a família do personagem é retratada devidamente aqui. Não se trata de uma falha, do roteiro, mas de uma escolha elogiosa, que acaba deixando para outras obras a tarefa de apresentar o lado humano do artista.

Claudinho na visão de Nosso Sonho, é uma pessoa especial, que passou como um meteoro, mudou e melhorou a vida daqueles que o cercavam. E no caso de Buchecha, como ele afirma veementemente, o salvou diversas vezes. Tarefa que Lucas Penteado cumpre com brilhantismo, sempre que seu personagem entra em cena, traz uma energia, otimismo e carisma, que transborda para o parceiro. Tornando mais que verdadeiro o verso de uma de suas canções que afirma que o mundo é pior quando Buchecha está sem Claudinho. 

Deixando a homenagem de lado, e partindo para o roteiro em si. A história real de jovens da periferia que venceram na vida, já carismática o suficiente para justificar sua existência. Entretanto o desenvolvimento dessa jornada corre bastante, por vezes passando por eventos e discussões importantes, sem refletir sobre eles. A superficialidade em alguns momentos, faz até com que alcançar o estrelato seja uma tarefa fácil. O que obviamente sabemos que não é!

Parece não haver empecilhos em alcançar um público maior, preconceito, picuinhas com agentes e outros personagens do meio musical, ou mesmo dificuldades criativas na hora de compor as músicas. Tudo em uma corrida para chegar ao momento que a produção escolhe como seu ápice, a perda de Claudinho. Entretanto, quando finalmente alcança a morte do coprotagonista, a produção logo se encerra, e pouco reflete ou explora as consequências dessa perda. 

De volta às músicas, em alguns momentos, vemos seu processo de criação, em outros não. O que serve bem aos detalhes que esse roteiro escolhe pontuar. E claro, a trilha sonora é composta pelos hits da dupla. Escolha fácil, mas acertada, já que garante o fator nostalgia, e ajuda a pontuar a época e trazer a personalidade e energia dos personagens título para as telas. 

Juan Paiva e Lucas Penteado, se complementam no palco e fora dele, emulando acertadamente as personalidades distintas de seus personagens. Apesar de à princípio parecerem ter sido escalados ao contrário. Fisicamente, Lucas Penteado se parece muito mais com Buchecha, e Juan Paiva com Claudinho, e originalmente foram escalados assim. Mas, acertadamente logo foram "trocados" para atender melhor ao entusiasmo empolgante de Claudinho, e à personalidade mais comedida de Buchecha.

A direção de arte é eficiente em pontuar a época, mas não surpreende. O estilo de linguagem tem um tom mais novelesco (no bom sentido) e familiar ao público brasileiro. Enquanto a montagem traz a mesma pressa que o roteiro, que parece querer chegar logo ao clímax. 

Apesar de um escorregão e outro, Nosso Sonho consegue envolver o público. Pela história de superação genuinamente brasileira, pela tragédia. Mas, principalmente, pelo carisma dos intérpretes e dos retratados, e claro, pela música. Mesmo que não acompanhou a dupla na época, conhece suas músicas, Claudinho e Buchecha e seu belo, ainda que breve, sonho, estão no imaginário popular. E mereciam esse belo retrato. 

Nosso Sonho
2023 - Brasil - 117min
Biografia, Drama



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