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Perdida

 Esperança de uma franquia para jovens adultos que o cinema nacional ainda não tem, Perdida passou sem alarde pela tela grande, em meio a agitação de blockbusters como Barbie e Aranhaverso. Agora, a adaptação do Romance de Carina Rissi ganha nova chance de alcançar o público ao chegar ao Disney+ e ao Star+. 

Sofia (Giovanna Grigio) é uma jovem independente do século XXI, tão cética sobre o amor quanto apaixonada pela obra de Jane Austen. Até que um celular mágico (isso mesmo, um smartfone) a transporta para um mundo semelhante aos vistos em romances de Jane Austen como Orgulho e Preconceito. Perdida em uma versão alternativa do século XIX, ela é acolhida pela família Clarke, e na busca de uma maneira de voltar para casa descobre o amor, claro!

A ideia não é original. Viagem no tempo e romance fora de sua época, já vimos aos montes. Mas a premissa se torna excelente pelo simples fato, que nunca vimos trama assim ser produzida, e ambientada, no Brasil. Embora o livro não lide bem com a realidade brasileira dos anos 1800, a autora chegou a ser acusada de "apagar a escravidão" da trama. 

Particularmente, eu acho que incluir com veracidade o Brasil de 1830 na premissa ofereceria uma gama maior de discussões e complexidade que adoraria ver. Mas talvez não atendesse a proposta de uma comédia romântica leve e apaixonante. Logo, acredito que a solução do filme para tal empasse é excelente. Não transportar a protagonista apenas pelo tempo, mas para "outro mundo" que se assemelha aos livros que ela lê, mas não é exatamente igual. Eliminando questões mais pesadas e permitindo ao filme usar o bem sucedido recurso de Bridgerton, de criar uma sociedade diversa, em um tempo no qual ela não existia. Mas essa solução é uma das poucas em que o roteiro se sai melhor que o esperado. 

De volta a trama propriamente dita, o caminho conhecido e os clichês não são um problema, mas a forma com que são executados sim. Especialmente o romance entre Sofia e Ian clark (Bruno Montaleone), que é fragilmente construído através de encontros formais e superficiais, que nos fazem questionar como a dupla de fato se apaixonou. Se o romance principal é frágil, os demais personagens não conseguem nada além disso. Embora os arquétipos escolhidos sejam interessantes, e o elenco pareça se esforçar. 

A veterana Lucinha Lins é a que mais demonstra o potencial do que seu personagem poderia ser. Em poucas cenas, ela apresenta uma antagonista ácida e forte, que com mais espaço causaria desafio muito melhores à protagonista que a "vilã principal". Bia Arantes bem que tenta, mas o roteiro não lhes oferece nada além da garota malvada da escola, que persegue o bom partido a qualquer custo. Outro destaque é a escalação de Luciana Paes como uma espécie de fada madrinha nada ortodoxa. Muitos dos melhores momentos da produção passam por sua performance. 

Giovanna Grigio encarna a protagonista com uma determinação que reflete em Sofia. Uma pena que o roteiro não ofereça maneiras de transformar essa determinação em personalidade e encantamento pela personagem. Bruno Montaleone faz o que pode com um personagem cuja principal caracteristica é ser uma versão menos carrancuda do Sr. Darcy. Assim como a Elisa de Nathália Falcão é apenas uma versão das mocinhas doces, ingênuas e perfeitas de Austen. 

O humor se baseia em algumas cenas previsíveis de conflitos de gerações, com a protagonista destoando de todos, e se surpreendendo com a forma que as coisas eram feitas "antigamente". Não se anime ao ver o humorista Hélio de la Peña em cena, seu pesonagem é extremamente sério (não que fosse impossível tirar humor disso), e não contribui no quesito comédia. 

O design de produção tenta fazer muito com pouco. E quem se sai melhor nessa tentativa é o figurino, caprichado ainda que nada inovador. Reconstrói bem o período histórico (à exceção de certo figurino de destaque em um baile) e apenas isso. Os cenários são limitados, especialmente quando no século XIX, mas atendem à trama. A trilha sonora destoa do tom da produção, especialmente ao escolher uma nada delicada releitura Can't Help Faling in Love, como tema dos amantes. Já os efeitos especiais deixam a desejar especialmente nas cenas que envolvem closes de personagens à cavalo, claramente feitos em croma key. 

Com pouca comédia e um romance frágil, Perdida é uma excelente ideia, mas com uma execução à quem de seu potencial. Uma pena, pois uma franquia de comédia romântica água-com-açucar seria muito bem vinda ao rico cenário cinematográfico brasileiro. E Carina Rissi escreveu volumes suficientes dessa história para inspirar várias sequencias. 

Perdida
2023 - Brasil - 115min
Comédia romântica



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