Alerta, a informação a seguir pode ter efeitos devastadores sobre sua percepção de si mesmo. Prontos? Lá vai! A trilogia original de Pequenos Espiões já completou vinte anos! De fato o primeiro filme tem 22! Agora, ao mesmo tempo que você se sente velho, deve também ficar feliz ao descobrir que a franquia mirim está de volta, pelas mãos do próprio criador Robert Rodriguez. Que trouxe um remake atualizado para a geração atual direto para a Netflix. 

Em Pequenos Espiões: Apocalipse Tony e Patty Tango-Torres (Connor Esterson e Everly Carganilla) descobrem que seus pais (Gina Rodriguez e Zachary Levi) são espiões quando um desenvolvedor de jogos, tenta tomar o mundo com um vírus de video-game. Sozinhos, os pequenos decidem resgata os pais e salvar o mundo. 

Sim, a sinopse é basicamente a mesma do filme de 2001. Sai o programa TV e seu apresentador caricato, e entra o video-game com um criador inspirados por nomes como Steve Jobs e Elon Musk. Afinal, a molecada hoje em dia consome cultura por outros meios, e essa é a grande atualização dessa nova versão. 

Outras mudanças visíveis estão no tom e na latinidade. Sim, a família ainda tem seu lado latino, mas este parece mais amenizado com Rodriguez, trazendo essa cultura no lugar que fora de Antonio Banderas. O que também parece suavizado é a ludicidade. O mundo dos novos pequenos espiões é cinza! Cinza, industrial e tecnológico, o que contrasta bastante com o colorido das versões anteriores. 

As invenções mirabolantes, e os gadgets que parecem imaginados por crianças ainda estão lá, assim como os mundos em CGI exagerado e propositalmente falso. Mas a suposta estética de vídeo game, torna tudo mais sobrio e escuro do que  precisava ser. Como se não houvessem jogos coloridos (alguém aí assistiu Super Mário esse ano?). Se essa estética conversa melhor com os pequenos hoje em dia, não sei dizer. 

De volta ao roteiro, o percurso as viradas e personagens são bastante semelhantes ao original. Com direito à tecnologia mágica poderosa como MacGuffin, e um vilão não tão ruim que não possa ser reabilitado. Uma falta sentida é a de uma figura emblemática como Machete (Sim, Danny Trejo sempre faz falta!), para ampliar o universo de espiões nessa nova era da franquia. 

Já os pequenos não deixam a desejar. Bem mais novos que os pequenos espiões originais, Esterson e Carganilla conseguem carregar a história com carisma e fofura. Enquanto sua pouca idade permite que eles encarnem os papéis por mais tempo. É evidente Robert Rodriguez está pensando em sequências. 

O elenco adulto, como de costume, parece estar se divertindo com a possibilidade de "brincar de faz de conta" que o roteiro oferece. Gina Rodriguez é mais interessante em cena que Zachary Levi, mas a dupla funciona bem junto. Enquanto Billy Magnussen passeia entre o CEO descolado, o vilão lunático, e gênio com boas intenções com facilidade e bom humor. De fato, os mais velhos talvez torçam para que certa parte do plano de seu vilão se concretize. 

Para os nostálgicos, infelizmente não há participações especiais dos longas anteriores. Mas não era uma obrigação do filme, afinal seu público alvo, as crianças de agora, podem nunca ter conhecido Carmen e Juni. Apenas a OSS retorna como agência de espiões adultos mais incompetente que existe. À exceção é claro, são os pais dos protagonistas, que ainda sim precisam da ajuda de seus rebentos. 

Estamos velhos, ainda sim vamos nos divertir bastante com Pequenos Espiões: Apocalipse. Muitos de nós agora acompanhado de pequenos cinéfilos, que ganharam uma versão pensada neles. O visual é um pouco diferente, os temas estão atualizados, mas o espírito da franquia é o mesmo. Uma aventura mirabolante, frenética, leve e muito divertida para toda a família. Que venham mais aventuras com a família Tango-Torres!

Pequenos Espiões: Apocalipse (Spy Kids: Armageddon)
2023 - EUA - 97min
Aventura