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One Piece

Animações tem liberdades narrativas e estéticas com que os live-actions apenas sonham. Nossa tolerância ao fabulesco, e até ao absurdo nesse meio é muito maior, dando à obras animadas possibilidade de explorar e esticar suas narrativas ao máximo em todas as direções. Habilidade que se mostra Ainda maior, nas extensas, novelescas, e imaginativas narrativas de animações japonesas. Logo, recriar este universo com atores reais, é um desafio de grandes proporções.

Mesmo assim a indústria ainda tenta, e parece não se abalar por repetidos fracassos como as versões recentes de Cowboy BebopOs Cavaleiros do Zodíaco - Saint Seiya: O Começo. E que bom, que eles não desiste, pois eventualmente um acerto surge diante de tantos erros. E esse acerto é One Piece, a série da Netflix!

Cheio de energia, corajoso e de espírito livre  Monkey D. Luffy (Iñaki Godoy) tem o sonho de se tornar o Rei dos Piratas, conquistar os mares, e encontrar o lendário tesouro perdido do pirata Gold Roger, o tal One Piece do título. Nesta primeira temporada, acompanhamos o jovem com chapéu de palhar iniciar sua jornada, recrutando parceiros, conseguindo um barco, e criando sua reputação enquanto embarca em diversas aventuras. 

É a apresentação do universo, e o processo de formação da tripulação do Going Merry, simpático navio com uma figura de carneiro na proa, que acompanhamos nesse primeiro ano de série. Cada nova aventura, episódica, contribui de alguma forma para a formação da equipe adorada do Anime e mangá. Tudo isso realizando a complexa tarefa de adaptar o material para outra linguagem, sem perder sua essência. 

De fato, One Piece não tem vergonha de seu material de origem. É brilhante de tão colorido, absurdo sem temer que nossa suspensão de descrença seja insuficiente, e com empolgação equivalente à necessidade de gritar de seu protagonista (e como Luffy grita, viu!). Mas, ao mesmo tempo, evita excessos e arrastos comuns à esse tipo de animação, com cada episódio do live-action condensando vários capitulos do anime. Conseguindo o acertado equilíbrio entre ser fiel para os fãs, sem alienar novas audiências.

Sim, é possível acompanhar a produção da Netflix, sem ter tido qualquer contato com material prévio. Afirmo isso com toda a certeza, porque eu mesma, mal conseguia distinguir o protagonista de qualquer outro personagem de anime. Agora conheço não apenas ele, mas seu mundo e seus companheiros. 

E por falar nos personagens Iñaki Godoy, abraça com longos braços a personalidade, expansiva, empolgada e meio sem noção de Luffy. E o elenco acertadamente diverso acompanha, o empenho do protagonista, sendo Mackenyu interprete de Roronoa Zoro, e principalmente Emily Rudd que vive Nami, aqueles com mais oportunidades dramáticas. O grande embate de fim de temporada, por exemplo, está diretamente ligado à jornada emocional da moça de cabelos laranja. Enquanto Morgan Davies, Jacob Romero, Aidan Scott e Taz Skylar, tem potencial embora ainda não tenham tido espaço para explorá-lo. 

O estilo da narrativa é episódico, mas não incomoda, tão pouco soa repetitivo, já que algo novo é acrescentado no universo, e na perspectivas individuais dos personagens a cada novo desafio. Além disso a mudança de ambientação, e de antagonista, expande o universo e sua diversidade. O ponto fraco é a trama envolvendo a marinha, que corre paralelamente, mas nunca se mostra interessante o suficiente para fazer frente à principal. Crescendo apenas quando as jornadas colidem.

Tecnicamente a série também surpreende, ao explorar bem seus confinados cenários marítimos. A direção explora bem o espaço, e surpreende ao escolher ângulos diferentes e takes longos em várias cenas de luta. Já o design de produção de diverte com a possibilidade de criar ambientes, e artefatos com a liberdade criativa do anime. De animais, objetos, passando por embarcações distintas, e até uma embolorada mansão mal assombrada, nada é pouco detalhado nesse mundo.

Cabelo e maquiagem, acompanham essa maluquice (no bom sentido). Enquanto os figurinos, conseguem trazer roupas novas para os personagens, sem perder suas identidades, e até adicionando um senso de "mundo real" em algumas peças (tenho certeza que já vi uma da Nami em lojas). 

Os efeitos especiais não entregam nada de revolucionário, mas funcionam. E a escolha do tom mais cartunesco foi essencial para isso. Em uma série mais "séria" nunca comprariamos tão facilmente as habilidades de Luffy e a forma inusitada com que ele faz uso delas. Para completar, a trilha sonora aventuresca, remete à aventuras tradicionais de pirataria. E é administrada com precisão, para empolgar e envolver quando preciso. 

One Piece: A Série, tinha tudo para dar errado. Mas é resultado de uma série de escolhas acertadas e corajosas, como a opção de abraçar o exagero da animação sem medo. Essas escolhas encontraram o balanço exato para trazer essa história à vida de forma convincente, ainda que fantástica. Que venham mais aventuras dos Piratas do Chapéu de Palha pelos mares!

A série One Piece tem oito episódios com cerca de uma hora cada, todos disponíveis na Netflix. Assim como os mais de mil episódios do anime clássico. 



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