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Johnny Depp X Amber Heard

 Existem duas formas de contar um evento histórico, uma delas é observando e analisando o todo o contexto, e seus desdobramentos para os personagens e a sociedade. A outra é meramente citando cronologicamente todos os elementos, tal qual muitas aulas enfadonhas e mal ministradas de história já fizeram. Infelizmente Johnny Depp X Amber Heard, documentário da Netflix que se propõe a contar a briga judicial do ex casal de Hollywood, escolhe a segunda opção. 

O ano era 2022, e o mundo pós-pandemia se volta para um julgamento midiático, de dimensões e popularidade semelhante ao caso de O.J. Simpson nos anos 1990, a batalha judicial entre os atores Johnny Depp e Amber Heard, cujo casamento e separação conturbada figuraram nas manchetes dos tabloides na última década. 

Dividida em três partes a minissérie se propõe a cobrir todo o julgamento. Colocando os depoimentos de Depp, Heard e das testemunhas simultaneamente. E convidando o expectador a analisar e interpretar por conta própria as diferentes versões dos incidentes. Supostamente não tomando partido de nenhum deles.

A disputa entre os atores tem sido considerado o primeiro "julgamento via TikTok" da história, diante da repercussão e quantidade de conteúdo online produzido em torno do circo midiático que se formou. O que na época de O.J. Simpson se limitava a tabloides e programas de TV, agora é um fórum aberto para qualquer um com uma rede social, e a crença de que precisa expressar sua opinião. 

Debate inédito e rico que o documentário simplesmente não faz. A produção se limita a fazer um compilado de imagens e memes que circularam na internet no período, mas pouco questiona seu efeito no julgamento. Quando o faz, apenas que provavelmente era impossível os jurados se manterem isolados da comoção, mas para por aí.

Outro efeito dessa falta de direcionamento da obra é a perda de sua suposta isenção. Uma vez que as manifestações a favor de Depp eram mais numerosos, o documentário acaba inevitavelmente pendendo a favor do ator. Há ainda, a ausência de elementos ou pontos de vistas novos, o roteiro apenas enfilera o que já vimos. Como um mero resumo do ocorrido para aqueles que não foram fisgados pelo circo midiático, e tenha passado sabendo pouco ou nada do evento. A questão é, quem não se interessou na época, buscaria o documentário agora?

 Johnny Depp X Amber Heard também não faz nenhuma reflexão sobre si mesmo. Afinal, apesar de apontar o caos do interesse pulico no caso, a obra está fazendo exatamente a mesma coisa que as centenas de tiktokers que apresenta. Tanto eles, quanto o documentário, transformam duas pessoas em meros personagens pelos quais devemos torcer contra ou a favor. Esquecendo-se de que são pessoas completas, com erros, acertos, falhas, e sentimentos. 

Com uma montagem nada excepcional, notas repetidas e uma duração mais longa que o necessário, e uma divisão em episódios que existe apenas para não espantar quem não gosta de obras longas,  Johnny Depp X Amber Heard é como uma daquelas aulas chatas de história. Um mero compilado de eventos, sem grande análise, cuja maioria dos detalhes logo será esquecido. Perdendo a oportunidade de explorar tanto o lado humano da disputa, quanto o efeito que a mídia de 2022 teve no evento, e vice-versa.

Que venham outras obras em torno dessa história, observando e analisando o todo o contexto, e seus desdobramentos para os personagens e a sociedade. Ou não! Se tem uma coisa que o documentário da Netflix deixa claro, é que o relacionamento íntimo dos outros, mesmo quando termina em meios legais, não devia ser da conta de tanta gente. 

Johnny Depp X Amber Heard (Depp V Heard)
2023 - EUA - 146min (dividido em 3 episódios)
Documentário



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