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Drácula: A Última Viagem do Deméter

O romance Drácula de Bram Stoker tem uma pequena passagem que relata a viagem do personagem título para a Inglaterra. Jornada na qual praticamente toda a tripulação do navio Demeter desaparece. O que aconteceu na embarcação fica em grande parte a cargo da imaginação do leitor. Uma lacuna livre dentro de um clássico da literatura, é surpreendente que o cinema tenha demorado tanto para explorar essa brecha. Finalmente Drácula: A Última Viagem do Deméter chega para nos convidar a imaginar o que aconteceu ao longo da viagem. 

O navio Deméter foi contratado para levar caixas misteriosas a Londres, com direito à um bônus para a tripulação caso chegassem em tempo recorde. Mas ao longo da viagem, eventos estranhos começam a acontecer, e aos poucos sua pequena tripulação é dizimada. 

Nas palavras do próprio diretor André Øvredal, o longa é uma espécie de Alien - O 8º Passageiro em um navio em 1897. A exceção, acredito, seja o fato de que diferente do público do filme de alienígena, a maioria de nós conhece bem a ameaça em questão. Mesmo que a produção tenha optado pela versão original da criatura, mais parecida com Nosferatu, do que a elegante figura do vampiro sedutor mais presente no imaginário popular.

Nós sabemos o que Drácula quer, suas habilidades e fraquezas. A novidade fica por conta de conhecer a tripulação, descobrir como ela vai lidar com a "ilustre presença" e os desdobramentos que levam o navio a chegar "vazio" na costa inglesa. É o nosso conhecimento, em contraste com a completa alienação dos personagens quanto ao perigo, que cria a tensão que rege este terror. A descoberta gradual e o temor crescente que vem dela, é o que nos mantém interessado. Quem será o próximo, quando e como? É o que queremos saber. 

Parte dessa tensão é também construída pela ambientação. O Demeter, embarcação onde se passa praticamente toda a história é construído com cuidado e detalhismo. A madeira escurecida pelo tempo e as poucas fontes de luz, tornam o ambiente ainda mais confinado e claustrofóbico, ao ponto das poucas cenas diurnas soarem como um alívio, para a tensão e para os olhos atentos a cada canto escuro do cenário. Um excelente travalho da direção de arte e fotografia, que constroem a atmosfera da produção.

A direção de Øvredal não é das mais inventivas. De fato, ele bebe bastante de obras que vieram antes dele, como próprio Alien. Mas é eficiente, e explora bem as possibilidades que a proposta oferece. Assim como conduz bem seu enxuto elenco. 

Entre eles, os destaques ficam com o Capitão vivido por Liam Cunningham, que lhes dá experiência e respeitabilidade. O novato médico negro Clemens (Corey Hawkins), nosso avatar na produção, já que somos apresentados ao cotidiano do Deméter através dele. O primeiro imediato Wojchek (David Dastmalchian), a misteriosa Anna (Aisling Franciosi) e o adorável garotinho Toby (Toby). Todos construídos de forma a nos apegarmos facilmente, e temer por sua morte. 

É no próprio Drácula que se encontra o ponto mais fraco da produção. Quando trabalha nas sombras, a criatura é eficiente, especialmente pela escolha de usar um ator com figurino ao invés de computação gráfica. Entretanto, nos momentos em que temos vislumbres mais detalhados, o CGI, usado em suas feições, soa artificial demais, ainda que o design seja eficiente. Impossível não pensar em alguns momentos: seria este o irmão feio do Golum? - No conjunto da obra, a falha não compromete, mas certamente estes efeitos ficarão datados rapidamente. 

Drácula: A Última Viagem do Deméter explora uma lacuna de uma obra clássica do terror. Não cria nada inovador ou espectacular (nem era essa a intenção), mas entrega um suspense e terror eficientes, que envolve e entretém com facilidade. Pode não entrar para a história do cinema, mas certamente vai agradar a maioria. 

Drácula: A Última Viagem do Deméter (The Last Voyage of the Demeter)
2023 - EUA/ Reino Unido - 118min
Terror



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