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Indiana Jones e a Relíquia do Destino

Que dê a primeira chicotada quem não pensou que já havíamos nos despedido do arqueólogo mais famoso do cinema lá em 2008. E apesar de Reino da Caveira de Cristal ser divertido, é considerado um aquém das aventuras do personagem (talvez porquê ali havia uma intenção nada discreta de passar o bastão para outro interprete). Indiana Jones e a Relíquia do Destino chega para refazer essa despedida, dessa vez acertadamente mais preocupada com o desfecho de Indy, que com aventuras futuras dentro do mesmo universo. Não que essa hipótese não exista.

Henry Jones Jr. (Harrison Ford) está solitário novamente, com um divórcio e uma aposentadoria a sua frente. Deprimido, cansado e desinteressado em um mundo que olha para o futuro com a corrida espacial, enquanto o seu mundo sempre foi buscar o passado. É a chegada de sua afilhada Helena (Phoebe Waller-Bridge), interessada em um artefato místico que tira o personagem dessa espiral de auto piedade, já que além dela, um fantasma do passado resurge com intuito de usar o mesmo item para mudar o curso da história. 

E sim, este fantasma do passado são nazistas! Em plena guerra fria, o roteiro é inteligente ao conectar o uso de cientistas nazistas à corrida espacial, além de nos recordar que gente com esses ideais horrorosos existe até hoje. O retorno dos vilões mais tradicionais da franquia (eles só não são o foco no segundo filme) deixa evidente o caminho que o roteiro deste quinto longa pretende seguir. Caminho este que é quase um checklist, que resgata tudo que deu certo anteriormente.


Vilões nazistas que adoramos ver se ferrando? Tem. Companheiros carismáticos de aventura para o protagonista? Temos dois. Crianças super inteligentes e corajosas ajudando o mocinho? Também. Locações em vários pontos do mundo? Garantido. Templos, cavernas, catacumbas e cidades exóticas? Sim. Relíquia mítica com poderes sobrenaturais? Tem até no título! E claro, com aparições especiais e referências para garantir o combo nostalgia. Tudo como a cartilha manda, e até de forma meio previsível. Mas tudo bem, afinal funciona!

Só ficou de lado mesmo a parceira/interesse amoroso, já que aqui Indy é acompanhado por sua afilhada. Decisão que talvez seja o maior indicativo de que apesar de apostar na fórmula o diretor James Mangold e companhia tem ciência de que este Indy não é o mesmo personagem. Evoluiu como qualquer pessoa, e como pouco fizera nas aventuras anteriores.

Mais velho, fora de seu tempo, menos adaptável e mais vulnerável. Características que Ford deixa acertadamente transparecer em sua atuação, sem perder a essência de seu personagem mais famoso. Este ainda é o Indiana Jones, ele ainda é excepcional, mas não está mais em sua melhor forma, o que nos faz temer por ele como nunca antes. 

Felizmente, Indy tem ajuda. E Helena, personagem vivida de forma carismaticamente abusada por Phoebe Waller-Bridge é a evolução das mocinhas da franquia. Obstinada e inteligente como Marion, com moralidade ambígua como Elsa (embora bem longe de ser uma vilã), e principalmente uma personagem mais atual e feminista. Muito longe da característica de donzela em apuros que suas antecessoras traziam em alguns momentos. 

Do outro lado da disputa, Mads Mikkelsen diverte e faz refletir com seu "não ex-nazista". Mesmo caricato, o personagem faz pensar sobre a anistia, e a fidelidade aos ideais. Além da capacidade de cooptar mais pessoas para estes pensamentos, como acontece com o personagem do subaproveitado Boyd Holbrook, um americano nazista. Coisa que infelizmente existe para além da ficção. A produção ainda conta com boas participações de John Rhys-Davies, Toby Jones e Antonio Banderas.

James Mangold, diretor de Logan, conduz a história com eficiência, acerta o tom entre comédia e aventura, e raramente perde o fôlego nas quase duas horas e meia de projeção. Mesmo assim é evidente que o filme se beneficiaria de alguns minutos à menos, e que Mangold não é Spilberg. Ele entrega um bom filme, mas sem a criatividade visual e a personalidade que o diretor original imprimira à franquia. 

Debaixo da asa da Disney, assim como todo o catálogo da Lucas Film, Indiana Jones não escapou do software de rejuvenescimento digital que a empresa do camundongo agora usa à exaustão em seu filme. Recurso que funciona muito bem nos momentos iniciais, mas perde o efeito gradualmente com o excesso de uso, e em alguns momentos entrega uma aparência emborrachada, que não vai demorar para envelhecer mal. Mesmo assim, é possível vibrar ao ter mais alguns minutos de aventuras com o jovem Indy. 

Os demais efeitos especiais são eficientes. Fazendo bastante uso tanto de efeitos práticos, quanto dos digitais. Assim como dá preferência a dublês ao invés de personagens em CGI, mas empolgantes sequencias de ação. 

Indiana Jones e a Relíquia do Destino não é icônico como a trilogia original (nem poderia ser, talvez para gerações futuras), mas tem o espírito de sessão da tarde tão característico da franquia. É inteligente, divertido, com as soluções impossíveis e cenas empolgantes que a gente adora acompanhar. Além compreender e desenvolver seu protagonista como nunca antes. Dando assim, uma despedida satisfatória ao amado personagem. E se fizer sucesso, pode até render uma nova franquia com a geração seguinte, coisa em que o quarto filme fracassou. 

Indiana Jones e a Relíquia do Destino (Indiana Jones and the Dial of Destiny)
2023 - EUA - 154min
Aventura, Ação




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