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Elementos

E se os brinquedos tivessem vida quando ninguém está olhando? E se o mundo fosse habitado por carros? Ou por criaturas de histórias de fantasias? E se as emoções fosse pessoinhas na nossa cabeça que comandam nossas ações?

A proposta do "e se o mundo fosse um pouquinho diferente" tem sido um argumento recorrente nas produções da Pixar. Uma ideia inusitada servindo de base, uma desenvolvimento criativo, e inúmeras metáforas e discussões surgindo e sendo desenvolvidas através dessa proposta. Assim, o estúdio tem conseguido encantar simultaneamente adultos e crianças há décadas!

E se o argumento vier, mas e as discussões e o bom desenvolvimento não? É isso que acontece com Elementos, o mais recente lançamento do estúdio. Não entenda errado, as intenções e temas propostos pelo "e se" da vez estão lá. Entretanto um desenrolar pouco criativo, não consegue explorar todo o potencial da ideia: E se o mundo fosse habitado por elementos?

A cidade Elemento abriga cidadãos das quatro categorias presentes nesse mundo, feitos de água, fogo, terra e ar. Mas, fundada pela sociedade da água, a metrópole não foi pensada para sua comunidade mais recente. Os cidadãos de fogo, vivem isolados em um gueto cultural ignorado pelo poder público. A família de Faísca (voz de Leah Lewis no original) é pioneira na comunidade e a jovem está destinada à herdar o a loja do pai, apesar de não levar muito jeito pra isso. Em uma de suas trapalhadas na loja, ela conhece Gota (Mamoudou Athie), um cara de água que também é seu oposto em personalidade. E enquanto tentam corrigir o erro que pode afetar toda a comunidade do fogo, a dupla se apaixona, mesmo que seu relacionamento seja fisicamente (no sentido de quebrar leis da física mesmo) impossível!

A sinopse parece longa e complexa, mas o filme não é. Trata-se de um romance de opostos, no estilo Romeu e Julieta. Com final feliz, é claro, afinal, ainda é a Disney. O desafio é superar a impossibilidade de criaturas de composições tão distintas conviver, mesmo que seja preciso ignorar as leis da física quando conveniente. Focado em acompanhar a relação da garota cheia de atitude e cabeça quente, com o rapaz otimista e muito emocionado, o roteiro acaba por deixar de lado os muitos temas que traz em sua temática.

O diretor Peter Sohn é filho de imigrantes que mudaram de país sem sequer falar a língua. A inspiração em sua própria vida é evidente aqui. O cotidiano dos imigrantes, o despreparo para receber refugiados, o embate de culturas, xenofobia, o isolamento entre comunidade estão entre as discussões mais ricas apenas pinceladas por aqui.  O que pode até causar algumas interpretações equivocadas. Como a sensação de que a aversão do pai dela aos "de água" é exagerada, já que o comportamento hostil por parte dos rivais é pouco e tardiamente mostrado. Correndo o risco de amenizar a rejeição que imigrantes realmente recebem, e consequentemente injustificar a proteção excessiva que isola essas pessoas em suas comunidades. 

Já a falta de um antagonista claro, diminui a urgência dos eventos, mesmo que o tempo restrito seja repetido várias vezes aqui. O inimigo é uma falha estrutura da cidade? A burocracia? O conflito de gerações? Ou a diferença de origem dos protagonistas? Faltou aqui o roteiro ter coragem de se assumir como a comédia romântica que é, e consequentemente escolher com que público deseja falar. Deixando a aventura e a obrigatoriedade de atingir a todos em segundo plano. 

A qualidade técnica e o desing de produção tem a qualidade, criatividade e beleza conhecidas do estúdio para construir novos mundos, criar personagens carismáticos, inusitados e entender como eles funcionariam nessa proposta diferente. Embora o design destoante dos personagens de fogo possa confundir alguns. Os esquentadinhos, tem uma técnica que beira a aparência da animação 2D tradicional, fazendo com que seu visual não combine com aquele mundo. Interpretei a diferença como mais uma forma de distinguir esta comunidade dos demais, mas houve quem encarasse isso como uma falha na sessão que assisti. 

A versão brasileira traz Marisa Orth e André Mattos dando voz aos pais da protagonista. Além de Giovanna Antonelli e Cacau Protásio em papéis secundários. A animação volta a vir acompanhada de um curta metragem do estúdio que abre a sessão, tradição que não acontecia desde 2018. Carl's Date mostra um pouco da vida do Sr. Fredricksen, após Up - Altas Aventuras

Elementos quer ser um romance, mas também engraçado, quer levar os personagens para aventuras, quer criar um universo próprio, quer falar com todos os públicos... e nessa tentativa de ser todas as coisas, acaba não entregando bem nenhuma delas. Quebra algumas leis da física com convém, criando uma falta de coerência que afasta os adultos. Ao mesmo tempo que é complicado demais para os pequenos. 

Embora ainda seja um filme com selo de qualidade Disney/Pixar, a produção não entrega o encantamento que estamos acostumados a receber do estúdio. É bem feito, bastante divertido, mas está aquém do que poderia ser. E se a Pixar não tivesse nos acostumado tão mal? Em um estúdio diferente, este filme seria um êxito, aqui é apenas mediano. 

Elementos (Elemental)
2023 - EUA - 109min
Aventura, Romance, Comédia





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