Em 2022, E.T.: O Extraterrestre está completando quarenta anos de seu lançamento. (Tá se sentindo velho? Eu também!) A fábula sobre amizade criada por Steven Spielberg resiste ao teste do tempo e continua encantadora até os dias de hoje. 

Caso você tenha sido esquecido por Seus companheiros em um planeta distante nas últimas quatro décadas e não saiba sobre o que se trata este filme, segue uma sinopse nada tradicional.  Elliot (Henry Thomas) é o filho do meio de uma família abalada pelo divórcio. Solitário, ele faz amizade com um ser de outro planeta, que acidentalmente foi deixado para trás por seus conterrâneos. O garoto e seus irmãos apresentam nosso planeta e costumes para o ET, e o ajudam a encontrar um meio de contatar seu povo. Mas logo essa amizade é ameaçada e os planos interrompidos por agentes do governo que querem estudar o Extraterrestre.

Crianças sabem mais e entendem o mundo melhor, com simplicidade e sem complicações. E.T. é um exemplo perfeito desse tipo de filme, onde os pequenos são heróis. Os adultos passam quase todo tempo alheios, e quando descobrem só atrapalham e complicam tudo. Uma aventura de ficção científica para toda a família, cheio de lições e boas mensagens. 

O que torna E.T. excepcional é o ritmo e equilíbrio com que Spilberg compõe a obra. Com doses certeiras de humor, suspense, drama, e tristeza, que não deixam o filme cair no exagero açucarado e clichê. Mas ainda assim, emociona, intriga e diverte. Como não ficar receoso com as aparições do "Keys" (sim, esse é o nome do personagem nos créditos), ou com o primeiro encontro entre Eliot e a criatura? Se divertir com as situações engraçadas que o aprendizado do E.T. sobre nossa cultura gera? Ficar empolgado com a perseguição de bicicletas? Ou ainda se emocionar com o susto que a pequena Drew Barrymore leva ao ver os cientistas usarem um desfibrilador no alienígena? A produção é cheia destes pequenos momentos icônicos, que despertam as mais diversas emoções no público. 

Além da narrativa bem equilibrada, e com um ritmo impecável, parte do mérito por essa conexão com a audiência, é claro vem do bom trabalho do elenco. Em especial Henry Thomas, que passa tanta verdade na relação entre menino e criatura, que carrega o filme com ela. Se ele acredita, nós acreditamos e nos importamos. Simples assim!

O carisma da criatura também ajuda. Como um serzinho cabeçudo esquisito de dedos e olhos gigantes pode ser tão adorável? Acredito que com excelente trabalho de design e efeitos práticos, que dão vida ao boneco. Ao ponto de convencer público e até elenco, a pequena Drew, então com sete anos, realmente acreditava que a criatura era real. 

Na celebração de vinte anos, Spilberg fez alterações com efeitos especiais computadorizados. Incluindo sequencias novas, dando mais expressões para o E.T., e alterando detalhes, como as armas usadas pelos policiais, que viraram walkie-talkies. Alterações curiosas de se ver, mas completamente desnecessárias, o filme já era perfeito em seu lançamento. E o CGI não tem o mesmo charme dos efeitos práticos, tão pouco envelhece tão bem. 

Entre os temas discutidos, a amizade incondicional que só a infância proporciona, o medo do desconhecido, solidão, fé e abandono (não do E.T. por seus companheiros, mas do pai da família de Eliot). E também a noção de que nem tudo precisa ser estudado e destrinchado, apenas vivido e sentido. Eliot e os irmãos aprenderam muito mais apenas por conviver com o extraterrestre, do que aquele exército de cientistas e seus equipamentos conseguiriam descobrir em toda uma vida de estudos. 

Com alterações ou no formato original, em seu lançamento, após vinte ou quarenta anos, tanto faz!  E.T.: O Extraterrestre é sim obrigatório para todo cinéfilo. E melhor, ainda é delicioso de assistir e reassistir!

E.T.: O Extraterrestre (E.T. the Extra-Terrestrial)
Steven Spielberg
1982 – EUA – 1h55
Aventura/Ficção Científica

Na época do lançamento deste texto, E.T.: O Extraterrestre está disponível no Telecine!

Veja também no TikTok.

O Projeto 1001, é um desafio cinéfilo que está rolando aqui no blog e em meu TikTok. Nele eu tento assistir as produções listadas no livro 1001 Filmes Para Ver Antes de Morrer de Steven Jay Schneider. Sempre deixando minhas impressões, apontando detalhes e curiosidades.