Abraçando a história para si como bons amantes fazem, cada fã continuou construindo e expandindo o universo em suas próprias imaginações. Alguns criaram uma origem nobre para Darth Vader, outros decidiram que Leia treinaria para ser Jedi após o episódio VI, e qualquer outra história que representasse e agradasse o fã em questão.

O ruído acontece quando novos capítulos chegam, e as versões oficiais não correspondem às expectativas criadas pelo público. O que, convenhamos, é impossível. Independente da criatividade dos roteiristas, história nenhuma vai atender às especulações particulares de cada pessoa que a acompanha. A rejeição é inevitável para aqueles que não tem a mente aberta. E seu nível correspondente ao apego dos fãs às próprias versões, o que no caso de Star Wars parece ser gigantesco. 

Mas até aí tudo bem, é direito de cada um não gostar!

O problema é a forma como o público tem lidado com esta rejeição. Encarando como o fim do mundo. Ou melhor, "a destruição de suas infâncias"! Como se cada novo produto apagasse os anteriores, e toda história e relação afetiva construída com eles. Criando um ódio em torno destes produtos, e deixando todos à um passo da agressividade. Calma! Se você não gostou do filme novo, poderá sempre ignorar este e revisitar os antigos. 

Dentro desta parcela de fãs ainda existe um subgrupo, o de fãs que sempre se sentiram visualmente representados pela franquia. Sim, estou falando de homens brancos de mente limitada, que pela primeira vez encontra heróis com diferentes rostos. Aparentemente incapazes de se relacionar com quem não se parecem fisicamente, se sentem ameaçados e excluídos pela diversidade. E reagem da pior forma possível, atacando não apenas a obra, mas os profissionais relacionados a ela, ao ponto de arruinar carreiras e vidas. 

Profissionais que em sua maioria eram fãs da saga, realizando o sonho de participar dela. O mesmo desejo de muitos que os atacaram. Aconteceu com Daisy Ridley, John Boyega e mais recentemente com Moses Ingram, entre outros. O caso de Kelly Marie Tran é provavelmente o mais grave, já que o ódio parece ter sido endossado pelos roteiristas de Ascenção Skywalker, que diminuíram a participação da moça para agradar estes fãs agressivos. Mas isto é assunto para outro post. 

Novamente, peço calma. Se você é uma pessoa branca que não tem problemas com personagens diversos. Ou desgostou de outros elementos da franquia este parágrafo não é sobre você. Não vista a carapuça, ok!

Vale mencionar, esse ódio à diversidade aponta um consumismo raso da própria franquia. A história se passa em um universo vasto, onde habitam milhares de raças, e onde a luta contra a tirania de uma minoria é o foco. Mesmo assim, o fã hater, insiste que a trama precisa girar em torno de um padrão de pessoal. E para mostrar indignação age com tanta tirania quanto os vilões que seus heróis combatem.

De qualquer forma, retornarmos ao sentimento de posse que o público tem da franquia e a rejeição de tudo que não atende as expectativas criadas para seus personagens conhecidos. Tanto que produtos que apresentam personagens novos, como algumas animações, o filme Rogue One e a série Mandaloriano. Mando não existia, logo não há expectativas quanto a sua trajetória. Sem expectativas, sem rejeição! O que não o salva da possibilidade de encarar esse sentimento em temporadas futuras. 

Então, por que o fã de Star Wars não gosta de Star Wars?

Porque a expectativa é a mãe da decepção e o sentimento de posse pode ser muito agressivo. Star Wars reúne os dois da pior maneira. As pessoas acreditam que são donas da franquia, criam suas próprias versões da história em seus hiatos, e esperam coisas impossíveis de seus realizadores. E claro, o lado sombrio do ser humano, completa o pacote, com atitudes infundadas e inaceitáveis de uma parcela odiosa do público.

Resta à nós, a parcela que ainda habita o lado luminoso da força, mostrar que esta não é a forma de se consumir Star Wars, ou qualquer outra franquia. Utilizando nosso bom senso, ao invés de preconceitos para avaliar bons e maus produtos. E aceitando que as vezes uma obra não vai te agradar. E tá tudo bem! Ninguém precisa ser execrado por isso.  

Ou seja, o fã saudável e que por isso vai aproveitar muito melhor a saga!

Leia mais sobre Star Wars!