Nova York, 1882, era de grande crescimento econômico e tecnológico nos EUA, graças às ferrovias, indústrias de petróleo e aço. A jovem Marian (Louisa Jacobson) se vê obrigada a mudar para a cidade, para viver com as tias ricas, após descobrir que seu falecido pai a deixou na falência. Lá é jogada diretamente no cotidiano da Alta Sociedade Nova-iorquina, que está em polvorosa com a disputa entre velhos e novos ricos.
O impasse mais evidente é entre a tia de Marian, a tradicional Agnes Van Rhijn (Christine Baranski) e sua mais nova vizinha, esposa de um magnata dos trens, Bertha Russel (Carrie Coon). Esta está determinada a adentrar na alta sociedade a todo e qualquer custo. Enquanto a primeira a ignora completamente, como cidadãos de segunda categoria, com que não se deve socializar, já que não vem de uma família tradicional.
Além delas o cenário está repleto de famílias abastadas disputando a atenção uma das outras. Incluindo algumas figuras históricas. É aqui o único momento em que A Idade Dourada peca um pouco, são muitos senhores, senhoras e senhoritas, a conhecer. Muitos nomes para aprender ele lembrar no vai-e-vem da alta sociedade, em apenas nove episódios. Não se surpreenda, se demorar a entender quem é quem neste complicada dança das cadeiras.
Felizmente, apesar de retratar uma sociedade com tantos membros, quanto normas de etiqueta. A série sabe bem qual seu foco, as famílias Russe, Van Rhijn, e "agregados". Sim, assim como sua predecessora, Downton Abbey (que aliás faz parte do mesmo universo), A Idade Dourada reserva algum tempo para mostrar também o cotidiano dos empregados, a relação entre eles, e com os patrões. Infelizmente, com tão poucos episódios, o espaço dedicado a eles ainda é pequeno, mas o suficiente para criarmos empatia com os empregados de cada casa.
A exceção fica por conta da Srta. Peggy Scott (Denée Benton), que logo se mostra ser mais que uma simples secretária. A aspirante a jornalista, que acaba trabalhando por acaso na residência Van Rhijn, e criando uma amizade sólida com Marian, tem um dos arcos mais interessantes do programa, e completamente independente da trama principal . Mas, também, apresenta um cenário pouco retratado nas telas. Ela pertence a elite negra de NY. Sim, existiam negros abastados nos Estados Unidos naquele período! Eles viviam em suas próprias comunidades ricas e educadas.
De volta a trama principal, intrigas, escândalos, regras rígidas de etiqueta, egos inflados, romances proibidos, disputas de poder, muito dinheiro sendo esbanjado, garantem drama suficiente para que a série nunca caia no marasmo. Mesmo em se tratando de uma série interminável de conversas, em encontros para o chá, e salas de jantar.
E por falar em salas de jantar, os cenários são uma atração à parte! Grandiosos e luxuosos, recriam bem a NY dos anos 1880, e também definem claramente o status a condição de cada família apresentada. O mesmo pode ser dito de figurinos deslumbrantemente detalhados. Tudo filmado com uma qualidade técnica impecável.
Impecáveis também são as atuações de Carrie Coon e Christine Baranski. A primeira determinada e incansável, a segunda firme e irredutível, suas construções de personagens, representam bem, as duas facetas da alta sociedade da época. O trabalho da dupla dita o tom da "treta", e o restante do elenco acompanha, entregando também boas atuações. Também estão em cena nomes como, Taissa Farmiga, Morgan Spector, Thomas Cocquerel, Blake Ritson, Kelley Curran, John Douglas Thompson, Audra McDonald e Cynthia Nixon.
O termo "Idade Dourada", é realmente usado para descrever este período histórico dos EUA. E satiriza os problemas da sociedade mascarados por toda esta opulência. Como se uma fina camada de douração tentasse sem sucesso emular uma verdadeira era de ouro.
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A primeira temporada de A Idade Dourada tem nove episódios com cerca de uma hora cada, está disponível na HBO Max, além de ser exibida pela HBO. Sua segunda temporada já foi confirmada pelo canal.