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vida a dois: muita calma nesse domingo

Domingo a tarde. Enquanto meu maior problema do dia é fazer com que o adaptador hdmi do mac funcione, o dele é entender o novo imposto que teremos que pagar na empresa.
Mas é domingo, e eu me recuso a pensar em trabalho em domingos. Não estou preocupada com o novo imposto, ele vai acontecer de uma maneira ou de outra, e por que me preocupar hoje, se amanhã vai ser segunda de qualquer forma?
Enquanto eu conecto e desconecto o cabo no computador, numa esperança infundada de que por algum milagre ele funcione, eu bufo repetidamente e reclamo alto. Já aconteceu outras vezes. Digo, o cabo já funcionou outras vezes. Ainda não dei esse cabo (novo) por perdido. Não tem nem 3 meses.
Estou realmente muito, muito irritada. E começo a pensar em soluções alternativas pra resolver o problema.
Opção 1: Pegar o notebook do escritório, passar o filme pro pendrive e depois pra lá, e usar o hdmi normal pra espelhar pra tv.
Não me parece muito bom. Teria que ir lá fora, subir a escada do escritório, baixar um player no notebook e aturar a lentidão daquele windows.

Opção 2: Pegar o hd externo na gaveta do rack, passar o filme pra lá e usar a entrada USB da tv para rodar.
Parece um plano muito bom, e eu não teria que ir lá fora nem subir escadas. Fácil.

Mas eu ainda estou reclamando, mesmo já tendo um bom plano.
– Que bosta! – eu grito – Nada funciona nessa casa!
Ele continua scrollando no iPad como se fosse imune ao meu mau humor.

Eu levanto e pego o hd externo na gaveta, conecto no notebook e transfiro o filme pra lá.
Foi mais rápido do que eu imaginei, mas ainda estou preocupada com a possibilidade da legenda não funcionar na tv. Tenho quase certeza de que não vai, nunca tentei antes, mas sei que quando se trata de tecnologia, se existe uma chance de dar errado, vai dar.
Levanto de novo e procuro a entrada USB na tv da sala. Essa tv é nova e eu nunca usei o USB dela, então fico procurando por cerca de dois minutos, andando de um lado pro outro e tentando mover a tv mais pra frente, sem sucesso, por causa do suporte que prende ela na parede.
Eu bufo alto mais uma vez.
– Puta que pariu!
Ele permanece imóvel scrollando no iPad. Penso que essa merda desse imposto deve custar um rim por mês, já que ele parece tão mais preocupado com ele do que com o novo filme do Leonardo Dicaprio que eu demorei séculos pra encontrar um bom torrent.
Nada da entrada USB.
Eu dou um chilique escroto e grito “Desisto! Foda-se!” enquanto jogo o hd externo no sofá, junto com todo o meu mau humor.
Ele levanta e vai até a cozinha. Eu continuo com a cara amarrada.
Eu já tinha um novo plano: a tv do quarto, onde eu sabia que o USB era acessível.
Mas permaneci no sofá por mais alguns minutos esperando que ele falasse alguma coisa.
Ele não disse, então eu fui pro quarto e conectei o hd na tv.
Por algum motivo eu queria puni-lo por não ter se movimentado em nenhum momento pra me ajudar a resolver o maior problema do mundo. Ele é bom com essas coisas de cabo, poxa! Sempre remenda meus cabos do iPhone e é realmente bom em consertar coisas.
Eu só queria que ele levantasse a bunda do sofá e pelo menos sentasse do meu lado enquanto eu tirava e colocava a droga do cabo do computador. Sei lá. Queria que ele simplesmente se indignasse junto comigo. Ficasse puto junto comigo. Sei lá.
O filme começou a funcionar na tv do quarto. A legenda deu certo também. Nem acreditei.
Eu pensei em comemorar e gritar pra ele “Oba! Funcionou! Vem, amor!”, mas lembrei que eu queria puni-lo.
Fui até a sala e falei com o mesmo mau humor: “Funcionou, vem.”
E aí ele ficou puto.
– Tá puta por que?
Me indignei com o fato dele precisar perguntar.
– Tô ali tentando fazer essa merda funcionar há uma hora e você nem pra levantar e me ajudar!
– E você queria que eu fizesse o que, se o cabo tá estragado? Por que você não comprou outro quando fomos comprar seu cabo novo pro iPhone?
– Porque ele não estava oficialmente estragado!
Estava. Na semana passada precisamos terminar de assistir a última temporada de Walking Dead direto no Notebook. Lembrei.
– Só queria que você tentasse, ué!
– Tentasse o que? Fazer um milagre?
Aí ele ficou nervoso e disse “Olha só no que você transformou o dia”. Odeio quando ele diz isso. Muitas vezes é verdade.
Eu dei as costas e comecei a andar na direção do quarto. Mas hoje está um pouco frio e eu não queria assistir o filme sozinha.
Enquanto ele continuava falando sobre como o meu mau humor estava estragando o dia, a ficha caiu.
Eu virei e perguntei:
– Tá, e o que você quer que eu faça, então?
– Peça desculpa.
Eu pedi. Ele disse que eu não estava sendo sincera, e não estava mesmo.
Odeio pedir desculpas. Nunca é sincero.
Mas mesmo assim ele fez charminho e me abraçou enquanto eu me fazia de difícil, pedindo as desculpas mais mentirosas do mundo.
Aí ele me beijou e riu. Assistimos ao filme e conseguimos concordar com algo muito importante no final:
O Leo não merece um Oscar por esse filme. Mas bem que ele podia ganhar mesmo assim.

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