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Só mais “um cachorro”?

Pra muita gente, ele foi “só um cachorro”. Pros antigos donos, que tiveram a coragem de largá-lo no meio de uma rua movimentada de carros pra morrer. Pras pessoas que passaram por ele, vagando pelo estacionamento do supermercado da rua, procurando por comida, e nada fizeram. Pra veterinária do petshop do mercado, que me olhou com a cara mais estranha do mundo e disse: “Mas você vai levar ele pra casa?”, como se ela achasse que ele não merecesse isso. Pra senhora que me contou que sabia onde o dono morava, e que ele tinha mesmo largado o Cachorro na rua porque não o queria mais.
Pra todas as pessoas do mundo que amam seus cachorros, mas viram a cara quando passam por um na rua. Preferem não ver, fechar os olhos e torcer para que alguém faça alguma coisa. O problema, pessoa, é que pouca gente faz.
Dizer que ama seu próprio cachorro é fácil, afinal, ele custou uma grana no canil, né? Ou você adotou quando ele ainda era um filhotinho fofinho e criou amor por ele.
Não duvido. Não mesmo. Acredito no seu amor genuíno pelo seu animal. Só me pergunto se você ama os ANIMAIS, como gosta de dizer, ou se ama o SEU ANIMAL.
Existe uma grande diferença aí.
E tenho cruzado essa linha tênue muitas vezes na minha vida. De novo e de novo e de novo. A partir do momento em que eu amei meu primeiro irmão menor, alguma coisa dentro de mim mudou e eu não sou mais capaz de ignorar.
O Floquinho foi uma dessas vezes. Ele estava lá, perambulando por uma rua cheia de carros apressados de gente que provavelmente tinha um cachorro em casa, ou um gato, ou um hamster, mas que não faziam a menor questão de olhar para aquele cachorro desnorteado no meio da rua.
“É só mais um cachorro”, tenho certeza que responderiam se eu tivesse perguntado.
Mas ele não era só mais um cachorro, pelo menos não pra mim.
Levei pra casa, cuidei e minha mãe se apaixonou por ele. Soube então que fui uma ponte entre duas almas que precisavam se encontrar, e minha missão pareceu ainda mais cumprida.
Floquinho já era velhinho, tinha artrite, artrose, uma pata quebrada que calcificou errada na rua e que o fazia mancar e sentir dores, ele já estava ficando cego e meio surdo, mas amou todos que passaram por ele da forma mais pura possível. Minha mãe, meu pai, meu irmão, 4 gatos, todo mundo. Era o cachorro mais amigável que já vi, e também muito feliz, apesar de tudo que já tinha passado. Nós fizemos de tudo para que ele tivesse uma velhice saudável. Castramos, fizemos acupuntura para amenizar as dores na perna, levamos pra viajar…Foi um cachorro feliz, pelo menos em uma parte da vida. Que tenho certeza absoluta que compensou a parte triste. Espero, do fundo do meu coração, que no momento em que partiu desse mundo, ele só tenha levado as memórias boas que teve com a gente, e que a parte do descaso e do abandono que sofreu tenha sido apagada pra sempre.
Ele merece, foi um cachorro sensacional. Não foi só mais “um cachorro”, foi “O cachorro”, e sabem por que?
Porque demos a oportunidade a ele de ser. E no fim, precisamos mais dele do que ele de nós. E ficamos aqui, com o coração partido, e muita gente pode não entender a intensidade disso tudo. Também não vou me preocupar em explicar.
Só quem sente, sente. Só que ama, ama.
Só quem já sentiu o amor de um cachorro sabe do que eu tô falando.
Até a próxima, Floquinho! Tenho certeza de que não vai demorar.
Vai em paz. Mas volta logo. Você sabe onde nos encontrar.

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