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O dia em que senti falta da minha ex-melhor amiga




Semana passada, enquanto passeava de boa pela cidade, decidi entrei em uma loja de jóias qualquer a fim de comprar brincos para os meus 3 furos na orelha que estão a ponto de tapar pelo desuso causado pela minha negligência e talento pra perder brincos, tarrachas, anéis e memória necessária para comprá-los de volta. A primeira pessoa que tive contato naquele momento foi uma atende simpática (que muito me sorria, por sinal) e lá veio: "O que deseja?".

Pedi os brincos, essa era minha missão ali, afinal. Prateados como gosto, sem adornos de strass ou penduricalho, sem mimimi. Ok, mensagem recebida pela atendente. Até que, nesse momento de espera pelas minhas opções de produtos, foi proferida alguma palavra com a letra "R" no meio. Tal palavra não foi destinada nem a mim, mas o  a fonética do "R" me atingiu intimamente. Aquele "R" denunciou um sotaque que pude conhecer não ser daqui. Pude reconhecer: Era do Paraná.

Minha Melhor amiga é do Paraná. Ou melhor, minha ex-melhor amiga. 

Ela nasceu, cresceu, fez seu livrinho onde escrevia o nome dos muitos ficantes que teve durante a adolescência e perdeu a mãe por lá, no sul do país, antes de se mudar pra o interior de Pernambuco. Veio iludida pelas fotos de condomínios que surgiam no Google Imagens ao digitar o nome da minha cidade. Apesar disso, minha ex-melhor amiga sempre dizia agradecer a tal ilusão, pois assim ela aceitou se mudar e, consequentemente, teve a oportunidade de me conhecer.

A gente compartilhou um monte junto: Trabalhos da escola, tretas montadas pra colar nas provas, a minha primeira maquiagem aos 17 anos feita por ela, tatuagens iguais e mais um monte de sentimento. Foi a primeira a me aceitar como eu era e a me incentivar a ser melhor. Aquela que você sabe que no seu aniversário vai te dar o melhor presente, porque ela te conhece mais do que você mesma. Aquela que vai a um show  de qualquer coisa, mesmo que não a agrade, contanto que você seja a companhia da noite. Aquela que me mostrou um novo mundo, onde as pessoas podiam ser amigas e legais (e eu também podia ser!).

Apesar de agradecer imensamente por cada vez que chorei no ombro dela pelas muitas mortes do meu coração, aos 22 anos já não eramos mais as mesmas. Eu ainda carregava a minha personalidade difícil, de valores indecentes para o século XXI, facilmente magoável. Ela fez novos amigos, perdeu sua essência pelo caminho e, como esperado, facilmente me magoou. 

Faz cerca de cinco meses desde a frase: "Estou terminando com você". Dita por mim, confesso. E efetivada como permanente por mim também. Nunca tivemos um relacionamento amoroso, que fique claro, mas a nossa amizade era tão forte que julguei digno um ponto final. Nada de afastamentos conformados e de alívio mascarados com a desculpa de que a vida anda corrida, mas um encerramento de ciclo devidamente concluído, fechado, amarrado.

Esses dias, ao deparar com o sotaque da vendedora que era igualzinho ao dela, me deu saudade das garotas sonhadoras e esquisitas que eramos aos 16 anos, de compartilhar o lápis de olho azul que era relíquia naqueles anos e de todas as tardes de quarta-feira em que, mesmo estando de dieta, eu roubava os biscoitos de morango dela. 

Saudades bateram, Pri. Mas, infelizmente, a gente não vai voltar.


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